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Matérias / Neandertais

Dieta do Paleolítico: A curiosa maneira como os caçadores-coletores 'cozinhavam'

Estudo recente descobriu que a alimentação dos humanos primitivos era muito mais 'gourmet' do que imaginávamos

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/12/2022, às 16h36 - Atualizado às 16h37

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Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Freepik/ macrovector
Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Freepik/ macrovector

Uma pesquisa realizada por um grupo de pesquisadores britânicos e publicada pela revista científica Antiquity no último mês de novembro analisou vestígios de alimentos carbonizados datados do Paleolítico, chegando a conclusões interessantes a respeito da maneira como os neandertais e humanos primitivos preparavam sua comida. 

As evidências examinadas, cujo estudo foi possível graças ao uso de um potente microscópio eletrônico, foram encontradas em duas grutas diferentes: a Caverna Franchthi, localizada na Grécia, e a Caverna Shanidar, que fica no Iraque. 

Entrada da caverna de Shanidar / Crédito: Divulgação/ Joseph V/ Wikimedia Commons

A primeira amostra era constituída principalmente de grão moído, sendo possivelmente pão, mingau ou macarrão. Adicionalmente, continha diversas sementes trituradas de alimentos leguminosos. Os responsáveis pela receita teriam sido humanos que viveram na região entre 11.500 mil e 13 mil anos atrás. 

Já a segunda porção de alimentos carbonizados trazia leguminosas silvestres misturadas com sementes de grama selvagem, mostarda selvagem e pistache selvagem. Neste caso, os "chefs" que criaram o prato podem ter sido humanos que viveram há 40 mil anos, ou neandertais que habitaram o território há 70 mil. 

Refeições 'gourmet'

Imagem de comida carbonizada vista através de microscópio / Crédito: Divulgação/ Universidade de Cambridge 

Essas análises mostram que o cardápio das populações de hominídeos do passado é complexo, rico em sabores e inclui refeições com diversos ingredientes e etapas de preparação — os pratos carbonizados encontrados nas cavernas, por exemplo, trariam sementes com graus diferentes de trituração. 

Este grau de complexidade culinária nunca foi documentado antes pelos caçadores-coletores paleolíticos. Antes de nosso estudo, os primeiros restos de alimentos vegetais conhecidos no sudoeste da Ásia eram de um local de caçadores-coletores na Jordânia, datado de aproximadamente 14.400 anos atrás, relatado em 2018", explicou Ceren Kabukcu, cientistas envolvido no estudo que escreveu para o site The Conversation. 

Adicionalmente, as descobertas da análise sugerem que os humanos do Paleolítico apreciavam o gosto amargo. Isso, pois, em ambos os casos das amostras examinadas, havia a presença de leguminosas amargas, e, além disso, teria ocorrido por vezes a decisão por parte dos cozinheiros de remover apenas parcialmente as cascas das sementes. 

As cascas, vale destacar, são as principais contribuintes ao sabor forte dessas plantas — essa remoção parcial, portanto, e não total, indicaria que havia interesse em manter parte desse amargor no prato final. 

A pesquisa recente revela que nossos hábitos alimentares atuais não tão diferentes daqueles demonstrados por nossos antepassados: nas palavras de Kabukcu, "incrementar seu jantar é um hábito humano que remonta a pelo menos 70.000 anos". 

Longe de terem gostos simples, os primeiros hominídeos teriam um paladar requintado, com predileção por temperos fortes e sabores acentuados. 

+ Para conferir o artigo científico na íntegra, clique aqui;