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Matérias / Arqueologia

A notória pesquisa de Cambridge que revelou uma desigualdade social incomum na Idade Média

Em um estudo de 2021, pesquisadores perceberam que fazer parte das camadas mais pobres da sociedade inglesa trazia consequências drásticas

Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/02/2021, às 15h32 - Atualizado em 16/07/2021, às 11h00

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Esqueleto encontrado na Inglaterra - Divulgação/Universidade de Cambridge
Esqueleto encontrado na Inglaterra - Divulgação/Universidade de Cambridge

A desigualdade social podia ser vista de maneira concreta na Inglaterra da Idade Média. Mais que nas dificuldades enfrentadas no dia a dia da classe trabalhadora, essa diferença social ficava explícita nas consequências de uma jornada de trabalho longa e tortuosa.

Uma pesquisa feita pela Universidade de Cambridge, que foi publicada na revista científica American Journal of Physical Anthropology em janeiro deste ano, demonstrou exatamente isso. Os pesquisadores identificaram que o trabalho manual pesado dessa parcela da população resultou em “trauma esquelético”.

O principal sintoma da desigualdade social da época foi a presença de fraturas, quebras e ferimentos nos ossos, conforme explicado pela principal autora do estudo, a arqueóloga da Universidade de Cambridge Jenna Dittmar. As informações foram repercutidas pela BBC News.

“Trauma esquelético”

Crédito: Divulgação/Universidade de Cambridge

Para a realização da pesquisa, os especialistas coletaram e analisaram 314 esqueletos enterrados em três diferentes cemitérios na cidade de Cambridge, na Inglaterra, entre 1100 e 1530, período que pertenceu à Idade Média. Os restos mortais, que foram encontrados na região onde hoje é o centro histórico da cidade, estavam ao menos 25% completos.

Cambridge, na época, era uma cidade que contava com trabalhadores agrícolas, religiosos, artesãos e mercadores, principalmente. Essas pessoas, portanto, foram o principal objeto de estudo do artigo. 

Os esqueletos pertenciam a indivíduos que morreram com 12 anos ou mais, idade em que grande parte dos habitantes da região já começavam sua vida profissional. Dittmar explica que essas pessoas estavam submetidas a "longas horas de trabalho manual pesado", como os trabalhos de ferreiros e pedreiros, por exemplo.

Os pesquisadores concluíram que 44% das pessoas da classe trabalhadora, cujos esqueletos foram descobertos em um cemitério paroquial, apresentavam fraturas ósseas, sendo este o número mais alto. 

Em relação aos restos mortais encontrados em um cemitério próximo de um convento agostiniano, 32% dos enterrados demonstravam lesões graves. No local, foram enterrados membros da ordem religiosa e pessoas ricas, que geralmente faziam doações à instituição. 

A menor porcentagem foi identificada no cemitério do Hospital de St. John the Evangelista, onde 27% apresentavam trauma esquelético. Para a autora do estudo, isso foi surpreendente. Afinal, hospitais abrigam pessoas enfermas. 

Ainda assim, elas se machucavam menos que as pessoas das camadas mais pobres da sociedade inglesa em suas rotinas comuns. Concluiu-se, portanto, que os indivíduos estavam mais seguros dentro da instalação do que em suas horas de trabalho.

"Podemos ver que os trabalhadores comuns corriam um risco maior de ferimentos em comparação com os frades e seus benfeitores ou os internos de hospitais mais protegidos", explicou Dittmar.

Ferimentos específicos

Crédito: Divulgação/Universidade de Cambridge

No geral, os pesquisadores ainda perceberam que homens apresentavam mais ferimentos que mulheres: do total de ossos analisados, 40% dos esqueletos masculinos sofreram lesões, enquanto a porcentagem era de 26% para as mulheres. 

No entanto, durante a análise feita para a pesquisa, os arqueólogos também conseguiram identificar alguns casos específicos de trauma nos ossos. O esqueleto de uma mulher em particular chamou a atenção dos especialistas, que demonstrou marcas de uma possível violência doméstica.

Os restos mortais apresentavam mandíbula, costelas e pés quebrados. A maioria das vértebras tinha cicatrizado antes de a mulher morrer, o que pode indicar que ela manteve os ferimentos em segredo.

Outro indivíduo também intrigou os arqueólogos. Tratava-se do esqueleto de um frade, que apresentava os ossos da coxa quebrados. A hipótese é que ele pode ter sofrido um acidente de carroça, um tipo de acidente ao qual os médicos da época não estavam habituados, o que dificultava o tratamento.

Um último homem mostrava sinais de fratura nos braços e um traumatismo craniano. Para os pesquisadores, isso poderia significar que ele estava tentando se defender de um ataque. 

Leia a pesquisa completa aqui


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