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Matérias / Arqueologia

Estudo descobre que dieta mediterrânea de 9 mil anos atrás incluía peixes e frutos do mar

Os caçadores-coletores que habitavam o Mediterrâneo neste período comiam muito mais alimentos marinhos do que pensávamos

Ingredi Brunato Publicado em 01/03/2023, às 17h28

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Fotografia de alguns dos ossos analisados pelo estudo - Divulgação/ Universidade de York
Fotografia de alguns dos ossos analisados pelo estudo - Divulgação/ Universidade de York

Um artigo científico publicado pelo periódico "Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences" na última quarta-feira, 22, relata uma importante descoberta a respeito da dieta dos caçadores-coletores que viveram nas proximidades do Mar Mediterrâneo. 

O estudo, que foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de York, na Inglaterra, usou avançadas técnicas biomoleculares para analisar amostras de colágeno retiradas dos ossos de 11 humanos primitivos que viveram entre 8,5 mil e 9,5 mil anos atrás. 

Esses experimentos revelaram a presença de certos aminoácidos indicativos de uma alimentação com "quantidades consideráveis" de peixes de água salgada e mariscos, desafiando as noções anteriores que a arqueologia possuía a respeito dessas populações.

Alimentação marinha 

Conforme divulgado pelos autores da pesquisa através de um comunicado, a comunidade que habitava o Mediterrâneo no Período Mesolítico não era vista como tão dependente da pesca quanto aquelas situadas próximas ao Mar Báltico e Oceano Atlântico durante a mesma época. 

Isso, pois as águas mediterrâneas são conhecidas por sua "menor produtividade biológica" — ou seja, por uma quantidade reduzida de animais. A despeito disso, a pescaria é atualmente uma parte integral das atividades econômicas da região, e a descoberta recente mostra que essa prática local tem, na verdade, origens milenares. 

Nossas descobertas desafiam a visão tradicional dos caçadores-coletores pré-históricos mediterrâneos consumindo menos peixe do que seus equivalentes atlânticos. As evidências apresentadas mostram que a menor produtividade na bacia do Mediterrâneo não teve um grande impacto sobre os recursos colhidos", explicou a arqueóloga Maria Fontanals-Coll, que liderou a pesquisa. 
Fotografia de praia no Mediterrâneo / Crédito: Divulgação/ Pixabay/ thanasispp

Implicações 

A nova perspectiva do passado das populações mediterrâneas fornecida por essa análise científica é significativa à reconstrução da linha do tempo do local.

A extensão em que os humanos dependiam dos recursos costeiros no passado é fundamental para entender não apenas o desenvolvimento social e econômico de longo prazo, mas também para avaliar a saúde humana e o impacto que os humanos tiveram no meio ambiente", afirmou ainda Fontanals-Coll.

Outro fator importante é a maneira como essa pesca poderia ter se relacionado com a subsequente adoção da agricultura, que levaria ao processo de sedentarização desses caçadores-coletores. 

Vale mencionar que essa pesquisa é apenas uma entre várias a serem realizadas recentemente que usam a análise da composição química de tecidos ósseos para descobrir a alimentação de nossos antepassados, e como ela se relaciona com a nossa dieta atual — no caso do Mediterrâneo, por exemplo, os peixes marcam presença no cardápio não apenas nos dias atuais, mas também na Pré-História. 


+ Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.