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Matérias / América

Camazotz, o Batman da cultura maia que existiu 2.500 anos antes da DC Comics

Com orelhas pontudas e uma máscara, o deus era ligado à morte e sacrifícios

André Nogueira Publicado em 24/08/2020, às 11h58

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O novo Batman da DC (à esqu.) - Camazotz em escultura (à dir.) - Divulgação - DC Comics / Divulgação - Christian Pacheco
O novo Batman da DC (à esqu.) - Camazotz em escultura (à dir.) - Divulgação - DC Comics / Divulgação - Christian Pacheco

No último sábado, 22, o universo geek recebeu o primeiro trailer de The Batman durante o evento online DC FanDome. Protagonizado por Robert Pattison, o trailer da nova versão do Homem-Morcego apresentou tons sombrios ao dar uma prévia da produção sobre o justiceiro, que tem um legado que atravessa séculos. 

Todavia, 2.500 anos antes da DC Comics sequer existir, as pessoas já cultuavam um homem vestindo uma cabeça de morcego, que vivia da noite, com orelhas pontudas e uma capa que formava asas. Entretanto, mais do que o ícone dos quadrinhos, esse era um deus ligado à morte e aos sacrifícios. Trata-se de Camazotz, o deus-morcego dos maias.

Seu nome significa morcego da morte, pois seus atributos remetem a características do mundo das sombras, da noite e da escuridão. Embora muito se pareça com o nosso homem-morcego, não há indícios de que os criadores do Batman teriam se inspirado na mitologia mexicana para criarem o álter ego de Bruce Wayne.

Estátua de Camazotz, de Honduras / Crédito: Reprodução

Camazotz era associado a um deus assassino. Nas poucas descrições conhecidas (representações em pedra, alguns códices maias e o livro Popol Vuh) ele é associado a uma criatura da noite, o mestre dos mistérios que ataca aqueles que invadem o submundo.

Seu culto remete a 200 a.C., provavelmente entre os zapotecas de Oaxaca, cuja cultura material já apresenta um deus híbrido entre homem e morcego e onde o animal já é associado à noite e ao ato sacrificial. Depois, a figura será apropriada pelo panteão quiche, comunidade maia guatemalteca, que aproximou Camazotz ao deus Zotzilaha Chamalcan, associado ao fogo.

Os templos para sua adoração, em formato de ferradura e apontados ao Oriente, possuíam altares feitos de ouro em que se cultuava o deus e seu poder de poder curar qualquer doença e cortar facilmente o fio da vida que nos conecta com nossas almas.

Uma das principais obras conhecidas dos maias, o Popol Vuh (uma narrativa mítica dos ciclos do tempo, permeada de mitologias, conselhos éticos e descrições da comunidade) descreve Camazotz e sua ligação com o mundo sóbrio das profundezas (o Xibalbá).

Nele, Camazotz é um nome associado aos monstros em forma de morcegos encontrados pelos gêmeos Hunahpú e Ixbalanque em sua travessia e julgamento no submundo.

Lá, os gêmeos são atacados por morcegos monstruosos acompanhados pela figura de um homem-morcego chamado Camazotz.

Máscara de roupa de C. Pacheco / Crédito: Reprodução

Em 2014, foi celebrado o 75º aniversário do herói da DC, o Batman. Um designer mexicano, Christian Pacheco, inspirado na confluência entre o mito maia e a figura do herói morcego, criou uma nova roupa ao herói que chamou a atenção nas redes sociais. Nela, Pacheco lembrou ao mundo que o nosso Batman não foi o primeiro Homem-Morcego do mundo, relembrando a todos o Camazotz mexicano e suas semelhanças com o herói.