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Matérias / Raël: O Profeta Alienígena

Clones, aliens e seita: Conheça a história por trás de 'Raël: O Profeta Alienígena'

Nova série documental da Netflix, 'Raël: O Profeta Alienígena' conta a história de Claude Vorilhon, fundador do culto "sensual" do Raëlismo; conheça!

Éric Moreira Publicado em 08/02/2024, às 18h00

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Claude Vorilhon, mais conhecido como Raël, tema de nova série documental da Netflix - Reprodução/Netflix
Claude Vorilhon, mais conhecido como Raël, tema de nova série documental da Netflix - Reprodução/Netflix

Desde a última quarta-feira, 7, aqueles que navegarem pelo catálogo podem se deparar com uma nova série documental que conta a história por trás de uma das figuras e um dos cultos mais controversos já visto: 'Raël: O Profeta Alienígena'.

Raël, no caso, é como é conhecido o francês Claude Vorilhon, líder do Movimento Raëlian, uma religião internacional de OVNIs, sensualidade e que diz até mesmo ter dominado a clonagem.

"Entrevistando seguidores, céticos e o próprio Raël, esta série documental mostra como uma religião inspirada em OVNIs se transformou em uma seita cheia de polêmicas", descreve a sinopse fornecida pela própria Netflix.

Em quatro episódios, 'Raël: O Profeta Alienígena' conta em detalhes não só como surgiu o Movimento Raëlian, como também recorda algumas das polêmicas em torno da figura de Raël e do histórico dessa seita que já existe há 50 anos. Confira a seguir todas as nuances dessa história:

Abdução alienígena

Conforme o The Independent, Claude Vorilhon nasceu em 1946 e foi criado na pequena cidade de Ambert, no centro da França. Durante a adolescência era um grande fã do cantor belga Jacques Brel, e, eventualmente, mudou-se para Paris para tentar uma carreira de cantor. Essa tentativa foi rapidamente esquecida, e posteriormente Vorilhon tornou-se jornalista. Porém, tudo mudaria na década de 1970.

Conforme já contou Claude Vorilhon diversas vezes ao longo de sua vida, era uma manhã de dezembro de 1973 quando, durante um passeio em uma extensão vulcânica das montanhas de sua terra natal, ele teria sido visitado por um alienígena que revelou que seus seguidores, os Elohim, seriam os criadores da vida humana na Terra. Além disso, em 1975, ele teria sido visitado novamente e, desta vez, levado para visitar o planeta deles.

Após esses dois "encontros", Vorilhon retornou à Terra com uma missão: espalhar a palavra dos Elohim pelo nosso planeta. A sua intenção era preparar a humanidade para o próximo retorno dos extra-terrestres. Assim que nasceu o Raëlismo.

Imagem de divulgação de 'Raël: O Profeta Alienígena' / Crédito: Divulgação/Netflix

Raëlismo

Em apenas duas décadas, o movimento de Raël chamou atenção das autoridades francesas, com sua tendência recorrente de perturbar a paz e pelas expectativas exorbitantes de apoio financeiro.

Porém, em 1995, a Assembleia Nacional Francesa investigou cultos que considerava "perigosos", entre eles, o Movimento Raëlian, pela sua retórica "antissocial" e algumas ideias de libertação sexual, mesmo entre jovens.

Na época, a Assembleia Nacional da França estimou que o movimento contava com um número aproximado de 20 mil, dos quais somente mil estariam na França.

Porém, em 2002 um artigo de um veículo francês estimou apenas 5 mil membros — enquanto o movimento alegava ter mais de 50 mil. Ao longo destes anos, Vorilhon deixou a França, viveu no Canadá e, então, estabeleceu-se no Japão.

Raël em participação no documentário 'Raël: O Profeta Alienígena' / Crédito: Divulgação/Netflix

Infiltrado

Em 2022, o jornalista francês Étienne Jacob, do veículo Le Figaro, participou de um seminário raeliano de uma semana, fingindo ser um recém-chegado interessado no movimento.

A princípio, ele relata, as pessoas eram bastante convidativas e ele se sentia até mesmo "mimado", no entanto, quando começou a fazer muitas perguntas, sentiu que isso incomodava. "Você deve colocar sua venda e é isso."

No caso, o próprio Vorilhon não esteve pessoalmente no seminário, aparecendo apenas por vídeo. Ele disse que não costuma aceitar doações financeiras, mas que estava abrindo uma exceção e daria às pessoas a oportunidade de contribuir, e "no momento as pessoas dizem: 'Bem, vou tirar minha carteira'", conta Jacob.

Vale dizer que até hoje Raël nega que recebe algum salário do movimento, mas conforme o próprio site dos raelianistas, "para garantir que o dinheiro do Movimento NÃO seja usado para pagar um salário a Rael, existe uma entidade separada chamada 'Fundação Raeliana', [sic] que apoia Raël financeiramente"

O dinheiro, conforme anunciado pelo próprio Vorilhon, destinava-se unicamente à construção de uma "embaixada" para dar as boas-vindas aos Elohim quando eles retornarem à Terra.

Cena de vídeo de Raël em 'Raël: O Profeta Alienígena' / Crédito: Divulgação/Netflix

Pregações e sexualização

Ainda conforme relatado por Jacob, o movimento também era extremamente negacionista sobre crises e más notícias globais. Varilhon negava as queimadas nas florestas, dizia que o vírus mpox — que estava em surto na época — "não existia", e que "se você parar de pensar, as coisas vão melhorar."

No entanto, o verdadeiro ponto central do Movimento Raëlian era uma ideia de libertação sexual. Varilhon ensinava em seu livro 'Sensual Meditation' ('Meditação Sensual', em português) como as pessoas poderiam, mediante uma combinação de meditação, massagem, beijos e carícias que compunham a "meditação sensual", atingir o chamado "orgasmo cósmico".

E isso, inclusive, é algo que, depois, esclareceu a Jacob a razão de os membros da seita serem "muito táteis". Ele conta que havia um homem que andava sempre nu no local, que havia o convidado a tirar fotos sensuais; além de uma mulher com o dobro de sua idade que se aproximou "muito rápida e intensamente", pois sentia uma "ligação muito especial" entre eles.

Porém, o mais grave se refere às várias alegações de que a organização permite, incentiva ou se alheia à sexualização de jovens. Em 1999, a Assembleia Nacional francesa escreveu em um novo conjunto de conclusões que "os raelianos defendem a iniciação sexual desde a mais tenra idade", e em 2006 dois ex-membros foram culpados de "corromper sistematicamente adolescentes".

"Na raiz de toda violência, há sempre pessoas sensualmente insatisfeitas. É por isso que devemos aprender a desfrutar de todos os nossos sentidos e ajudar todos os que nos rodeiam a descobrir a sua total sensualidade, começando pelas crianças. Não basta mostrar-lhes 'como funciona', como costuma fazer a educação sexual, mas devemos ensiná-los 'como usá-la' para obter e dar mais prazer. A educação sexual deveria ser substituída pela educação sensual", prega o movimento em uma passagem disponível no site.

Clonagem e fim do prazo

Não bastasse isso, no início dos anos 2000, o Movimento Raëlian chamou atenção internacionalmente, mas dessa vez por uma razão bastante diferente e inusitada. Raël dizia que o grupo havia dominado a clonagem humana, e havia produzido um "clone bebê" do profeta alienígena.

Raël testemunhando sobre alegações de clonagem humana em um subcomitê da Câmara dos Estados Unidos em março de 2001 / Crédito: Divulgação/Netflix

Recentemente, o Movimento Raëlian completou 50 anos de existência, e segue ativo, porém uma grande tensão se desenvolve entre seus membros. Isso porque desde a década de 1970, Vorilhon alega que os Elohim visitariam a Terra novamente até 2035, o que deve acontecer em apenas 11 anos.

Talvez Raël ainda esteja vivo quando o momento chegar, beirando seus 80 anos, mas caso contrário, também é dito há anos que o tal profeta já se adiantou para que o movimento não termine com sua morte.