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Matérias / John Garand

A esquecida saga do homem que inventou o rifle M1, crucial para os EUA na Segunda Guerra

John Garand forneceu a tecnologia de guerra ao governo de seu país, porém nunca recebeu a compensação financeira prometida

Ingredi Brunato Publicado em 17/12/2022, às 19h00

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Fotografia de John Garand - Divulgação/ NPS/ Springfield Armory
Fotografia de John Garand - Divulgação/ NPS/ Springfield Armory

O rifle semiautomático M-1 era uma arma conhecida por todos os membros do exército dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Item essencial aos soldados, ela chegou a ser considerada "o maior implemento de batalha já inventado" pelo renomado general George Patton

Patenteado em 1934, o M-1 foi usado por mais de duas décadas para o combate de inimigos, sendo por vezes chamado de "The Garand" em homenagem ao seu inventor, John C. Garand.

Curiosamente, apesar de sua grande contribuição às Forças Armadas do país - e evidente reconhecimento por parte dos oficiais militares que a constituíam -, o brilhante engenheiro acabou recebendo um "calote" do governo que auxiliou. 

Isso, pois, quando o homem forneceu a tecnologia de guerra ao Estado norte-americano, foi prometido uma compensação financeira. Ele passou anos em uma batalha judicial para tentar obtê-la, mas nunca recebeu a bonificação. 

Aptidão mecânica

John Garand nasceu em 1888, no Canadá, e se mudou para os Estados Unidos com sua família quando tinha 11 anos.

Ele começou a trabalhar já aos 12 anos, então atuando em uma fábrica de tecidos. Esse teria sido seu primeiro contato com máquinas de manufatura, período em que se familiarizou com soldas, forjas e engenharia a vapor em geral. 

Desde sua juventude, ficou claro queGarand tinha um talento para a mecânica. Segundo o portal do National Park Service, órgão governamental norte-americano, o inventor do M-1 registrou suas primeiras duas patentes já aos 18 anos. 

Seus primeiros aparatos foram uma bobinadeira automática (utilizada na produção têxtil), e um macaco de rosca dupla, uma ferramenta que é usada até hoje. Após os projetos, ele foi capaz de conseguir um emprego na Brown & Sharpe Co., uma companhia que produzia ferramentas e máquinas para facilitar o processo industrial. 

Foi nesse ponto que Garand teve sua atenção chamada por artigos de jornal que descreviam os testes de metralhadoras repletos de falhas sendo realizados pelo Exército dos EUA.

Isso lhe deu a ideia de desenvolver tecnologias de guerra para o órgão, e, como os livros de História atuais confirmam, o homem se provou ótimo no ofício. Ele havia desenvolvido seus primeiros — e promissores — esboços para uma nova arma em 1918, ao que foi contratado para trabalhar como engenheiro para o Springfield Armory, marca pioneira no ramo da artilharia. 

Ele patenteou seu rifle automático, o M-1, em 1934. A tecnologia era capaz de fazer três vezes mais disparos que a espingarda mais avançada usada pelas Forças Armadas do país na época. 

Fotografias de John Garand com o M-1 / Crédito: Domínio Público

É importante destacar que o inventor recebeu diversas ofertas privadas por sua invenção bélica, mas decidiu doá-la para o governo dos Estados Unidos. A arma foi usada entre 1936 e 1957, quando foi substituída pelo M-14 — que foi também foi desenvolvido com a ajuda do Garand, aliás. 

Ele se aposentou em 1953, aos 65 anos, deixando uma carreira repleta de conquistas para o desenvolvimento de tecnologia militar para os Estados Unidos. O engenheiro acreditava, inclusive, que suas invenções nunca perderiam relevância, segundo revelado pelo mesmo em uma entrevista repercutida pelo New York Times: 

Teria que haver uma mudança radical na guerra para acabar com o fuzil. Mesmo com bombas atômicas, mísseis guiados, foguetes e tudo mais, soldados de infantaria com seus rifles serão necessários para varrer, ocupar e manter o território", afirmou o homem, que obteve cidadania estadunidense em 1920. 
Fotografia tirada em 1942, durante a Segunda Guerra, de soldado segurando M-1 / Crédito: Alfred T. Palmer/ Domínio Público

John Garand morreu em 1974, aos 86 anos, sem ter recebido uma demonstração financeira de gratidão do país que tanto dependeu de suas artilharias para lutar suas guerras.