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Matérias / Personagem

De execuções frias a própria morte: os crimes do Cabo Bruno

Nos anos 80, o policial matava por aluguel, principalmente na periferia paulistana

Redação Publicado em 25/06/2020, às 19h45

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O policial Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno - Wikimedia Commons
O policial Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno - Wikimedia Commons

Durante os anos 80, uma onda truculenta de mortes causadas pela Polícia Militar devastou a vida nas periferias da cidade de São Paulo. Na zona sul da capital, diversas execuções tomavam conta das favelas e comunidades. Diante dos episódios, uma investigação acabou revelando treze nomes, entre eles o cabo Bruno.

Bruno, que na verdade se chamava Florisvaldo de Oliveira, recebeu esse apelido ainda na infância, por conta de uma provocação que seus amigos e vizinhos faziam o comparando com um alcoólatra da cidade de Uchoa, onde cresceu.

Depois de um tempo, Florisvaldo percebeu que era lucrativo agir por conta própria —ele acreditava que era um suposto "justiceiro" —, assassinando pessoas em troca de dinheiro. Matando principalmente durante as suas folgas, a maior parte dos crimes ocorreu no bairro de Pedreira, próximo ao Jabaquara (região sul de São Paulo).

Executando suas vítimas com um grande número de balas, cada madrugada de 1982 que passava no bairro representava um defunto para a conta de Bruno. A cobertura da mídia ajudou a criar a imagem de que um assassino estava à solta pela cidade, o que era verdade.

As chacinas que promovia geralmente não tinham sobreviventes para desvendar a história, exceto uma vez, quando José Aparecido Benedito foi baleado, mas não chegou a morrer. Para ser poupado, se fingiu de morto e conseguiu escapar, sendo uma das testemunhas que reconheceram que Florisvaldo era, de fato, o autor de diversos assassinatos durante a investigação.

Estima-se que mais de 50 pessoas tenham morrido nas mãos do policial — que apesar da alcunha de cabo, era somente soldado — todavia, ele só confessou a autoria de 20. A segunda esposa do policial afirmou que o homem havia confessado a ela que “não fazia diferença” as confissões, e que muitos outros policiais estavam matando e se apresentando como Cabo Bruno para despistar a culpa.

Houve certa demora durante as investigações nas periferias paulistanas. Isso porque o grupo era protegido por membros de alto escalão. Porém, com o desenrolar da história, ficava cada vez mais difícil encobrir os atos crueis.

Prisão e liberdade

A primeira prisão se deu em setembro de 1983, quando fora acusado de mais de 20 assassinatos, mas tendo confessado somente um, que ocorreu em fevereiro de 82 na favela do Jardim Selma. O episódio havia sido denunciado pelo amigo de uma das vítimas que sobreviveu.

Cabo Bruno depois de ter sido preso /Crédito: Divulgação/Youtube

As investigações policiais concluíram que muitas das mortes realizadas pelo Cabo Bruno eram marcadas pelo preconceito. Ele acreditava que qualquer tatuagem no corpo de uma pessoa poderia indicar um “marginal”.

Ao todo, foram 12 os julgamentos até a prisão do ex-policial, que contou com a presença de diversas autoridades, era uma forma de exercer pressão sob o poder jurídico. As evidências, contudo, eram muitas e o rapaz estava, de fato, abusando de sua autoridade policial e se tornado um assassino. Como consequência, Florisvaldo foi condenado a 113 anos de prisão.

Durante seu período no cárcere, chegou a fugir três vezes. Depois da terceira foi levado para uma penitenciária de segurança máxima em Tremembé, no interior de São Paulo.

Em 2009, Cabo Bruno solicitou que seu regime fosse convertido para semiaberto e, depois de uma série de testes psicossociais, seu parecer foi favorável, tendo inclusive sua liberdade garantida em 2012.

Seu comportamento dentro da prisão, apesar das fugas, era exemplar. Na época, passou a atuar como pastor na capela ecumênica da penitenciária. No entanto, sua vida como homem livre não durou muito. Um mês depois de deixar a prisão foi morto a tiros por volta das onze e meia da noite.

Por mais que estivesse com parentes, ninguém ficou ferido, tendo dois homens encapuzados apenas atirado contra Florisvaldo, que ironicamente morreu de maneira parecida com a qual realizou parte de seus crimes: uma execução fria e rápida.


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