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Matérias / Segunda Guerra

FAB: brasileiros voadores na Segunda Guerra

A Força Aérea Brasileira enviou duas unidades e mais de 400 homens para o front, incluindo pilotos que lançaram mais de 4.400 bombas sobre os alemães

Beto Gomes Publicado em 06/10/2019, às 10h00

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Força Aérea Brasileira - Crédito: Reprodução
Força Aérea Brasileira - Crédito: Reprodução

O fogo cerrado da bateria antiaérea alemã atingiu fulminante o caça do 2º tenente brasileiro Danilo Moura, durante uma missão para destruir uma ponte na região de Castelfranco.

Sem alternativa, ele saltou de paraquedas e caiu em linhas inimigas, iniciando uma jornada que duraria um mês até a base de Pisa, onde encontraria seus companheiros de divisão.

A pé, percorreu o território ocupado e contrariou todas as regras de fuga que havia aprendido durante o treinamento militar. Em vez de caminhar pelos campos e estradas vicinais, mais seguros para um fugitivo, atravessou o Vale do Pó pelas vias principais, tomadas pelos alemães.

Pediu cigarros ao inimigo, implorou por água em casas mais abastadas, escondeu-se por dias em montes de feno e, assim, conseguiu escapar. Quando chegou a Pisa, estava cerca de 20 quilos mais magro.

Passou fome, passou sede, estava todo esfarrapado. “A figura dele estava deplorável”, comentaria mais tarde um companheiro de divisão, o comandante Fernando Corrêa Rocha, em depoimento ao documentário Senta a Pua!

A história de Moura é apenas uma entre os diversos casos protagonizados pelos ex-combatentes da Força Aérea Brasileira (FAB) no teatro de operações da Segunda Guerra Mundial. Alguns não tiveram a mesma sorte do 2º tenente e não sobreviveram às batalhas que travaram nos céus da Itália.

Outros caíram em mãos inimigas e foram levados para campos de prisioneiros na Alemanha, morrendo ali mesmo ou sendo libertados pelas tropas aliadas meses depois. Até hoje anônimos no Brasil, eles fizeram parte do 1º Grupo de Aviação de Caça, uma esquadrilha formada por voluntários e treinada especialmente para lutar na Segunda Guerra.

Essa divisão foi criada em 18 de dezembro de 1943, mas somente em outubro do ano seguinte desembarcou no porto de Livorno, na Itália. Nesse intervalo, os voluntários passaram por um treinamento intensivo nos Estados Unidos e Panamá, onde aprenderam o que era, de fato, uma unidade tática de combate.

Republic P-47 Thunderbolt empregado pela FAB / Crédito: Wikimedia Commons

Tiveram aula de pilotagem e familiarizaram-se com os P-47 que usariam no front. “Fomos treinados para fazer a guerra total”, conta o veterano e brigadeiro Rui Moreira Lima, em Senta a Pua!.

As 445 missões ofensivas e 2.546 saídas individuais realizadas pelos brasileiros consistiram, basicamente, em reconhecer e bombardear posições em terra.

Eficiência no ar

O 1º Grupo de Caça era formado por mais de 400 homens, entre pilotos, técnicos e pessoal de manutenção. Quando chegaram à Itália, foram incorporados ao 350º Fighter Group dos Estados Unidos, uma unidade de elite norte-americana, instalada na base de Tarquinia.

A princípio, foram recebidos com certa desconfiança, mas logo se mostraram eficientes. Nos sete meses de combate na Europa, destruíram 12% dos alvos predeterminados, embora formassem apenas 6% do contingente total da base. A experiência de muitos deles no Correio Nacional contribuiu para esse desempenho.

“No Brasil, esses pilotos voavam sem mapa, sem rádio, de qualquer jeito”, comenta o brigadeiro Joel Miranda, um dos combatentes da FAB na Itália, no documentário Senta a Pua!. Mas as baixas também foram numerosas. Dos 49 pilotos enviados para lá, 27 voltaram ao Brasil.

Além do 1º Grupo de Caça, a FAB enviou para o front uma segunda unidade, batizada de ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação). Integrada à FEB, era formada por 30 pessoas e tinha a função de apoiar a artilharia do Exército brasileiro.

Um brasileiro no Dia D

Ele não lutou pela FEB, não foi voluntário da FAB, tampouco esteve no teatro de operações da Itália. Mesmo assim, engrossou o contingente brasileiro que combateu na Segunda Guerra Mundial e entrou para a história como um dos grandes ases do conflito.

Pierre Closterman tem nome e ascendência francesa, mas nasceu em Curitiba, em 1921. Piloto de caça experiente, acumulou 2 mil horas de vôo ao longo de centenas de combates e participou de missões importantes, incluindo o Dia D, onde foi o primeiro piloto aliado a aterrissar na França ocupada.

“Éramos como um peixe pequeno no meio do mar. A costa da Normandia era muito grande e os aviões passavam muito rápido, por toda a parte. Era difícil identificar quem era amigo e quem era inimigo”, conta Closterman no documentário produzido pelo músico João Barone.

Considerado o maior ás francês de todos os tempos, estima-se que ele tenha abatido entre 25 e 33 aviões inimigos durante os combates aéreos da Segunda Guerra. Suas histórias foram contadas em vida até recentemente. Ele morreu no dia 22 de março de 2006, aos 84 anos.