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Matérias / Dançando Para o Diabo

Dançando Para o Diabo: Veja a história por trás do documentário chocante da Netflix

Em Dançando Para o Diabo, novo documentário da Netflix, a história de ex-participantes de uma seita, composta por dançarinos, evidência esquema perigoso

Foto promocional do documentário 'Dançando para o Diabo' - Divulgação / Netflix
Foto promocional do documentário 'Dançando para o Diabo' - Divulgação / Netflix

As populares “dancinhas” em redes sociais são, de fato, muito famosas entre os jovens, graças ao acesso fácil às plataformas que a maioria da população mundial possui. Para uma música se tornar um sucesso, muitas vezes ela precisa ter uma dança contagiante que viralize nas redes, um sinal de fama garantida.

Mas não somente os cantores conquistam fama com esse alcance virtual, como novos "influencers" surgem desse nicho. Diversas pessoas ganham dinheiro ao compartilharem suas habilidades de danças — muitas vezes profissionais da área que encontram nas redes sociais um meio de conseguir patrocínios e mais visibilidade.

Imagem ilustrativa de dançarinos - Divulgação / Netflix

Entretanto, como em todos os setores, existem aqueles que enxergam oportunidade de utilizar as redes sociais para influenciar jovens negativamente. É exatamente sobre isso que se trata o novo documentário da Netflix, “Dancing for the Devil: The 7M Tik Tok Cult” ('Dançando para o Diabo: O Culto 7M TikTok’, em português).

A produção relata os bastidores de uma seita fundada por Robert Shinn, pastor e fundador da Igreja Shekinah, que também criou a agência 7M para cuidar das carreiras de seus seguidores mais fiéis. Confira a história a seguir!

A família Wilking

Miranda Wilking se formou no ensino médio em 2016 e passou a viver na Califórnia para seguir seu sonho de se tornar dançarina profissional. Um ano depois, Melanie, sua irmã, se juntou a ela. Com a ascensão do TikTok, o mundo da dança online explodiu, e Miranda e Melanie criaram sua própria marca, onde compartilhavam suas personalidades extremamente otimistas, faziam coreografias de dança, abriam produtos, entre outras atividades.

No ano de 2019, um famoso dançarino e influenciador conhecido como "BDash" (nome verdadeiro James Derrick) entrou em contato com as irmãs Wilking para discutir uma possível colaboração. Isso deu início a uma série de eventos que levaram Miranda e Melanie a conhecerem Robert Shinn.

Melanie e Miranda Wilking - Divulgação / Netflix

Após Miranda começar a namorar o dançarino, ambos passaram a frequentar um tipo de igreja que era liderada pelo empresário. Melanie também compareceu na primeira reunião, mas não se sentiu confortável e optou por não retornar. Por outro lado, a irmã e o namorado continuaram a frequentar o local, se tornando membros da Shekinah.

"Morrer para alguém"

A instituição era frequentada por um grupo exclusivo de dançarinos que tinham milhões de seguidores online e, ao enxergar isso, Shinn decidiu criar uma agência de talentos, intitulada 7M. Ele oferecia casa para os jovens, diversos contratos e parcerias com grandes marcas, carros luxuosos, tudo isso para promover “o nome de Deus”, e claro, encher seu bolso.

Porém, para ter acesso aos 'benefícios', o líder pedia uma alta porcentagem dos ganhos de seus influencers, contando aluguel, taxa do líder espiritual, do guia que os ajudava, a taxa da igreja prevista na doutrina do local e impostos.

Imagem ilustrativa de dançarina apresentada na produção da Netflix - Divulgação / Netflix

Um dos dançarinos exibidos no documentário, por exemplo, teve uma quantia livre de pouco mais de 4 mil dólares, proveniente de um contrato estimado em 102 mil.

Outra imposição do culto é que seus integrantes precisavam “morrer para suas vidas”, a fim de conseguir a purificação e garantir a entrada no paraíso. Segundo um áudio do próprio pastor, exibido pela Netflix, ele diz que “se você morrer para alguém, uma nova natureza nascerá”. Foi isso que aconteceu com Miranda.

Desespero 

A jovem, ao continuar no culto, se distanciou da família e abandonou todo o seu passado. Pessoas que passaram um tempo com a jovem em uma mansão da 7M relataram para o documentário que, muitas vezes, ela chorou de saudade dos familiares, mas não podia vê-los por sugestão de Robert.

Os pais relatam que tentaram se comunicar com a filha diversas vezes, entretanto, ela não respondia e os ignorava. A família, que acreditava que a jovem sofria de uma lavagem cerebral, fez uma live para falar sobre o caso e, a partir disso, atraíram outras vítimas com relatos similares. Juntos, alguns pais tentaram levar o caso para a polícia, contudo, a investigação sobre a empresa e Robert continua aberta.

Ela, em suas transmissões nas redes sociais, afirma que está bem e nega qualquer alegação sobre ter se envolvido com uma seita, apesar de ter cortado laços familiares — nem mesmo os convidando para seu casamento.

A produção exibe relatos de dançarinos que fizeram parte da agência/igreja de Shinn e que decidiram falar tudo o que viveram, principalmente após serem convencidos por duas irmãs, Melanie Lee e Priscylla Lee, que indicaram que a seita religiosa do empresário é mais antiga do que se pensa, já que elas ingressaram em uma antecessora da atual em outro país, no início dos anos 2000, que resultou até em abusos sexuais.

Há dois anos, a 7M informou, através de comunicado, que sua operação ocorria separada da igreja em questão. Além disso, Shinn optou por processar os ex-membros do culto. Ele disse que se tratavam de declarações falsas de culto e que sofreu ataques nas redes sociais.

Como resultado, as pessoas que se envolveram no culto processaram Shinn, a esposa e pessoas relacionadas aos negócios. Além de fraude, as denúncias também falam sobre fraude, tráfico de pessoas, trabalho forçado e até mesmo agressão sexual. Shinn, até o fechamento da reportagem, não foi acusado criminalmente, contudo, o caso será julgado no ano que vem.