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Matérias / Personagem

Ignorado pelos Medici: A desgraça de Maquiavel

Apesar de O Príncipe ser a sua mais famosa obra, o autor não conseguiu chamar atenção suficiente de quem precisava.

Caio Tortamano Publicado em 15/09/2020, às 19h14

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O diplomata italiano Nicolau Maquiavel - Wikimedia Commons
O diplomata italiano Nicolau Maquiavel - Wikimedia Commons

A família Medici foi, sem dúvidas, uma das mais poderosas na Itália do século 16, mandando e desmandando principalmente em Florença, um dos estados mais prósperos de toda a península. Porém, esse poder todo não era formado sem uso de força, especialmente contra os supostos 'inimigos' da família.

Um documento encontrado em 2013 pelo pesquisador britânico, Stephen Milner, mostra que em 1513, Nicolau Maquiavel havia sido acusado de conspirações contra o clã.  Por isso foi levado para prisão, mas não antes de ser torturado. Preso por cordas pelos braços, passou três semanas em uma masmorra, e depois de muito negar a sua participação em ataques contra os Medici, foi liberto.

"O documento marcou a desgraça de um dos escritores políticos mais influentes do mundo", afirmou à BBC. "O Príncipe foi escrito (no mesmo ano) na vã esperança de (Maquiavel) cair nas graças e obter emprego com os Medici - mas não há nenhuma prova de que eles sequer o tenham lido".

Queda

Porém, mesmo que fosse novamente um homem livre, essa ordem de prisão o tornou o maior inimigo público em Florença. Até então, Nicolau era um dos mais respeitados diplomatas da República de Florença, tendo até criado uma milícia para a cidade estado, não composta por mercenários, mas sim por civis — segundo Maquiavel, os mercenários não iriam dar a vida por sua terra natal, uma vez que suas únicas motivações eram o dinheiro, tornando cidadãos aliados muito mais confiáveis.

Esse exército, liderado pelo mesmo, foi derrotado pelos Medici, que tomaram Florença em 1512, um ano antes de terem acusado Maquiavel de conspiração. Isso comprometeu suas ações na época, já que era envolvido diretamente com o governo anterior, como secretário de guerra do então governante vitalício florentino, Piero Soderini.

O príncipe

Sem saber exatamente como chamar atenção da família e mostrar como seus serviços poderiam ser úteis, dedicou o ano que passou afastado da cidade escrevendo O Príncipe, simplesmente uma das mais importantes e conhecidas obras políticas de todos os tempos.

A obra foi baseada no estilo de governo que Nicolau observou enquanto trabalhava com os Borgia — outra família italiana que, assim como os Medici, não encontravam problemas quando não conseguiam resolver seus problemas de maneira amigável — e se dirigia para um novo príncipe, com ensinamentos úteis que poderiam ser de seu agrado.

Assim como os Borgia, esse chefe de estado deveria colocar a manutenção de seu poder acima de todas as outras normas, virtudes e moralidades. Algumas interpretações famosas da obra do diplomata tentaram resumir os ensinamentos com um dito que é extremamente popular hoje em dia: “Os fins justificam os meios”.

Com ela pronta, Nicolau decidiu dedicar seu mais novo guia político a Lorenzo II de Medici, então governante de Florença, mas não existe sequer registro de que o herdeiro — que, a julgar pelo histórico de sua família, já sabia e praticava tudo que estava escrito na obra — chegou a tocar no livro.

 Lorenzo II de Medici / Crédito: Wikimedia Commons

Anos finais

O ambicioso plano não deu certo. Exilado de Florença, Maquiavel estava já morando na sua propriedade agrícola, em Sant’Andrea in Percussina, próximo a San Casciano in Val di Pesa, uma comuna da região da Toscana, quando escreveu O Príncipe.

Essa região mais afastada foi propícia para que o homem, que já havia destinado e dedicado tantos anos de sua vida à política e a diplomacia, conseguisse escrever os seus tratados reunindo tudo aquilo que tinha praticado e aprendido durante sua carreira.

Casa onde Maquiavel viveu seu exílio / Crédito: Wikimedia Commons

Maquiavel cumpriu seu tempo de banimento da cidade que nasceu e cresceu, e chegou até a ser conselheiro dos Medici no poder, entretanto, não tinha sequer a influência de outros tempos. Frustrado por não ser importante na política, ingressou em outros campos intelectuais, e escreveu algumas peças que, ao contrário de seus tratados políticos, se tornaram populares enquanto ele ainda estava vivo.

Acabou levando a vida trocando correspondências com amigos ainda presentes na política que colecionou enquanto diplomata, e faleceu em 1527, quando tinha 58 anos de idade na pobreza. Maquiavel foi enterrado na Basílica de Santa Croce, em Florença. Seu legado, no entanto, é eterno.


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