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Matérias / Entretenimento

Exploração, abuso sexual e agressão: os infernais bastidores do clássico O Pássaro

Um dos trabalhos mais importantes do diretor Alfred Hitchcock teve um set de gravações marcado por problemas — muitos, por ele mesmo

Wallacy Ferrari Publicado em 29/08/2020, às 09h00

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Tippi Hedren na imagem de divulgação do filme - Wikimedia Commons
Tippi Hedren na imagem de divulgação do filme - Wikimedia Commons

O renomado diretor Alfred Hitchcock acumulou prêmios e homenagens pela forma que mudou a abordagem do cinema para apresentar suspense e drama. Uma de suas principais obras, no entanto, seria rodeada de suspense e drama durante o processo criativo. O Pássaro, lançado em 1963, seria premiado com o Globo de Ouro pela atuação da protagonista e indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais.

Sua filmagem contrastou com a recepção positiva, devido aos problemas — dos mais diversos — que surgiram no set de gravações, principalmente pela impulsividade e perfeccionismo do autor. Hitchcock selecionou a dedo a atriz Tippi Hedren após assistir a bonita jovem em um comercial de bebida dietética, mas não tinha a única intenção de desenvolver seu papel.

Contrato infernal

Além de um contrato abusivo de sete anos como detentor de seus direitos de imagem, o diretor instaurou jornadas de gravações que chegavam a 18 horas por dia, possibilitando apenas uma folga de tarde por semana. Pior que as rotinas exaustivas, somente as cenas que Tippi teve de gravar.

Tippi em ensaio fotográfico para a divulgação do filme 'O Pássaro' / Crédito: Wikimedia Commons

Perigo no set

Com diversas torturas psicológicas motivadas por membros da equipe sob orientação de Hitchcock, a jovem sofreu agressões verbais e físicas durante a rodagem. Em um ponto específico das cenas, os pássaros contratados seriam usados para o mal da atriz — tudo em nome do realismo que Hithcock buscava.

Por isso, enganou Tippi, afirmando que corvos mecânicos seriam usados para a cena, quando a mesma seria reproduzida com aves de verdade.

Os corvos, treinados para o filme pelo domador Ray Berwick com trigo e uísque, foram soltos em direção a atriz. Com bicadas por toda a cabeça, a atriz sofreu com ferimentos repletos de sangue no couro cabeludo, olhos e principalmente nas bochechas, ocasionando na interrupção das gravações após os cinco dias de tentativas do take perfeito — que só durou um minuto na edição final.

De acordo com a própria atriz em seu livro de memórias 'Tippi: A Memoir', os pássaros eram atirados com o comando de Hitchcock: “Foi brutal, feio e implacável. Cary Grant, um dos protagonistas favoritos de Hitch, estava visitando o set naquele dia e me disse entre as tomadas: “Você é a mulher mais corajosa que já vi”. Nunca fiquei com medo, só fiquei oprimido e em algum tipo de choque”.

Trecho do filme 'O Pássaro' com Hitchcock e Tippi manejando um corvo / Crédtio: Wikimedia Commons

Problemas com o diretor

Além das cenas arriscadas, sua relação com o diretor se desgastou ao longo dos anos de contrato. Hitchcock fazia questão, ao longo dos filmes que produziu, de externar que o passe da atriz era de seu mando, afirmando que era “seu dono”. Tippi, por sua vez, chegou a chamar o chefe de “porco-gordo” publicamente.

A obsessão do diretor, entretanto, ultrapassava os limites do profissional; em sua autobiografia, Tippi acrescentou que o mesmo a assediou com frequência, agindo gradativamente com violência: “Jamais revelei detalhes sobre isto e não o farei nunca. Simplesmente digo que ele me agarrou e colocou as mãos sobre mim".

O contrato se encerrou junto ao fim da década de 1960 e Tippi conseguiu estrelar outras produções, buscando menos exposição. De fato, o perfeccionismo do diretor fez o mesmo alcançar um patamar notório na produção audiovisual, mas dificilmente será vangloriado pela musa de uma de suas maiores obras.


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