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Matérias / União Soviética

36 anos do acidente nuclear de Chernobyl: Como a tragédia afetou a estabilidade da União Soviética

O acidente é visto por muitos como uma das falhas que ajudaria a acabar com o país

Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/12/2021, às 16h25 - Atualizado em 26/04/2022, às 09h00

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Foto tirada de um helicóptero meses após a explosão do reator da Usina V. I. Lenin - Ukrainian Society for Friendship and Cultural Relations with Foreign Countries
Foto tirada de um helicóptero meses após a explosão do reator da Usina V. I. Lenin - Ukrainian Society for Friendship and Cultural Relations with Foreign Countries

No dia 26 de abril de 1986 acontecia o maior acidente nuclear da história, que ficou popularmente conhecido como o acidente de Chernobyl. Tendo se dado dentro da Usina V. I. Lenin, em uma cidade chamada Pripyat, em Belarus, próxima à fronteira com a Ucrânia e a 20km de Chernobyl.

O acontecimento rapidamente foi acobertado pela União Soviética, que tentou de tudo para fazer com que a notícia não se espalhasse, mas não obteve sucesso.

Um dos principais motivos para a tentativa de deixar o acidente em esquecimento foi o fato de que Chernobyl foi fruto de uma falha humana.

Os operadores da usina haviam descumprido diversos itens dos protocolos de segurança ao operarem o reator 4 durante um teste de segurança, o que fez com que ele explodisse, e causasse um incêndio, que por sua vez jogou na atmosfera uma grande quantidade de material radioativo. 

A partir desse momento, houve diversas negligências por parte do governo soviético: cidades próximas não foram evacuadas com a rapidez necessária, pensava-se que o acidente não era tão grave, e a própria equipe de dentro de Chernobyl não foi capaz de admitir os próprios erros em primeiro momento. Além disso, as autoridades soviéticas só falaram do ocorrido na televisão 18 dias após o acontecimento.  

Segundo uma entrevista dada pelo historiador Serhii Plokhii para a BBC, os suecos foram os primeiros fora da União Soviética a descobrir que algo estava errado.

Eles estavam lidando com níveis de radiação que não havia explicação aparente, e logo depois foram seguidos por britânicos. Quando a comunidade internacional percebeu, em plena Guerra Fria, que algo estava errado, a União Soviética teve que dar explicações.

Mas isso não quer dizer que os dados divulgados pelo país naquela época eram reais: apesar do governo soviético ter dito que o acidente causou apenas 31 causalidades, o número verdadeiro pode chegar até 200 mil, número estimado pela ONG canadense Greenpeace. 

Mikhail Sergeyevich Gorbachev, o último líder político soviético, que liderava o país desde um ano antes do incidente, disse em 2006, durante o aniversário de 20 anos do ocorrido, que “O derretimento nuclear em Chernobyl foi talvez a causa real do colapso da União Soviética”, seja isso pelo custo econômico ou pela desconfiança crescente entre a população no governo, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deixaria de existir apenas cinco anos depois, em 1991.

E Gorbachev não é o único a enxergar o incidente como o estopim para a dissolução do país: Serhii Plokhii disse para a BBC que “A maneira como a União Soviética entrou em colapso não pode ser realmente entendida sem a história de Chernobyl.”

Adam Higginbotham, autor de um livro chamado Midnight in Chernobyl, ou Meia-noite em Chernobyl, que também foi entrevistado pela BBC, acrescenta, dando sua opinião sobre as ações do governante:

O acidente revelou que Gorbachev corrompeu o império que havia herdado”, disse.

Chernobyl mudou a forma como o país funcionava, e os 41 bilhões de dólares que foram investidos na recuperação do país na época não adiantaram muito. Gorbachev entraria para a história como o homem que trouxe a glasnost, ou “transparência” e a perestroika, ou “reestruturação”, para o país, em uma tentativa de acabar com a burocracia, mas o país deixa de existir ainda durante seu mandato, tendo enfraquecido pela falta de transparência  e estrutura antes e depois do acidente.