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Matérias / Dom Pedro I

As impressionantes aproximações faciais de Dom Pedro I e suas duas esposas

Complexo trabalho científico recriou esses importantes rostos da história brasileira

Ingredi Brunato Publicado em 08/03/2023, às 17h52 - Atualizado em 26/04/2023, às 17h57

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Retrato digital de Dom Pedro I - Divulgação/ Rodrigo Avila/ Valdirene Ambiel
Retrato digital de Dom Pedro I - Divulgação/ Rodrigo Avila/ Valdirene Ambiel

Em março, a USP aprovou uma tese de doutorado do curso de Medicina que apresentou aproximações faciais inéditas de Dom Pedro I e de suas duas esposas, as imperatrizes Leopoldina e Amélia, respectivamente. 

Os modelos virtuais foram baseados nos trabalhos da historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, que pesquisa a família imperial brasileira há mais de uma década.

São, assim, o resultado de uma grande quantidade de dados coletados a partir de análises forenses e odontológicas dos crânios, documentos históricos a respeito do estilo de vida dos indivíduos cujos rostos foram reconstruídos e muitos registros visuais. 

A aproximação facial é uma correlação minuciosa entre ossos e músculos (...) Primeiro de tudo, tem de se estudar muito a anatomia", explicou Ambiel, conforme divulgado pela Folha de São Paulo. 

Para ter o melhor entendimento possível da aparência de Dom Pedro I e suas imperatrizes, teriam sido reunidas diversas pinturas que os representavam, além de 96 litogravuras. Esse extenso acervo histórico, por sua vez, foi combinado com 20 mil imagens de tomografia computadorizada dos crânios imperiais. 

Com base nestas imagens e com o uso de técnicas forenses foi possível ver detalhes de identificação: sobrancelhas; cabelo e características de cartilagens, tais como orelhas, além do uso de informações históricas sobre características físicas, como cor de cabelos e olhos, cútis", diz o artigo científico. 

Vale destacar que as aproximações em 3D foram realizadas pelo artista digital Rodrigo Avila. Para tanto, ele se utilizou de três programas diferentes (Radiant, Maya e Zbrusch). 

O profissional foi responsável por usar as informações e critérios fornecidos pelo estudo para posicionar os músculos faciais de cada figura histórica sobre os modelos computadorizados de seus crânios, além de moldar seus tecidos cartilaginosos (como nariz e orelhas).  

Imagem da etapa de posicionamento dos músculos / Crédito: Divulgação/ Rodrigo Avila/ Valdirene Ambiel 

Retratos virtuais 

As três figuras históricas foram representadas com a aparência estimada que teriam um ano antes de suas próprias mortes, estando também vestidos com as roupas com os quais foram enterrados. 

A complexa tese de doutorado revela que o primeiro imperador do Brasil possuía desvio de septo para a esquerda, olhos 'caídos' com olheiras fundas, rosto alongado e boa higiene bucal, sem nenhum dente careado. 

Seu busto digital o representa aos 35 anos (ele faleceu um mês antes do aniversário de 36), com a barba e cabelo cortados da forma como o líder gostava de mantê-los em seus anos finais. 

Busto digital de Dom Pedro I / Crédito: Divulgação/ Rodrigo Avila/ Valdirene Ambiel 

A imperatriz Leopoldina, por sua vez, sofria de mordida cruzada — ou seja, sua arcada dentária inferior era mais protuberante que a superior, o que projetaria seu queixo para frente. Ela foi retratada aos 29. 

Já Amélia, a segunda esposa de Dom Pedro I, faleceu já aos 60 anos, sendo a única entre os três a ter alcançado a terceira idade. Seu exame odontológico mostrou que possuía apenas cinco dentes na época de sua morte. 

Haviam dados mais amplos a respeito desta imperatriz, dado que seus restos mortais eram os mais bem-preservados, contando até mesmo com a presença de cílios. Ela também viveu o suficiente para ser fotografada, que é um registro visual mais preciso que a pintura. As informações foram divulgadas pelo Jornal da USP. 

Bustos digitais de imperatriz Leopoldina e imperatriz Amélia, respectivamente / Crédito: Divulgação/ Rodrigo Avila/ Valdirene Ambiel 

O principal legado que eu espero que essa pesquisa traga é que as pessoas hoje, do século 21, possam olhar para esses personagens históricos do século 19 como seres humanos, que é o que eles realmente eram. Da mesma forma como nós temos a nossa vida hoje, eles tiverem a vida deles no passado", afirmou Valdirene Ambiel, ainda segundo o site da universidade.