Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Personagem

Salamo Arouch, o prisioneiro que lutou pela própria vida em Auschwitz

O campeão de peso-médio ainda era invicto quando foi levado ao campo de concentração e obrigado a lutar com os prisioneiros para entreter os oficiais nazistas

André Nogueira Publicado em 27/01/2020, às 12h12

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O lutador Salamo Arouch em foto pessoal - Domínio Público
O lutador Salamo Arouch em foto pessoal - Domínio Público

Nascido em 1923, um dos mais interessantes sobreviventes do Holocausto nazista foi o boxeador grego Salamo Arouch, um judeu campeão peso-médio na Grécia em 1938 e nos Balcãs em 1939. Isso porque Arouch serviu de entretenimento para os nazistas no campo de Auschwitz, onde era colocado para lutar.

A primeira vitória de Arouch no boxe ocorreu aos 14 anos, num núcleo de jovens de um ginásio para judeus. Ficou conhecido com sua vitória no campeonato de pesos-médio para todos os Balcãs, saindo invicto com 24 vitórias e 24 nocautes. Ao mesmo tempo, integrou o Exército da Grécia.

Durante a Guerra, ele foi capturado por ser judeu, junto à família, pela Wehrmacht e transportado de trem para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, chegando lá em maio de 1943.

Salamo depois da guerra / Crédito: Wikimedia Commons

O comandante da ala em que ficava demonstrou interesse em lutadores recém-internados para entretenimento da equipe e, após testar as habilidades de Arouch, o colocou num circuito de lutas, que ocorriam duas ou três vezes por semana entre os prisioneiros habilitados.

Em Auschwitz, Arouch continuou invicto, tendo apenas duas lutas terminadas em empate, numa semana em que o boxeador se recuperava de uma disenteria. Como recompensa, recebia ração a mais e era elencado para trabalhos mais leves no campo, assim como os outros lutadores que dividiam o mesmo dormitório.

O grego lutou, no total, 208 rodadas, sendo que se manteve invicto. Normalmente, essas batalhas ocorriam até o nocaute de um dos lados, a não ser que os oficiais alemães perdessem o interesse antes.

Arouch foi o único de sua família a sair vivo de Auschwitz-Birkenau. Em 1945, durante as fugas na Polônia, ele foi transferido para Bergen-Belsen, trabalhando como escravo até a ocupação do campo e libertação dos prisioneiros pelos britânicos.

Em busca de sua família – já morta – por Bergen, reconheceu uma compatriota chamada Marta Yechiel, também de Thessaloniki, sua cidade natal. Junto a ela, emigrou para Tel Aviv, em Israel, onde se tronou administrador de uma empresa de transporte marítimo. Casaram-se no mesmo ano e constituíram família.

Arouch seguiu sua vida normal, ao mesmo tempo em que fazia discursos inspirados sobre o passado e continuou lutando boxe. Seu recorde invicto só foi quebrado em 1955, quando foi nocauteado pelo boxeador italiano Amleto Falcinelli. Morreu em 2009, em Tel Aviv.