Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Baphomet

Asas e cabeça de bode: Quem é Baphomet, criatura que viralizou em foto

Fotografado em muro de casa brasileira, a figura tem uma origem culturalmente curiosa e recente

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 22/03/2023, às 17h18 - Atualizado em 23/03/2023, às 18h21

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Montagem entre o Baphomet de Alvorada e ilustração da figura - Divulgação / Redes sociais / Wikimedia Commons
Montagem entre o Baphomet de Alvorada e ilustração da figura - Divulgação / Redes sociais / Wikimedia Commons

Nesta semana, uma figura para lá de curiosa chamou atenção de cidadãos na cidade de Alvorada, no Rio Grande do Sul, para tentar desvendar o significado da criatura reproduzida no muro de uma casa.

Inserida em destaque em uma redoma com material transparente, a escultura possibilita que transeuntes visualizem um corpo humano, com um dos braços levantados, enquanto outro repousa ao lado do corpo.

No entanto, possui asas, juntamente de uma cabeça semelhante a de um bode, contendo chifres longos. Com a reunião de características, a tal escultura vista em Alvorada é um Baphomet. Contudo, qual a origem e o significado deste figura?

Antes de compreender sua origem, há de se entender que pesquisadores confrontam as origens da figura, com registros na Índia, Grécia e Egito. Contudo, ela sempre esteve relacionada a deuses pagãos em diversas mitologias. O primeiro registro com o nome de Baphomet origina de uma obra do ocultismo no século 19, feita na França.

Imagem de Baphomet nos Estados Unidos / Crédito: Divulgação / YouTube / Vídeo

O livro em questão era "Dogma e ritual de alta Magia", escrito por Eliphas Levi, como informou o portal de notícias UOL. Reunindo um estudo de fatores sem explicação natural ou pela ciência, os relatos da figura na antiguidade ganharam popularidade no livro, sendo propagada pelo mundo nas décadas seguintes.

Ligações culturais

Associado ao satanismo, sua ilustração ganhou detalhes e ainda mais popularidade no início do século 21 como repercutido pela obra "História da Feiúra", escrito pelo italiano Umberto Eco em 2007. Cinco anos depois, em 2012, o mundialmente famoso Templo Satânico, nos Estados Unidos, também usou descrições de Eco como base para ilustrações.

Com tal feição, se tornou uma referência de magia, alquimia e bruxaria, sendo estes fatores considerados condenáveis pelo catolicismo, se tornando culturalmente contrário aos princípios cristãos, mesmo sem nenhuma relação direta. Além disso, na religião, os chifres também foram associados aos relatos e descrições das formas de satanás, descrevendo Baphomet como uma força maligna. Atualmente, a figura é alvo de intolerância religiosa.

No caso de Alvorada, a própria mãe de santo Michelly da Cigana, que presta consultas no endereço onde o Baphomet está exposto, explicou que o item está há quase dez anos em sua propriedade, mas só foi exposto há alguns meses.

[Faz] nove anos que eu fiz o meu assentamento de Belzebu, o Maioral. [A] cada ano, ele me surpreende. É uma força espiritual que veio para somar na minha vida, na minha trajetória. Me transformou para o bem. Está chegando a obrigação dele agora na Sexta-feira Santa. [Em] novembro passado, eu tive que colocar a estátua. Para agradecer, para proteger o nosso portão, da minha casa de religião". 

Segundo explicado por Ricardode Oxum, líder religioso de matriz africana, a figura do "Maioral", Saravá Exu Maioral, Baphomet ou Belzebu, age diante da intenção de quem busca por ele. Além disso, ele destacou as questões da intolerância religiosa em torno do tema.

"A religião de matriz africana, aqui no Rio Grande do Sul, tem muitas vertentes. Nós temos a Umbanda, dentro das sete linhas da Umbanda, nós temos a Quimbanda, religião que trabalha com os exus e pombagiras", explica pai Ricardo em vídeo repercutido pelo G1. "E dentro desses segmentos, nós temos o Maioral, que é conhecido como Baphomet, Belzebu. Então essa explanação de uma imagem aberta ao público é claro que, de alguma forma, fere os olhos de quem assiste, mas não é a imagem que faz o mal, não é a religião de matriz africana que faz o mal. Quem faz o mal é o coração e a cabeça do ser humano, independente da imagem. A maldade está no nosso coração, naquilo que a gente acredita. A religião e a tradição de matriz africana ela alimenta, cuida, zela e ampara".