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Matérias / Fotografia

Como exploradores encontraram câmeras abandonadas na neve há 85 anos

Os equipamentos de fotografia foram deixados em temperaturas abaixo de zero, surpreendendo pela conservação

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 20/11/2022, às 18h00

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Câmera localizada na neve - Tyler Ravelle/Teton Gravity Research
Câmera localizada na neve - Tyler Ravelle/Teton Gravity Research

Em junho de 1937, o explorador Bradford Washburn partia para o topo do Monte Lucania, a terceira montanha mais alta do Canadá, ao lado do parceiro Robert Bates, tentando realizar um feito inédito; atravessar os 17.147 pés do local e ser os primeiros a subir no último pico ainda não escalado na América do Norte.

O clima, no entanto, não cooperou; além do corriqueiro clima frio, a aproximação na geleira Walsh foi dificultada pelo acúmulo de lama, impedindo inclusive a decolagem do avião de resgate, que os levou ao ponto de partida, mas não conseguia retornar ao local pelo mau tempo.

Dessa forma, o grupo teria de descer a pé, antes que as condições ficassem ainda mais insalubres para a sobrevivência. Sem noção de quanto tempo isso poderia ocorrer, optaram por deixar para trás uma série de equipamentos pesados que carregavam, como barracas, acessórios para montanhismo e, especialmente, três câmeras fotográficas.

Anos depois, a história sobre a arriscada subida foi relatada no livro "Escape from Lucania", que acabou sendo lida por Griffin Post, um aventureiro que, curioso sobre o paradeiro desses itens, decidiu investigar e localizar, geograficamente, onde os exploradores poderiam ter largado tais equipamentos. A pesquisa tomou rumos tão profissionais que, com o auxílio da Teton Gravity Research, tornou-se uma expedição em agosto de 2022.

Pesquisa e achado

No livro, existem dois registros fotográficos da época, tirados durante a visualização da área através do avião que protagonizou o problema de retorno. Foi com esse documento que equipe de pesquisa da Universidade de Ottawa, liderada pelo Dr. Luke Copland, realizou um mapeamento glacial para não apenas saber qual era o local, mas avaliar o quão longe os equipamentos se deslocaram ao longo de oito décadas com a movimentação do gelo e da lama.

Fotos que guiaram a equipe de pesquisa na expedição / Crédito: Tyler Ravelle/Teton Gravity Research

Tal processo de preparação para revisitar o possível local durou 18 meses, temendo apenas que alguém já tenha passado no local durante o período e recolhido os pertences. Para a felicidade da equipe, a expedição acabou valendo a pena, com o local acertado com exatidão.

Constatando, pela movimentação dos equipamentos , foi possível concluir que as ondas da geleira Walsh se movia em cerca de 1 quilômetro por ano, encontrando os itens envoltos de lona, como deixado 85 anos antes. As câmeras, incluindo uma câmera aérea Fairchild F-8 de Washburn, ainda contavam com filmes intactos dentro dos aparelhos.

A aérea, inclusive, foi a única que se despedaçou com o tempo, tendo a lente desprendida da máquina. Contudo, as duas restantes ainda estavam em perfeito estado, apenas acumulando ferrugem, sendo dos modelos DeVry "Lunchbox" e  Bell & Howell Eyemo 71A. Recolhidas pelos envolvidos, agora passam por um processo meticuloso de limpeza e recuperação para, talvez, revelar registros da tentativa.