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Matérias / Personagem

Neste dia, em 2012, o Talibã do Paquistão atentava contra a vida de Malala Yousafzai

Símbolo de ativismo pelos direitos humanos, a jovem estudante foi alvo do grupo radicalista

Fabio Previdelli Publicado em 09/10/2020, às 00h00 - Atualizado às 00h00

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A ativista paquistanesa Malala Yousafzai - Getty Images
A ativista paquistanesa Malala Yousafzai - Getty Images

Nos últimos meses, após o Talibã retomar o controle do Afeganistão 20 anos depois, uma das principais preocupações é o retrocesso no que se refere a conquista de direitos das mulheres que vivem sob a constante ameaça do grupo radicalista. Uma das principais figuras públicas que já falou sobre o tópico é a jovem ativista Malala

“Assistimos em completo choque enquanto o Talibã assume o controle do Afeganistão. Estou profundamente preocupada com mulheres, minorias e defensores dos direitos humanos", disse a ativista.

Um país conservador que vive sob um código patriarcal que oprime sistematicamente as mulheres. Essa é a visão que muitos tem do Paquistão, corroboradas, principalmente, pelos dados levantados em 2009 pela Human Rights Watch — que estimou que entre 70 e 90 por cento das mulheres e meninas que vivem no país sofrem algum tipo de abuso.

Malala em 16 de maio de 2020 / Crédito: Getty Images

"Poderes globais, regionais e locais devem pedir um cessar-fogo imediato, fornecer ajuda humanitária urgente e proteger refugiados e civis", finaliza ela.

A criação familiar

Foi nesse contexto extremamente hostil que a jovem Malala Yousafzai nasceu em 12 de julho de 1997, na região do vale do Swat, nordeste do Paquistão. Se bem que, é verdade, sua família era gestora de escolas na região e seu pai, Ziauddin Yousafzai, sempre fez questão de ir contra esse fundamentalismo religioso e proporcionar à filha todas as oportunidades que um homem teria — inclusive o acesso aos estudos.

Malala junto de seus pais / Crédito: Divulgação / Malala Fund

Malala tinha aquilo que muitas sonhavam, mas que poucas conseguiam: liberdade para viver seus sonhos. Porém, em 2008, quando tinha apenas 11 anos, o Talibã tomou controle da cidade onde ela vivia e, entre as diversas medidas implantadas pelo regime, proibiu que as garotas frequentassem a escola.

O início do ativismo

A partir daí, a luta de Malala começava. Resistente contra a medida, ela discursou contra o fechamento das escolas em um protesto em Peshawar. O título de seu diálogo foi: “Como o Talibã ousa tirar meu direito básico à educação?”.

Malala discurssando por seu direito de frequentar a escola / Crédito: Divulgação / Malala Fund

Posteriormente, passou a escrever sob o pseudônimo de Gui Makai para um blog da BBC, onde relatava o cotidiano de um estudante que vivia sob o regime Talibã. Com a repercussão, sua identidade foi revelada e a jovem paquistanesa passou a conceder entrevistas para diversos veículos televisivos.

O atentado que mudou tudo

Entretanto, essa história de luta contra a opressão ganhou um episódio duro, marcante e muito importante em sua jornada. Em 9 de outubro de 2012, Malala voltava para casa em um ônibus escolar quando um homem usando máscara entrou no veículo e questionou: “Quem é Malala?”. Ao se identificar, a jovem foi atingida no lado esquerdo da cabeça por um tiro.

“Acordei 10 dias depois em um hospital em Birmingham, Inglaterra. Os médicos e enfermeiras me contaram sobre o ataque — e que pessoas ao redor do mundo estavam orando por minha recuperação”, diz ao contar sua história no site de sua Fundação.

Malala teve alta do hospital após meses de tratamento, em fevereiro de 2013. Em março, começou a estudar em uma escola para meninas na mesma cidade em que ficou hospitalizada. A partir daí continuou ainda mais forte em seu ativismo pelos direitos das mulheres.

Em abril, ela criou o Malala Fund, uma organização que visa arrecadar fundos para garantir que garotas do mundo todo tenham acesso à educação. No mesmo mês estampou a capa da revista Time como a pessoa mais influente do ano. No seu 16º aniversário discursou nas Nações Unidas — a data passou a ser chamada de ‘Malala Day’.

Discurso de Malala Yousafzai, em 2017 / Crédito: Getty Images

O seu engajamento pela inclusão das mulheres rendeu frutos. A paquistanesa ganhou diversos prêmios por sua luta e, em 2014, foi condecorada com o Nobel da Paz — junto com Kailash Satyrthi. Malala se tornara a mais jovem ganhadora do prêmio.

Em 2017, foi aceita pela Universidade de Oxford, onde ingressou no curso de Filosofia, Política e Economia. O diploma da jovem foi entregue no dia 19 de junho de 2020, em uma cerimônia realizada a distância devido a pandemia do novo coronavírus.

“Embora uma pandemia global tenha significado que passei meus últimos meses como estudante universitário na casa de meus pais, sou grata por ter completado minha educação. Depois de um tempo para relaxar, estou mais dedicada do que nunca à minha luta pelas meninas”, diz a jovem.
Malala sendo nomeada como Mensageira da Paz das Nações Unidas, em 2017 / Crédito: Getty Images

“Com mais de 130 milhões de meninas fora da escola hoje, há mais trabalho a ser feito. Espero que você se junte à minha luta pela educação e igualdade. Juntas, podemos criar um mundo onde todas as meninas podem aprender e liderar”.

Encontro com estudante brasileira

Em 2017, Malala anunciou o que chamou de Girl Power Trip. Sua ideia era conhecer o máximo de países possíveis para compreender os desafios da educação feminina em cada país. Como seria inviável conhecer o mundo inteiro, a Malala Fund iniciou a campanha Postcards to Malala, pedindo para estudantes do mundo inteiro enviarem cartas contando as histórias de seu país.

Coletiva de imprensa, em 2016 / Crédito: Getty Images

Em setembro do mesmo ano, Malala fez uma viagem ao México, onde participou de uma palestra que fez parte de sua agenda da passagem pela América Latina. Na ocasião, ela aproveitou para se encontrar com três estudantes mexicanas e outras duas meninas que haviam sido selecionadas pela sua Fundação: a colombiana Maria, na época com 23 anos, e a brasileira Luiza Moura, de 15.

“Meu encontro com a Malala aconteceu no México, no dia 1° de setembro de 2017. Nós fizemos uma aula de culinária juntas e aprendemos a cozinhar comidas mexicanas. Depois, eu, Malala e as meninas do México e da Colômbia almoçamos juntas e conversamos sobre as dificuldades que as meninas possuíam para estudar em cada um dos nossos países”, conta a Luiza em entrevista exclusiva ao site Aventuras na História.

O encontro principal durou pouco menos de duas horas, mas o tempo foi suficiente para realizar o sonho da jovem estudante.

A estudante Luiza Moura (esq.) durante seu encontro com Malala / Crédito: Divulgação / Malala Fund

“Até hoje não consigo acreditar direito em tudo que aconteceu. Ela me inspira desde que conheci sua história. Sempre acreditei na Educação como uma ferramenta transformadora. Também sempre acreditei que as mulheres devem ter os mesmos direitos que os homens. A Malala é a personificação dessas duas lutas que, pra mim, são fundamentais”.

Luiza conta que antes via Malala como uma figura intocável, inexistente, mas que depois do encontro mudou sua percepção em relação a paquistanesa.

“Depois percebi que ela é um ser humano. Que luta pelas mesmas causas que eu. E isso me deu muita força pra continuar”.

Questionada sobre como enxerga a situação da educação e das mulheres na sociedade atual, Luiza acredita que houve uma mudança, mas que ainda há muito em que melhorar.

“Acho que avançamos em diversos pontos. As mulheres foram fundamentais nas ocupações das escolas estaduais em 2013, por exemplo. Porém, ainda estamos longe do ideal. Hoje, estima-se que 31 milhões de garotas estão fora da escola. Este é um campo no qual ainda precisamos avançar”.

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