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Matérias / Brasil

Inspirou 'Travessia': Família de mulher que foi linchada recebeu indenização?

Substituindo 'Pantanal' nesta segunda-feira, 10, a obra é inspirada em caso que chocou o Brasil

Wallacy Ferrari Publicado em 10/10/2022, às 15h36 - Atualizado em 13/10/2022, às 09h22

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Elenco de 'Travessia' - Divulgação / TV Globo
Elenco de 'Travessia' - Divulgação / TV Globo

A novela 'Travessia', prevista para substituir o remake de 'Pantanal' na faixa de novelas das 21h da TV Globo na noite desta segunda-feira, 10, já chama atenção antes mesmo de estrear; escrita por Glória Pires, o núcleo da protagonista Brisa, interpretada por Lucy Alves, é diretamente inspirado em um caso criminal que chocou o país em 2014.

Na trama, Brisa sofrerá com uma fake news inventada contra ela e que, ao longo da trama, ela tentará escapar das consequências do ato que ela sequer cometeu, repetindo a trajetória da dona de casa Fabiane Maria de Jesus. Há 8 anos, ela foi confundida com um retrato falado na cidade do Guarujá, litoral paulista.

A imagem ilustrava uma suposta sequestradora de crianças que submetia as vítimas a rituais de bruxaria. Somente o desenho foi suficiente para que populares emboscassem Fabiane, que nada tinha a ver com o relato, a linchando até a morte, em cenas registradas em imagens e vídeos e amplificadas por veículos de imprensa de todo o Brasil.

Retrato falado atribuído a Fabiane (à dir.) / Crédito: Divulgação / Polícia Civil

Em entrevista ao portal Gshow, Perez comentou que se chocou ao acompanhar o caso na época e faz questão de conscientizar, na trama, as consequências de uma fake news: "No caso da Fabiane, não tinha nenhuma sequestradora sendo procurada. Alguém mudou de graça um retrato, e ao chegar em uma praça, alguém reconheceu a mulher porque tinha visto aquela foto no Facebook”.

Consequências do ato

O espancamento é datado do dia 3 de maio de 2014, mas Fabiane, com 33 anos, faleceu dois dias depois, após seguidas tentativas de reanimação em um hospital local. Deixando o marido e dois filhos, a rede social Facebook chegou a ser processada por danos morais por familiares de Fabiane, devido à notícia falsa repercutida por seus usuários.

Contudo, no ano de 2020, a Justiça negou o pedido de indenização de R$ 36 milhões ao compreender que o site não era culpado pelo crime e sequer era obrigado a retirar a publicação do ar, compreendendo que o crime foi cometido na esfera física e não virtual, como reportou o jornal Folha de S. Paulo na época. A família de Fabiane perdeu em duas instâncias, mas seguem tentando a indenização. O caso segue para julgamento no STF.

Os envolvidos no espancamento, no entanto, foram identificados e julgados; cinco deles foram acusados de participação no crime, com Lucas Rogério Fabrício Lopes sendo condenado a 30 anos de prisão em outubro de 2016.

Os outros quatro envolvidos foram julgados em janeiro do ano seguinte, com três condenados a 40 anos de reclusão em regime fechado, sendo eles, Abel Vieira Batalha Júnior, Carlos Alex Oliveira de Jesus, e Jair Batista dos Santos, e por último, 26 anos de detenção para Valmir Dias Barbosa. Todos aparecem nas imagens desferindo golpes violentos contra a mulher.