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Matérias / Morte cerebral

O homem que ameaçou médicos com uma arma para salvar a vida do filho

Em 2015, um pai desesperado dos EUA sacou um revólver quando os médicos tentaram desligar os aparelhos que mantinham seu filho vivo

Ingredi Brunato Publicado em 15/08/2023, às 17h11

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Fotografia de pai e filho no hospital - Divulgação/ George Pickering/ Arquivo Pessoal
Fotografia de pai e filho no hospital - Divulgação/ George Pickering/ Arquivo Pessoal

Quando a equipe médica do Centro Médico Regional de Tomball, uma cidade localizada no estado norte-americano do Texas, disse a George Pickering que desligaria as máquinas que mantinham seu filho vivo, ele decidiu apelar para uma medida extrema. 

Era então janeiro de 2015, e seu filho de 27 anos, que se chamava George Pickering III, sofreu um derrame. Segundo os profissionais do local, o paciente apresentava morte cerebral, de forma que não havia mais como salvá-lo.

Assim, o procedimento padrão seria desconectá-lo dos aparelhos de suporte à vida. O estabelecimento até mesmo contatou uma organização de doação de órgãos em conexão ao caso. 

Seu pai, no entanto, não concordava com a decisão. Ele acreditava que o jovem George ainda estava vivo, e, quando não conseguiu convencer os médicos, tomou uma atitude desesperada: sacou um revólver

Eles estavam se movendo muito rápido. O hospital, as enfermeiras, os médicos. "Eu sabia que se tivesse três ou quatro horas naquela noite saberia se George estava com morte cerebral (...) Naquele ponto, eu estava cego. Tudo o que eu sabia era que precisava ter esse tempo com George", explicou o norte-americano em entrevista à estação televisiva KPRC-TV, dos EUA na época. 

Ele apontou a arma para os presentes, ameaçando atirar em quem ousasse se aproximar de seu filho. "Eu vou matar todos vocês", teria gritado o homem ainda, conforme relatado por testemunhas do episódio e divulgado pelo The Washington Post em 2015. 

Um detalhe importante de se mencionar aqui é que a figura paterna estava alcoolizada desde mais cedo naquele dia, o que teria preocupado os profissionais de saúde. 

Situação extrema 

As autoridades foram notificadas da situação, e um time SWAT, isso é, de policiais especializados, foi chamado ao hospital para negociar com Pickering, que durante quatro horas se recusou a se render.

Ele fora desarmado por outro filho seu, todavia, mentiu que estava em posse de uma segunda arma, e então se trancou no quarto de hospital, mantendo as cortinas fechadas para que os policiais não soubessem que estava blefando. 

Durante todo o episódio, ele segurou a mão de seu filho, que, segundo relatado pelo homem, apertou seus dedos em três ou quatro ocasiões — uma evidência de que ainda tinha atividade cerebral. 

Pai e filho durante entrevista televisiva / Crédito: Divulgação/ Vídeo/ KPRC-TV

Eventualmente, os policiais presentes conseguiram abrir a cortina, e descobriram que Pickering estava desarmado. O homem então teria se rendido pacificamente. Ele foi indiciado por "assalto agravado com arma mortal", e acabou passando mais de dez meses detido antes das acusações serem retiradas. 

Final feliz 

Semanas após o incidente, os médicos que supervisionavam George III informaram a família Pickering que, na verdade, havia chance do paciente se recuperar do derrame — o que de fato aconteceu. 

Também em entrevista ao KPRC, o homem de 27 anos falou sobre o que pensava a respeito das ações de seu pai, que, no fim das contas, garantiram que ele passasse mais tempo conectado ao suporte de vida e tivesse a chance de reacordar. 

Houve uma lei violada, mas foi violada por todas as razões certas. Estou aqui agora por causa disso. Foi amor (...) O importante é que estou vivo e bem, meu pai está em casa e estamos juntos novamente", relatou.