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Matérias / Nise da Silveira

Como um gato salvou a entrevista de um jornalista com Nise da Silveira

Em entrevista ao site Aventuras na História, o jornalista Claudio Fragata revelou como o pulo de um gato levou a célebre psiquiatra brasileira a se abrir com ele

Ingredi Brunato Publicado em 24/02/2024, às 09h00 - Atualizado em 26/02/2024, às 19h13

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Montagem mostrando o jornalista Claudio Fragata e a psiquiatra Nise da Silveira - Divulgação/ Redes Sociais/ @claudiofragata e Divulgação/ Youtube/ Iara Simonetti Racy
Montagem mostrando o jornalista Claudio Fragata e a psiquiatra Nise da Silveira - Divulgação/ Redes Sociais/ @claudiofragata e Divulgação/ Youtube/ Iara Simonetti Racy

O jornalista e escritor premiado Claudio Fragata lançou o livro infanto-juvenil "O Pulo do Gato: Um encontro com Nise da Silveira", no qual retrata uma entrevista que fez com a médica reconhecida por sua contribuição à psiquiatria.

Reconhecida mundialmente, Nise (1905-1999) foi uma médica talentosa focada na área da psiquiatria. Seguidora dos pensamentos de Carl Jung, ela não apenas revolucionou a maneira como pacientes com doenças mentais eram tratados no Brasil, se tornando um ícone da luta antimanicomial, como também fez contribuições ao campo como um todo. 

Nise introduziu, por exemplo, a terapia com animais para pessoas com esquizofrenia, defendendo que o contato com cães e gatos poderia proporcionar benefícios para a saúde mental deles. Em sua vida pessoal, aliás, a psiquiatra também era apaixonada por animais de estimação, em particular os felinos.

Quando Fragata entrevistou a psiquiatra, tinha uma grande admiração pela figura, ela, entretanto, não confiava muito em jornalistas. Assim, a entrevista quase fracassou;

Felizmente, o dia foi salvo por um dos pets de Nise, permitindo que o autor conseguisse o material que hoje originou o livro. Em uma conversa com o Aventuras na História, Claudio Fragata explicou melhor o que aconteceu durante a entrevista.

O pulo do gato 

Capa do novo livro de Claudio Fragata / Crédito: Divulgação/ Elo Editora 

Conforme relatado pelo jornalista, ele viajou de São Paulo ao Rio de Janeiro a fim de entrevistar a psiquiatra famosa. Na véspera do dia em que lhe faria perguntas, porém, foi a uma festa que acontecia na Casa das Palmeiras, clínica de reabilitação carioca fundada por Nise

Durante a comemoração, Claudio teve seu primeiro contato com a cientista, resultando em um momento importante.

Fui à festa. Ela estava cercada de gente, afinal era a homenageada naquele dia. Eu esperei um pouco para me aproximar, me apresentei (...) Ela me olhou, e ela tinha um olhar que te atravessava, e falou 'Eu odeio jornalistas'. Foi, vamos dizer, um mau começo, né. Meu mundo caiu naquela hora. Eu esperava tudo, menos que ela falasse isso", afirmou ele. 

A médica acrescentou que o motivo para essa opinião negativa era que sentia que suas palavras eram manipuladas pelos repórteres. 

Fiquei imaginando que o dia seguinte seria um desastre, e quase foi", desabafou Fragata.

Ele foi ao apartamento de Nise da Silveira no dia seguinte, como combinado, e começou a fazer suas perguntas, mas apenas recebia respostas curtas, como "sim", "não" ou "não lembro".

A grande reviravolta veio quando um dos animais de estimação da psiquiatra — um gato batizado de "Carlinhos" em homenagem a Carl Jung — entrou no cômodo e pulou no colo do homem. Vendo que seu pet gostava do jornalista, Nise relaxou e passou a se abrir. 

Mudou tudo. Ela olhou para mim e falou 'Agora eu vou dar a entrevista que você quer, pois, o Carlinhos não se engana nunca, eu sei que posso confiar em você'. E daí em diante foi uma maravilha, ela falou pelos cotovelos", contou Claudio

É esse momento do pulo do gato que inspirou o nome da nova obra do autor. De forma curiosa, o título não só faz referência ao acontecimento, como tem um duplo significado que também se aplica à situação: 

O pulo do gato é quando a gente acerta ‘na mosca’ (outra expressão!) e tudo dá certo!", explica a psicanalista Katia Canton no prefácio do livro. 

Afeto

Um felino, assim, salvou a entrevista de Claudio Fragata com uma médica que usou animais de estimação para transformar as vidas dos pacientes psiquiátricos

Ela [Nise] acreditava que os animais eram seres muito afetivos, e que os pacientes estabeleciam uma relação afetiva na qual eles conseguiriam se apoiar. Ela levou cães e gatos para o hospital, para o desespero dos colegas. E começou uma luta, chegaram a dar veneno para os bichos", relatou o jornalista. 

Em sua entrevista ao Aventuras na História, Fragata destaca ainda o quanto os poderes terapêuticos não só do afeto, mas também da arte eram valorizados por Silveira. Na realidade, foram as forças propulsoras por trás das mudanças que ela trouxe à psiquiatria. Confira a conversa abaixo: