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Matérias / Personagem

Doutor Morte: a máquina de eutanásia de Jack Kevorkian

Em defesa da eutanásia, o médico desenvolveu um equipamento que causou a morte de mais de 100 pessoas e o levou à prisão

Isabela Barreiros Publicado em 20/04/2020, às 15h42

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O médico patologista Jack Kevorkian - Wikimedia Commons
O médico patologista Jack Kevorkian - Wikimedia Commons

A eutanásia é um assunto tabu em diversas sociedades do mundo. No Brasil, por exemplo, tanto essa prática quanto o suicídio assistido — que difere da primeira porque, nesse caso, a própria pessoa causa a sua morte — são considerados crimes. Elas podem ser enquadradas, respectivamente, como homicídio simples ou qualificado, e, ainda, como crime de participação em suicídio.

Países como Holanda, Bélgica, Suíça e Alemanha permitem a prática. Nos Estados Unidos, ao menos cinco estados possuem legislações específicas sobre o assunto, como Oregon, Washington e Vermont. Montana e no Novo México já permitiram o procedimento. O primeiro estado citado, no entanto, pode ser considerado pioneiro no caso, visto que foi nele que Jack Kevorkian desenvolveu seus trabalhos.

Médico patologista nascido nos Estados Unidos, Kevorkian teve uma trajetória marcada por sua defesa pelo direito da eutanásia e do suicídio assistido. Foi com esse pensamento que, em junho de 1990, auxiliou sua primeira paciente, a professora Janet Adkins, de Portland, Oregon a tirar sua própria vida.

A mulher tinha 54 anos e sofria com Mal de Alzheimer. Decidida a terminar com sua vida, Adkins pediu ajuda ao médico, que começava a ficar famoso por sua prática — ilegal no estado na época.

Assim que o procedimento foi realizado, Kevorkian foi detido pela polícia local. Em apenas alguns dias, um juiz indiciou o médico, mas o processo não foi levado à diante. É importante mencionar que viúvo e os filhos de Adkins não culparam o médico pela morte da professora. Eles afirmaram, no período do processo, que ele havia ajudado a mulher a realizar seu desejo final.

Crédito: Wikimedia Commons

Em dezembro daquele ano, ainda, as acusações de assassinato contra ele foram arquivadas. Depois disso, o patologista sentiu-se encorajado a continuar nessa luta.

Para ele, “não há nada novo a dizer sobre isso [a eutanásia]. É uma prática médica ética e legítima, como na era romana e na Grécia Antiga”. Foi com esse pensamento que Kevorkian desenvolveu o que chegou a ficar conhecido como “máquina da morte”, ou ainda, Tanatron, em referência à thanatos, em grego, traduzido em morte.

O equipamento continha uma válvula que, ao ser acionada pelos próprios pacientes, liberava medicamentos letais, consistidos em anestésicos, de relaxantes musculares e potássio. Esse procedimento possibilitava uma morte rápida e sem dor para quem desejasse terminar com a sua vida. O médico era apenas o idealizador do processo, não participando da morte em si.

Nos anos seguintes ao suicídio assistido de Janet Adkins, o patologista foi responsável por auxiliar mais 130 casos em diversos locais nos Estados Unidos. Por mais de oito anos, ele conseguiu escapar das autoridades, que geralmente não viam a prática com bons olhos. Mas, em 1999, já conhecido como Dr. Morte, o médico não conseguiu mais fugir da lei após realizar o procedimento de uma maneira diferente do que fazia.

Naquele ano, Kevorkian não apenas ajudou no suicídio de Thomas Youk: dessa vez, ele próprio aplicou agulhas e injetou medicamentos no paciente, o que caracterizava uma eutanásia ativa. Além disso, a cena foi gravada e exibida em um vídeo pela rede de televisão CBS.

Ele foi denunciado e preso por homicídio. Condenado a uma sentença de 10 anos a 25 por assassinato em segundo grau, cumpriu oito anos e meio no cárcere e obteve liberdade condicional por bom comportamento.

O Dr. Morte morreu no dia 3 junho de 2011, na cidade de Detroit, em Michigan, nos Estados Unidos. Aos 83 anos, o médico já estava internado no hospital devido a complicações no coração e nos rins. Seu advogado, Mayer Morganroth, afirmou que o óbito foi causado por uma trombose pulmonar.

No entanto, meses depois, em 28 de outubro daquele ano, uma decisão insólita foi tomada pela família de Kevorkian. A famosa máquina da morte, a Tanatron, foi colocada à leilão em Nova York, no Instituto de Tecnologia de Nova York, e segundo o G1, recebeu lances entre R$ 340 mil e R$ 520 mil.


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