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Matérias / Entretenimento

Irresponsabilidade e indenização ridícula: The Sword of Tipu Sultan, a novela que matou 62 pessoas

As circunstâncias que levaram à tragédia chegaram a ser discutidas pelo parlamento nacional — além de vitimar de atores a espectadores

Wallacy Ferrari Publicado em 12/09/2020, às 08h00

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Capa da produção em box de DVD - Wikimedia Commons
Capa da produção em box de DVD - Wikimedia Commons

Após uma carreira consolidada na indústria cinematográfica, o ator e diretor Sanjay Khan aproveitou a década de 1980 para focar seus trabalhos na televisão, de maneira que desenvolvesse as produções locais na Índia. Dessa maneira, propôs um ousado projeto; uma novela, com menos capítulos que o convencional — apenas 60 episódios — mas com uma produção digna de cinema.

Contando com grandes atores, profissionais com experiência em Hollywood e em cinematografia europeia, equipamentos de alto padrão e um roteiro que já era conhecido na literatura indiana, o projeto tinha tudo para atrair a audiência. Com a compra dos direitos de ‘The Sword of Tipu Sultan’, uma história baseada em fatos reais sobre um guerreiro do século 18, a produção homônima tinha tudo para dar certo.

O palco para os estúdios seria o gigantesco Premier Studio, na cidade de Mysore, que apesar de receber os principais filmes do país desde a década de 1930, havia sido construído em 1916, com poucas alterações na estrutura do edifício. Boa parte dos capítulos seria gravada externamente, mas cerca de 52 deles contariam com cenas no Premier.

Sanjay Khan no papel de Tipu Sultan durante as gravações / Crédito: Divulgação

Passo mais alto que a perna

Apesar de ser um local consagrado pelas artes audiovisuais no país, o sistema de fiação, além de antigo, passou por diversas gambiarras com extensões, réguas e estabilizadores, de maneira que todos os equipamentos de gravação e iluminação fossem instalados para a grande produção. Além disso, as altas temperaturas dos tubos de luz sem um sistema apropriado de ventilação ou condicionamento do ar prejudicavam a produção.

O estopim seria a indisponibilidade de equipamentos de combate ao incêndio, além da ausência de uma brigada de incêndio ou de treinamentos com protocolos de segurança. O diretor ignorou, visto que, há anos, diversas produções ocorreram no local sem maiores problemas. O fator que mudou essa história, no entanto, começou em 8 de fevereiro de 1989.

Durante uma das principais cenas da obra, repleta de truques de luz intensa e explosões, a equipe não se preocupou em adquirir materiais à prova de fogo. Acredita-se que um fogo iniciou em um curto circuito, se espalhando rapidamente. Como parte dos equipamentos bloqueavam a saída do edifício — visto que o local já tinha um armazenamento cheio — a equipe ficou presa nas chamas.

Saldo de uma fatalidade

A temperatura no local atingiu 120°C, tomando a estrutura. Boa parte da figuração e equipe de produção foi atingida, sofrendo ferimentos graves com as queimaduras. Outra parte conseguiu se deslocar, empurrando a cenografia e abrindo a estrutura para a saída. De acordo com a produtora, 42 membros faleceram com as chamas, porém, em números oficiais publicados por autoridades, 62 morreram e mais de cem pessoas ficaram gravemente feridas.

De acordo com o Indian Today, o protagonista e diretor Sanjay Khan também contabilizou o número de vítimas; sofreu queimaduras graves por 65% do corpo e teve de passar por 72 cirurgias, totalizando 13 meses no hospital. Em seu livro de memórias ‘The Best Mistakes Of My Life’, lançado em 2018, relatou os problemas decorrentes das queimaduras: “Meses depois, descobri que minha cabeça estava três vezes mais inchada e meu cabelo tinha se transformado em cachos redondos e apertados que grudavam no couro cabeludo preto queimado”.

Apesar da tragédia, a produção foi encurtada e os episódios foram adaptados sem as cenas que ainda faltavam. Sendo lançado em 1990, a produção foi premiada e teve bons índices de audiência. A investigação, mobilizada pelo parlamento indiano, foi encerrada em 1991 e apontou a produtora e o edifício como culpados, pagando 5 mil rupias indianas para sobreviventes e familiares de vítimas fatais.


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