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Matérias / Roma

Conheça o escravo que se tornou uma grande celebridade das corridas de biga

O cocheiro Flavius ​​Scorpus era um escravo, mas após milhares de vitórias em corridas alcançou fama e fortuna no Império

André Nogueira Publicado em 01/05/2019, às 13h00

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Cena de corrida em Ben-Hur - Divulgação
Cena de corrida em Ben-Hur - Divulgação

Em Roma, durante muito tempo, as corridas de carruagem (ou bigas) eram extremamente famosas e tinham grande apelo popular. Muitos, entre cidadãos e na plebe, gostavam de assistir às corridas nos coliseus ou nas ruas — o entretenimento era uma das principais atividades lúdicas entre romanos por séculos, inclusive pelo apelo que tinham os grandes e trágicos acidentes de bigas.

Na história desta atividade, um cocheiro se destacou por sua carreira meteórica entre os corredores de carruagem: o escravo Flavius ​​Scorpus, que, na época, era um equivalente às superestrelas do esporte de hoje em dia. Inicialmente um simples escravo de fora das províncias romanas, Flavius rapidamente ascendeu socialmente e, a partir dos sucessos nas corridas de biga, se tornou rico e famoso entre os romanos. Em sua carreira, Flavius chegou a vencer, consecutivamente, 2.000 corridas de carruagem.

Relevo romano representando corrida / Crédito: Museu do Vaticano

Flavius, dizem os romanistas, era piloto de biga desde muito cedo. Quando adolescente, corria com carruagens velhas fora dos domínios do Império. Quando Roma chegou à sua província e escravizou seu povo, Flavius rapidamente foi notado. Acabou no Circus Maximus como atração, aos 21 anos (ou seja, próximo a 85 d.C.). Em seus 10 anos de carreira, ele pode ter participado de mais de 6.000 corridas.

A vida de Flavius Scorpus era de constante perigo. As carruagens usadas nesses eventos eram desenvolvidas para gerar grande velocidade e maximizar o espetáculo, mas não presavam a segurança do condutor. Isso porque não se tratavam de bigas de guerra, como a dos egípcios, e a proteção e a robustez não eram prioridades. Eram carros que facilmente poderiam capotar ou rachar, o que gerava maior apelo ao espetáculo.

Os carros romanos também se diferiam das carruagens de guerra, pois eram muito mais fáceis de cair. Ao invés de trilhos na altura do peito e o controle de dois cavalos, as carruagens de corrida eram conduzidas por quatro cavalos (o que complicava a vida do cocheiro) e possuía trilhos na altura dos tornozelos, o que até protegia da peoira, mas dificultava o equilíbrio no interior da carruagem. Conduzir uma dessas era perigo de vida.

Mosaico ilustrando vitória de Scorpus / Crédito: Wikimedia commons

As corridas típicas do Circus Maximus colocavam 12 carruagens para competir (o que significam 48 cavalos brigando por liderança), se esperando que pelo menos algumas entrem em conflito e se destruam. Isso fazia parte da ludicidade dos eventos. Graças à quantidade absurda de cavalos na mesma linha de corrida, era comum — e esperado — que algumas carruagens capotassem e se tornassem obstáculos no circuito dos outros competidores. Entre os romanos, isso era apelidado de “naufrágio”.

Com suas grandes proezas e mais de 2.000 vitórias dentro do Circus Maximus, Flavius Scorpus se tornou um dos corredores mais ricos do Império. Especialistas no mundo dos espetáculos na vida romana tentam calcular a fortuna adquirida em ouro por Scorpus durante os 10 anos de carreira e hoje se estima que ele ganhou em vida o equivalente a 15 bilhões de dólares atuais.

Carruagem Romana real / Crédito: Reprodução

Flavius Scorpus provavelmente morreu em 95 d.C., durante uma corrida, possivelmente vítima de um desses “naufrágios” aos quais sobreviveu por muito tempo.