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Matérias / Personagem

Incidente de Mayerling: o contraditório suicídio de Rodolfo, príncipe herdeiro da Áustria

Na manhã do dia 30 de janeiro de 1889, o monarca foi encontrado morto em seus aposentos, ao lado de sua amante, a baronesa Maria Vetsera

Pamela Malva Publicado em 01/02/2020, às 08h00

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Rodolfo, príncipe herdeiro do império austro-húngaro - Wikimedia Commons
Rodolfo, príncipe herdeiro do império austro-húngaro - Wikimedia Commons

Na manhã do dia 30 de janeiro de 1889, Loschek dava início à sua rotina no Imperial Pavilhão de Caça, em Mayerling, um município da Áustria. Ele era criado de Rodolfo, o príncipe herdeiro austríaco, e sua primeira tarefa do dia era simples: acordar o monarca.

Rodolfo tinha uma caçada marcada para aquele dia e Loschek deveria chamá-lo em seus aposentos. Quando chegou ao quarto do príncipe, o criado bateu na porta e esperou. Após algumas tentativas sem respostas, pediu ajuda do conde José Hoyos, companheiro de caça do herdeiro.

O arquiduque, no entanto, não respondeu a qualquer um dos chamados, deixando Loschek sem opções. O criado rapidamente derrubou as portas do aposento de Rodolfo com um machado, para encontrar o quarto completamente escuro.

Loschek e Hoyos ascenderam as luzes e encontraram Rodolfo sentado — em algumas versões, deitado — ao lado da cama, inclinado para frente, com sangue escorrendo pela boca. O criado ainda viu um copo na mesa de cabeceira, e imaginou que o monarca, de 30 anos, teria cometido suicídio ao ingerir veneno.

Rodolfo em 1889 e a baronesa Maria Vetsera, respectivamente / Crédito: Wikimedia Commons

Logo ao lado do cadáver de Rodolfo, o corpo de Maria Vetsera, de 17 anos, jazia sem vida, pálido, com uma bala na cabeça. Filha do barão Albin Vetsera, um diplomata na corte austríaca, a jovem baronesa era amante do príncipe herdeiro.

Assustado com a cena, Hoyos rapidamente saiu do pavilhão e embarcou em um trem para Viena. Ele deveria avisar o imperador Francisco José I da Áustria e a imperatriz Isabel, pais de Rodolfo, o quanto antes.

Uma vez no palácio dos governantes, Hoyos teve ajuda de Ferenczy, a dama de companhia preferida da imperatriz, e de Nopcsa, oficial-mor da casa real. Juntos, eles entregaram a terrível notícia à Isabel. Ela, por sua vez, conversou pessoalmente com o imperador.

Ambos ficaram devastados, afinal, Rodolfo era seu único filho. O chefe de polícia foi convocado e o corpo de Maria Vetsera foi enterrado, sem inquérito e em segredo — nem mesmo sua mãe teve permissão de participar da cerimônia.

Imperial Pavilhão de Caça, em Mayerling / Crédito: Wikimedia Commons

Suicídio

O episódio da morte de Rodolfo e de Maria ficou conhecido como Incidente de Mayerling e possui diversas versões e teorias. A primeira delas, mais óbvia, é a ideia de que o príncipe e a baronesa realizaram um pacto suicida, optando juntos pela morte.

Por muito tempo, a corte acreditou que Rodolfo teria, de fato, se envenenado após atirar em sua amada. A teoria, no entanto, caiu por terra quando a comissão médica da corte, chefiada pelo Dr. Widerhofer, estabeleceu a causa da morte do príncipe: aneurisma no coração.

Pouco depois, no entanto, a causa da morte foi contestada novamente, quando uma nova prova foi acrescentada à equação. Relatos sugeriam uma violenta discussão entre o arquiduque e o imperador. O motivo? A relação extraconjugal entre Rodolfo e Maria.

Rodolfo e sua esposa, Estefânia da Bélgica / Crédito: Wikimedia Commons

Segundo os boatos, Francisco teria exigido que seu filho terminasse tudo com a baronesa, se dedicando apenas à sua esposa, Estefânia da Bélgica — os dois haviam se casado em 1881, como parte de uma aliança política.

Assim, as mortes de Maria e Rodolfo teriam sido uma trágica decisão para fugir da separação. A ideia de que o príncipe era mentalmente desequilibrado também corroborou para a teoria do suicídio. Com isso, a polícia encerrou as investigações e o caso foi arquivado.

Rodolfo em seu caixão / Crédito: Wikimedia Commons

Teorias

Por muitos anos, diversas cortes pelo mundo todo criaram teorias para a morte do jovem casal. Zita de Bourbon-Parma, viúva do imperador Carlos I, por exemplo, acreditava que o suicídio não se passava de uma cortina de fumaça.

Na opinião dela, Rodolfo teria sido assassinado por motivos políticos, ligados a uma conspiração contra a aliança entre Áustria e Alemanha. Ao mesmo tempo, também se acreditava que o príncipe teria sido morto por agentes secretos austríacos ou alemães, devido ao seu posicionamento liberal, anti-alemão e simpático aos húngaros.

De qualquer forma, a morte de Rodolfo interferiu diretamente na história do século 19: o falecimento do príncipe interrompeu a linha sucessória do trono, já que ele era o único herdeiro do Império Austro-Húngaro. A sucessão, então, recaiu sobre seu tio, Carlos Luís, que renunciou e passou o trono para seu filho, Francisco Fernando.


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