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Matérias / Buraco negro

Há 4 anos, a primeira imagem de um buraco negro era divulgada pela ciência

No ano de 2019, a humanidade foi capaz de visualizar o invisível ao fotografar um buraco negro pela primeira vez, um feito astronômico impressionante

Ingredi Brunato Publicado em 04/12/2023, às 15h46

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Fotografia do M87* - Divulgação/ EHT
Fotografia do M87* - Divulgação/ EHT

Em abril de 2019, uma equipe de cientistas de diversas partes do mundo formada por mais de 200 pessoas liberou a primeira imagem já feita de um buraco negro — que é uma região no espaço-tempo de massa tão densa que gera um campo gravitacional inescapável, assim progressivamente consumindo tudo em seus arredores. 

O buraco negro fotografado se chamava M87*, estando localizado no centro da galáxia elíptica Messier 87, a 55 milhões de anos-luz do planeta Terra. De dimensões gigantescas, o objeto astronômico tem massa equivalente a 6,5 milhões a do nosso Sol.

Imagem meramente ilustrativa de buraco negro / Crédito: Divulgação/ ESA/ Telescópio Hubble

Esforços hercúleos 

Sua imagem apenas foi montada graças a uma coleta de dados em escala global: telescópios localizados em vários lugares do planeta foram utilizados para observar a região espacial, funcionando, portanto, como se fossem um único supertelescópio do tamanho da Terra. 

Essa impressionante rede de telescópios — que conta com antenas situadas nos Estados Unidos, na Espanha, México, Chile e Antártica — foi batizada de Event Horizon Telescope (EHT). 

O esforço coletivo foi realizado em 2017, porém foi necessário dois anos até que os cientistas organizassem os cinco petabytes (unidade de memória equivalente a mil terabytes) de dados que haviam obtido em uma imagem coerente, que teve mais de um petabyte. 

Cinco petabytes são muitos dados. É equivalente a 5.000 anos de arquivos MP3 ou, de acordo com um estudo que li, a toda a coleção de selfies ao longo da vida de 40.000 pessoas", refletiu Dan Marrone, um dos pesquisadores que participou da iniciativa, conforme repercutiu o National Geographic. 

Além disso, foi preciso auxílio de um programa de inteligência artificial para que as lacunas entre os dados colhidos por um e outro telescópio fossem preenchidas. O resultado disso tudo, é claro, foi histórico. 

Foi a primeira vez que a humanidade finalmente pôde enxergar algo cuja existência até então apenas podia ser detectada devido aos efeitos bizarros provocados por sua presença em uma determinada zona do espaço.  

Horizonte de eventos 

Vale destacar aqui que buracos negros em si são invisíveis. O disco de brilho alaranjado que pode ser visualizado na foto, por sua vez, é uma mistura de gás e poeira que orbitam o M87* na velocidade da luz, emitindo luz por estarem superaquecidos. 

Esses elementos circulam o exterior do chamado "horizonte de eventos" do objeto astronômico. Já para além da linha imaginária do horizonte de eventos, nada mais escapa da gravidade exercida pela singularidade no centro do buraco negro, nem mesmo a luz. 

Fotografia de Sagittarius A*, o buraco negro no centro da Via Láctea, feita em 2022 pelo mesmo supertelescópio / Crédito: Divulgação/ EHT

O fato, aliás, traz confirmação visual às postulações da teoria da relatividade, desenvolvida pelo lendário físico Albert Einstein:

Nós medimos que [o horizonte de eventos] é extremamente circular. Ele se encaixa muito bem com as previsões da relatividade de Einstein", apontou José Luis Gómez, outro cientista envolvido no projeto, segundo repercutiu o El País.