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Matérias / Boate Kiss

Boate concorrente da Kiss também tinha a mesma espuma que acelerou a tragédia

A boate Ballare, assim como a Kiss, recebeu shows da Gurizada Fandangueira com artefatos pirotécnicos antes da tragédia

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 30/01/2023, às 18h43

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Montagem com a fachada da Ballare e da Kiss - Divulgação / Redes sociais / Foto por Leandro LV pelo Wikimedia Commons
Montagem com a fachada da Ballare e da Kiss - Divulgação / Redes sociais / Foto por Leandro LV pelo Wikimedia Commons

Entre a madrugada de 26 para 27 de janeiro de 2013, uma apresentação do conjunto musical Gurizada Fandangueira na Boate Kiss, situada no município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, era interrompida após o acionamento de um artefato pirotécnico pelo vocalista do conjunto, ascendendo chamas que resultaram em um dos mais fatais incêndios que o país já enfrentou.

O local, com problemas de aval e infraestrutura, não estava preparado para o uso de artefatos pirotécnicos em seu interior, com um deles tendo iniciado chamas na espuma de isolamento acústico do local e, em decorrência do calor e gás tóxico liberado pelo fogo, vitimou fatalmente 242 pessoas e ainda feriu mais 363, sendo a grande maioria desses formados por jovens universitários.

Durante o julgamento dos envolvidos, no entanto, um depoimento partindo de Nilvo José Dornelles, na época com 53 anos, chamou atenção de autoridades locais ao mostrar que, apesar da imprudência da casa de shows acelerar a tragédia fatal, o episódio poderia ter ocorrido ainda antes, com outro grupo de vítimas.

Nilvo era proprietário de outra casa noturna na cidade, a extinta Ballare, que concorria diretamente com a Kiss e trazia uma linha de atrações semelhantes. Contudo, ao adquirir a propriedade inteiramente montada, a mesma espuma que acelerou a disseminação das chamas estava instalada na estrutura.

Mesma situação

Em 7 de dezembro de 2021, ele se dispôs a testemunhar sobre a tragédia da concorrente no Tribunal do Júri de Porto Alegre, acrescentando que havia renovado o alvará dos Bombeiros dias antes do incêndio e que, assim que a tragédia ocorreu, removeu manualmente as espumas de sua propriedade para receber uma equipe de reportagem, acrescentando que sequer tinha noção de ser inflamável.

Eu omiti (que) tinha nos fundos, nas costas do palco, tinha essa lã, uma lã cor de areia, bege, no fundo apenas. Quero dizer, essa espuma. Eu omiti isso aí por muita pressão. (Me preocupava com) A opinião pública, as autoridades não me preocupavam. (...) Eu tinha renovado meu alvará com os bombeiros na quarta-feira anterior ao incêndio”, explicou.

O mais chocante foi a confissão de que, no sábado anterior à tragédia, o mesmo conjunto musical, Gurizada Fandangueira, se apresentou na Ballare e, naquele e em outras ocasiões anteriores, utilizaram fogos de artifício no ambiente fechado.

Todas as bandas usaram, e não foi só bandas, mas DJs, barmans, nunca fui consultado. Na primeira vez eu fiquei sabendo, se eu não disse nada contra, estou consentindo", concluiu.