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Matérias / Brasil

"Ele desafiou a ideia do ponto de vista neutro", diz biógrafa sobre Samuel Wainer

Em entrevista exclusiva à Aventuras na História, a escritora Karla Monteiro explica as inspirações e desafios ao escrever sobre o fundador do jornal Última Hora

Izabel Duva Rapoport // Texto web por Wallacy Ferrari Publicado em 14/02/2021, às 07h00

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Samuel Wainer durante viagem à Paris após a Segunda Guerra Mundial - Divulgação/Twitter/karlamonteiro05/04.09.2020
Samuel Wainer durante viagem à Paris após a Segunda Guerra Mundial - Divulgação/Twitter/karlamonteiro05/04.09.2020

Resgatar a história da imprensa é jogar luz sobre a própria história de um país e do mundo.

Ao narrar a trajetória do jornalista Samuel Wainer em ‘Samuel Wainer – O Homem Que Estava Lá’ (Companhia das Letras), a jornalista e escritora Karla Monteiro resgata, por meio da biografia do criador do jornal Última Hora, períodos importantes da História do Brasil.

Não ficam de fora momentos como a Revolução de 1930, a Era Vargas, os anos JK, o golpe de 1964 e a consequente ditadura militar. Confira abaixo trechos da entrevista concedida pela escritora a revista impressa Aventuras na História.

O projeto

Karla explicou que o primeiro interesse em buscar uma visão imparcial de Samuel partiu de uma conversa com seu neto, João, em meados de 2014, durante uma viagem a Bali, na Indonésia.

Na ocasião, o papo rendeu uma proposta do herdeiro, que passou a ser posta em prática após retornar para terrar tupiniquins.

“Quando comecei a pensar na biografia de Samuel Wainer, minha sensação era a de estar na base do Monte Everest, sem equipamento intelectual para subir até o topo. Aos poucos, e com muita persistência, fui encontrando o meu método de trabalho. Depois de concluída a gigantesca pesquisa, veio outro desafio: encontrar a minha voz nesta história, sem ser advogada de defesa ou de acusação do personagem”, explicou a autora.

Capa do livro "Samuel Wainer - O Homem que Estava Lá" / Crédito: Divulgação / Companhia das Letras

O tal ‘Everest’ pessoal a fez ir a fundo nas fontes. Chegou a obter acesso às gravações do jornalista usadas em sua biografia, sendo também elementos para entender sua presença de voz em grandes momentos da história brasileira: “Mergulhar na trajetória de Samuel Wainer me ajudou imensamente a compreender o Brasil, como as forças se organizam e desorganizam a nossa democracia”.

Força da imprensa

Averiguando jornais e revistas antigas, publicadas entre as décadas de 1930 e 1980, a escritora foi capaz de relatar os momentos em que o jornalista pôde edificar a imprensa como uma força política: “Ele atravessou golpes, tentativas de golpe, contragolpes, duas ditaduras, o Estado Novo e a ditadura militar, duas guerras mundiais e a Guerra Fria”, acrescentou.

Karla acrescentou que a imprensa não necessariamente fiscaliza o poder, mas disputa o mesmo, sendo responsável por acabar com a visão romântica da autora pelo jornalismo.

Um exemplo foi a relação de proximidade do objeto de estudo com três presidentes do Brasil — Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, deste último, sendo listado como conselheiro pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos em relatório.

Os apoios públicos a líderes políticos também auxiliaram na construção da democracia brasileira, possibilitando a existência de mais que uma verdade, descrita pela autora como um desafio ao “discurso único, a história única”.

“Ele desafiou a ideia do ponto de vista neutro. Samuel sempre reafirmou que jornal tem lado e ele assumia o seu. Ao contrário dos demais, escondidos atrás desta insustentável neutralidade”.

Contribuições históricas

Mesmo assim, a veia ideológica baseada na esquerda judaica não diminuiu as contribuições de Samuel para a imprensa brasileira, desde sua época como correspondente até a fundação do Última Hora, que foi o primeiro jornal a cores e com diagramação no país.

“Revolucionou também nos assuntos, estampando na capa, por exemplo, o futebol, conteúdo social, música popular. Muito importante também foi a inauguração de uma conversa direta com o leitor, com a primeira coluna Fala o Povo da imprensa. A lista de inovações é interminável”, disse Karla.


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