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Matérias / Personagem

Carlos Hathcock, o atirador mortal da Guerra do Vietnã

Oficialmente, o sniper foi responsável pela morte de 93 pessoas; entretanto, ele acreditava ter executado pelo menos 400 inimigos

Fabio Previdelli Publicado em 30/04/2020, às 12h00

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Carlos Hathcock em uma de suas missões - Wikimedia Commons
Carlos Hathcock em uma de suas missões - Wikimedia Commons

Atiradores de elite são figuras que podem fazer grande diferença em um conflito. E muma guerra como a do Vietnã, elementos como eles podem se tornar cruciais. Foi nesse cenário que Carlos Hathcock se tornou uma lenda para os norte-americanos.

Hathcock nasceu em Little Rock, Arkansas, no dia 20 de maio de 1942. Desde muito cedo foi morar com sua avó, que o abrigou depois que seus pais se divorciaram. Foi nesse período também que ele aprendeu a atirar e caçar.

Embora essa atividade tenha começado com algo necessário para a alimentação de sua família. Hathcock tomou gosto pelo serviço — principalmente depois que seu pai lhe deu o rifle Mauser da Primeira Guerra Mundial — e sonhava em se alistar no exército.

Seu desejo enfim se realizou logo quando ele completou 17 anos, em 1959. Na ocasião, Carlos se alistou para entrar na equipe de fuzileiros navais dos Estados Unidos. A essa altura, o jovem rapaz já tinha uma técnica de tiro altamente apurada e suas habilidades pareciam melhorar cada vez mais com o tempo. Aos 23 anos ele ganhou a Copa de Wimbledon, o principal campeonato americano de tiro ao alvo.

O major Jim Land, que o ajudou a iniciar o programa Marine Scout Sniper, estava presente para testemunhar a vitória de Hathcock em Wimbledon. "O tiro é 90% mental. É a capacidade de controlar sua mente, seus batimentos cardíacos, sua respiração. Percebi pela primeira vez que Carlos era especial no campeonato. Havia milhares de pessoas assistindo, uma banda e câmeras de televisão, mas isso não parecia incomodá-lo.”, declarou na ocasião.

Apenas um ano após a vitória no campeonato, que aconteceu em 1966, Carlos foi enviado ao Vietnã.

Carlos Hathcock com seu irmão e avós, 1969 / Crédito: Arquivos do USMC

Histórias de Guerra 

Apesar de Hathcock ter começado a carreira como policial militar, não demorou muito até que ele se tornasse franco-atirador. Assim, foi transferido para o 1º Pelotão de Sniper da Divisão da Marinha, localizado na colina 55, ao sul de Da Nang.

Esse seria o começo de algo que ficaria marcado para sempre na história do atirador. Os feitos de Hathcock, e as missões de cinema durante os anos 60, renderiam a ele o título de atirador mortal da Guerra do Vietnã. Ele também ganhou o apelido de "Pena Branca" graças à pena branca em seu chapéu, que desafiava as tropas inimigas a localizá-lo.

Os assassinatos durante a Guerra do Vietnã tiveram que ser contabilizados por terceiros (além do próprio atirador e do observador do atirador). Oficialmente, Carlos Hathcock causou 93 mortes. Extraoficialmente e por suas próprias estimativas, ele acredita ter matado entre 300 e 400 inimigos.

Entre alguns de seus notáveis tiros, está o episódio em que ele acertou um atirador de elite inimigo depois que viu um pequeno reflexo de luz bater na mira da arma de seu oponente. Reconhecendo que o clarão vinha de uma arma, Hatckcock deu um tiro certeiro de 500 metros de distância e acertou entre os olhos do atirador rival.

Outra das mortes mais notórias de Hathcock foi a da atiradora de elite chamada “Apache”. Apache era conhecido por emboscar e torturar fuzileiros navais.

Por semanas, os franco-atiradores saíam todas as manhãs em busca dela. Então, no final de uma tarde de 1966, Jim Land viu uma mulher que combinava com a descrição da atiradora que viajava com uma pequena montaria entre um grupo de homens.

Land percebeu que ela cavalgava com um rifle perto de seu corpo. De imediato, ordenou que Hathcock a acertasse. Ele concluiu o trabalho com maestria. Após o assassinato de Apache, o governo norte-vietnamita colocou uma recompensa de US $ 30.000 na cabeça do atirador.

Após 13 meses, 85 mortes registradas, com medo da recompensa colocada para a captura de sua cabeça, e sendo enviado para completar uma "missão suicida" de um general vietcongue, Hathcock sucumbiu ao esgotamento. Ele foi dispensado em 1967 e voltou para sua família na Virgínia. Entretanto, o atirador sentia mais falta dos fuzileiros navais do que imaginava e se reinscreveu uma semana depois.

Em 1969, Hathcock foi enviado de volta ao Vietnã e assumiu o comando de um pelotão de franco-atiradores, embora essa sua segunda passagem ter sido muito mais curta que a primeira.

Carlos Hathcock em 1968 / Crédito: Archives Branch, Marine Corps History Division

Em 16 de setembro, Hatchcock e alguns fuzileiros estavam a bordo de um veículo militar que foi atingido por uma mina, que acabou pegando fogo. A explosão fez com que o atirador fosse arremessado e perdesse a consciência por alguns instantes. Ao despertar, ele conseguiu carregar sete fuzileiros para fora do veículo em chamas.

Sofrendo graves queimaduras de terceiro grau, Hathcock se viu obrigado a encerrar sua carreira como atirador. Por ter sido ferido em combate, ele foi premiado com o Coração Púrpuro.  

Carlos deixou o hospital em dezembro de 1969. Apesar de ter apenas 27 anos, ele mancava muito e pouco utilizava o braço direito. Ainda assim, foi autorizado a permanecer nos fuzileiros navais e ajudou a iniciar a Escola de Atiradores de Fuzileiros Navais em Quantico, na Virgínia. Infelizmente, por volta de 1975, sua saúde começou a se deteriorar e o sniper logo foi diagnosticado com esclerose múltipla. Seu enfraquecimento foi rápido.

Sofrendo fortes dores, começou a beber muitos depois que saia do trabalho. No meio de um treinamento em 1979, Hathcock entrou em colapso. Ele acordou na sala de emergência de um hospital e descobriu que estava perdendo o movimento nos dois braços e que não conseguia mexer o pé esquerdo.

Até este momento, Hathcock cumprira 19 anos, 10 meses e cinco dias de serviço militar, ficando apenas 55 dias de completar 20 anos de serviço ativo. 

Como estava em uma situação extremamente degradada, ele foi classificado como completamente incapacitado e forçado a se aposentar. Isso fez com que ele entrasse em um quadro de profunda depressão, se afastando se seus amigos e familiares, inclusive sua esposa, que quase o deixou.

Carlos Hathcock em 1959 e em 1996 / Crédito: Creative Commons

O atirador só conseguiu contornar esse quadro quando começou a se dedicar à pesca de tubarões. Ele também começou a fazer constantes visitas às instalações de treinamento dos atiradores em Quantico. Tanto os instrutores quanto os estudantes o receberam como uma figura ferozmente admirada.

Em 22 de fevereiro de 1999, Carlos Hathcock morreu devido as complicações da esclerose múltipla. Ele foi enterrado no Woodlawn Memorial Gardens, em Norfolk, Virgínia.


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