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Matérias / Astrud Gilberto

Astrud Gilberto, a brasileira que chamou atenção do Grammy antes de Anitta

A cantora, que era mais conhecida no exterior que no Brasil, emprestou sua voz para a versão em inglês de "Garota de Ipanema"

Ingredi Brunato Publicado em 05/02/2023, às 10h00

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Montagem mostrando Anitta e Astrud Gilberto - Getty Images e Domínio Público
Montagem mostrando Anitta e Astrud Gilberto - Getty Images e Domínio Público

A edição de 2023 do Grammy Awards, uma das principais premiações do mundo da música, está prevista para ocorrer no próximo domingo, 5, à noite, e chama a atenção especial por parte do público brasileiro pelo fato de Anitta ter sido indicada à categoria de Melhor Artista Revelação. 

A cantora já tem cerca de 12 anos de carreira no Brasil, porém, em 2022, lançou seu álbum "Versions of Me", que traz faixas tanto em português quanto em inglês, e acabou tendo grande alcance internacional. Algumas das músicas de destaque, por exemplo, são justamente "Envolver" e "Boys Don't Cry". 

Assim, a indicação ao Grammy parece confirmar que a artista já bem-sucedida em território nacional pode ter consolidado sua popularidade também entre ouvintes dos Estados Unidos. 

Antes de Anitta, por sua vez, houve outra brasileira que não apenas foi indicada, como levou um Grammy para casa: era Astrud Gilberto, a cantora de tom suave por trás da versão em inglês de "Garota de Ipanema", a genial canção composta por Tom Jobin

Por acaso 

Astrud em vídeo / Crédito: Divulgação/ Youtube

Uma curiosidade interessante é que, antes de emprestar sua voz para a faixa musical, Astrudnão era uma cantora profissional. Sua estreia no campo artístico ocorreu por acaso — devido à sua conexão com João Gilberto, seu primeiro marido. 

O violonista e compositor baiano por vezes trazia a parceira para assumir os vocais em suas apresentações, de forma que, quando fez uma gravação de "Garota de Ipanema" em colaboração com Stan Getz em 1964, mais uma vez chamou sua parceira. 

O jeito de cantar de Astrud Gilberto, que era caracterizado por uma suavidade e leveza surpreendentes (em sintonia, justamente, com o estilo de canto da Bossa Nova), logo conquistou o público gringo. Assim, a carreira consequente da artista baiana ajudou a popularizar o gênero musical brasileiro nos Estados Unidos, onde ela realizou apresentações. 

O ritmo da Bossa Nova, vale mencionar, não era tão incomum para os ouvidos estadunidenses, considerando que os músicos do gênero tinham o jazz, que surgiu na cidade norte-americana de Nova Orleans, como uma de suas influências.

Legado 

Fotografia de Astrud em apresentação de 1966 / Crédito: Domínio Público 

Assim, no Grammy de 1965, a versão de "Garota de Ipanema" cantada por Astrudganhou a categoria de "Gravação do Ano", uma conquista impressionante não apenas para os artistas vindos do Brasil, mas também para as mulheres do mundo da música — a baiana foi nada menos que a primeira cantora brasileira a ganhar o prêmio, que até então apenas teria sido entregue para homens.

A página oficial do Grammy registra outras indicações para Astrud: 'Best Vocal Performance', com 'Garota de Ipanema', 'Best New Artist Of 1964' e em 'Best Vocal Performance, Female' com o disco 'The Astrud Gilberto Album'.

Apesar de importância da brasileira, e também de uma extensa discografia composta por 19 álbuns, um ponto curioso é que ela acabou não se tornando tão famosa em sua terra natal.

Hoje aos 82 anos, Astrud Gilberto aposentou sua voz, mas felizmente ela continua eternizada não apenas pelas gravações de sua juventude, mas também pela nossa memória coletiva. Isso, pois "Garota de Ipanema" é a música mais tocada da história da humanidade (perdendo apenas para "Yesterday", dos Beatles), de forma que o timbre inesquecível de Astrud já passou pelos ouvidos e mentes de muitos ao longo das décadas.