Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Giovanni Vigliotto

Giovanni Vigliotto: O sórdido golpista que se casou com 105 mulheres

Considerado o maior bígamo de todos os tempos, Giovanni Vigliotto casava e aplicava golpes em suas vítimas

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 30/04/2023, às 00h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Giovanni Vigliotto, o maior bígamo de todos os tempos - Reprodução
Giovanni Vigliotto, o maior bígamo de todos os tempos - Reprodução

"Se o resto dos homens nos Estados Unidos não trata as mulheres dessa maneira, sinto muito pelas mulheres deste país. Não é de admirar que tantas delas estivessem ansiosas para se casar comigo".

Considerado pelas mulheres como romântico e cortês, Giovanni Vigliotto usou essa frase para explicar como conseguiu se manter casado com 105 mulheres simultaneamente em sua vida. 

Pelo fato, Vigliotto conquistou um lugar no Guinness Book, o Livro dos Recordes. Mas engana-se quem pensa que o sujeito era o 'último dos românticos'. Tratava-se de um prolífico golpista. 

O golpe tá aí 

Embora a bigamia seja crime nos Estados Unidos, Giovanni Vigliotto não encontrou nenhuma dificuldade para se manter casado com 105 mulheres sem se divorciar. 

Entre 1949 e 1981, Vigliotto susteve uniões com mulheres em 27 estados norte-americanos e em outros 14 países. Para manter as paixões em seu peito, o sujeito não tinha dois corações, mas sim uma facilidade enorme para aplicar golpes e deixar as donzelas de coração partido. 

+ Virou documentário da Netflix: O homem acusado de enganar mulheres no Tinder

Primeiro, ele as pedia em casamento; depois, desaparecia sem deixar pistas. A única lembrança na vida das vítimas foi que aquele homem não só fugiu, mas levou quase tudo o que elas tinham. E não estamos apenas falando do 'coração'. 

Giovanni Vigliotto, o maior bígamo de todos os tempos/ Crédito: Reprodução

Embora seu modus operandi fosse simples, era muito eficaz: após Vigliotto cortejar seus alvos, ele se dizia ser um homem rico, mas que morava longe das amadas. Assim, as convencia de empacotar todos seus pertences para se juntarem a ele. 

No entanto, todos os bens reunidos eram levados pelo golpista em um caminhão de mudança. Giovanni desaparecia sem deixar rastros e vendia os itens furtados em um bazares de rua. Nesses locais, inclusive, encontrava outras vítimas em potencial. E assim continuava rodando pelos Estados Unidos. 

Segundo matéria da Revista Galileu, Giovanni Vigliotto usava identidades falsas para cada um dos casamentos. Por isso jamais foi identificado anteriormente. O próprio nome Giovanni Vigliotto era um desses pseudônimos — usado quando se relacionou com sua penúltima esposa, Sharon Clark; responsável por desmascará-lo. 

Além de Vigliotto, ele também já foi John Mendoza, John Briccione... Ao todo, aponta o Guinness Book, o golpista usou cerca de 50 pseudônimos. Mas no tribunal ele foi julgado como Frederick Jipp

Grades do coração

Os golpes chegaram ao fim após denúncia de Sharon Clark. Gerente de um bazar, a mulher foi a penúltima vítima do charlatão amoroso. Após perceber o que havia passado, decidiu procurá-lo por conta própria. 

Giovanni Vigliotto foi encontrado na Flórida, seis meses depois do casamento com Clark. A essa altura, ele já estava casado com Patrician Ann Gardiner. O golpista acabou sendo preso em 28 de dezembro de 1981. 

Detido no Arizona por doze meses, enquanto aguardava seu julgamento, Vigliotto acabou sendo procurado pelo repórter Tom Fitzpatrick, vencedor do Prêmio Pulitzer. Ao jornalista, confidenciou detalhes de sua vida. 

Primeiro, Giovanni se defendeu. Disse que em muitos casos ele nem sequer queria casar com suas vítimas. Segundo aponta, elas eram quem faziam os pedidos de casamento. A grande explicação é que ele era diferente dos outros homens, mais romântico e cortês. As conquistas eram inúmeras numa sociedade onde ninguém sabia amar de verdade. 

Seu julgamento ocorreu em janeiro de 1983, quando Giovanni Vigliotto (ou Frederick Jipp) tinha 45 anos. Como se sua trajetória por si só não fosse digna de um filme de cinema, todo o processo ainda se tornou um grande teatro. 

Jornal sobre julgamento de Giovanni Vigliotto/ Crédito: Reprodução

Pessoas chegavam o tribunal cerca de três horas antes só para garantir o melhor lugar nas sessões; sempre repletas de choro e momentos de fúria do réu — que, por fim, acabou listando seus pseudônimos e elaborou uma tabela com o nome de suas 105 esposas, seus respectivos endereços e até as datas em que a união foi oficializada. 

Patricia Gardiner, a última delas, se casou com o sujeito após um namoro de oito dias, sendo abandonada duas semanas depois. Ela perdeu 25 mil dólares em bens, além de mais 11 mil por vender sua casa abaixo do valor de mercado — visto que Vigliotto a convenceu a se mudar com ele para o Havaí. 

Sharon, a denunciante, se casou com o golpista em 13 de junho de 1981, sendo abandonada três semanas depois, quando morava no Canadá. Ela foi furtada em 49 mil dólares, entre mercadorias e antiguidades. 

Outra testemunha foi a moradora de Nova Jersey Joan Bacarella, que descreveu o golpista como dono de um olhar hipnótico. Ela revelou planejar se casar com ele, mas foi abandonada antes disso; não sem antes levar um prejuízo de 40 mil dólares. 

Em 28 de março de 1983, após 24 minutos de deliberação, Giovanni Vigliotto foi considerado culpado de todas as 34 acusações que enfrentou. Sua pena foi estabelecida em 34 anos de prisão — 28 por crimes de fraude e seis por bigamia —, além de multa de 336 mil dólares. 

Entretanto, Giovanni Vigliotto acabou cumprindo apenas oito anos da pena, visto que acabou falecendo na Prisão Estadual do Arizona, em 1991, aos 61 anos, em decorrência de uma hemorragia cerebral.