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Matérias / Brasil

A superdosagem de remédio que deixou um homem vegetativo em Porto Alegre

O trágico caso de Alexandre de Moraes, que teve sua vida mudada após uma superdosagem, chocou o Brasil na última semana

Redação Publicado em 03/09/2022, às 19h00

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Fotografias de Alexandre Moraes antes e depois do acidente médico que o deixou vegetativo - Divulgação/ Arquivo Pessoal
Fotografias de Alexandre Moraes antes e depois do acidente médico que o deixou vegetativo - Divulgação/ Arquivo Pessoal

Em outubro de 2021, a vida de Alexandre Moraes de Lara e sua família foi mudada drasticamente após um engano hospitalar deixar o homem de 28 anos em estado vegetativo, isto é, sem conseguir falar ou interagir com o mundo ao seu redor. 

O paciente foi ao hospital Humaniza, localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, para tratar um problema cardíaco. Ele acabou recebendo, contudo, uma dose dez vezes maior do que aquela que era apropriada. 

A superdose fez com que o remédio, prescrito para o controle de batimentos cardíacos, provocasse uma parada cardiorrespiratória em Alexandre. De acordo com o laudo de um médico consultado posteriormente pela família do homem, seu quadro tem "grande potencial" de ser permanente. 

Na época, a parceira da vítima estava grávida de três meses. Hoje, Gabrielle Bressiani precisa lidar com a dor de criar sua bebê sem a presença do pai. 

Agora eu levo a Sara, filha dele, ali para vê-lo, mas ele não entende nada", contou ela, em lágrimas, durante uma entrevista ao g1. 
Fotografia de Alexandre de Moraes com Gabrielle Bressiane antes do acidente médico, e imagem atual com sua filha / Crédito: Divulgação/ Arquivo Pessoal

O erro

O erro que deixou o brasileiro em estado vegetativo ocorreu na farmácia do hospital Humaniza. O cardiologista que o havia atendido passou as quantidades corretas na receita, mas, por algum motivo, os números acabaram sendo registrados de forma incorreta no sistema.

Segundo informações repercutidas pelo g1, o paciente deveria ter recebido 600 miligramas do remédio prescrito, porém, em vez disso, acabou consumindo 6 mil miligramas, ou o equivalente a 20 comprimidos. 

A parceira do homem chegou a confirmar com o técnico de enfermagem presente se aquela quantidade estava correta, ao que ouviu que tudo já havia sido checado. Pouco depois de consumir o medicamento, todavia, Alexandre começou a passar mal. Era o início de sua parada cardiorrespiratória. 

Conforme explicado pelo tio da vítima, Luciano Pacheto Martins, houve também uma demora por parte dos profissionais de saúde para virem socorrer seu sobrinho, e, depois que a equipe chegou, parecia confusa. 

A médica não sabia orientar os enfermeiros ou técnicos do procedimento, se tinha que fazer intubação, se não tinha. O equipamento para respirar que eles foram utilizar estava faltando uma peça, então não deu para utilizar, ajudou a faltar oxigênio. O medicamento, que era adrenalina, que tinha que ser dado, não foi dado no tempo adequado", apontou ele, ainda segundo o veículo. 

Em uma entrevista divulgada pelo Metrópoles, Gabrielle revelou ainda que os deslizes dos funcionários não se limitaram ao episódio que deixou o pai de sua filha vegetativo.

Praticamente todos os dias eu tinha que brigar no hospital porque sempre faltavam materiais que ele precisava, erravam uma medicação ou demoravam a atendê-lo", afirmou. 

Assim, após meses de silêncio, a família de Alexandre, que havia aceito um contrato para não levar o caso a público, decidiu que a única maneira de obter justiça era revelando o pesadelo que viviam ao mundo. 

Tudo o que queremos é que os profissionais sejam responsabilizados, porque eles foram afastados do hospital, mas ainda não foram punidos pela lei, explicou Gabrielle

Ainda de acordo com o Metrópoles, a esposa do paciente quer que seus cuidados hospitalares, que possivelmente se estenderão para a vida toda, sejam cobertos pela instituição.

Além disso, ela pede uma pensão para Sarah como compensação pela ausência de sua figura paterna. "Claro que não existe valor que pague a perda dele, mas o mínimo é uma ajuda financeira", concluiu ela, enfatizando que queria que "a justiça seja feita". 

Atualmente, a situação está sendo investigada pela Polícia Civil de Porto Alegre. Em nota repercutida pelo G1, o Hospital Humaniza informou que o atendimento de Alexandre se deu numa gestão anterior da unidade. 

"O Hospital lamenta profundamente o ocorrido e vem prestando toda a assistência médica necessária e disponível para a melhoria do quadro clínico do paciente. Ao mesmo tempo, vem mantendo tratativas com os familiares para, também, proporcionar o máximo de assistência e acolhimento necessários", diz a nota.