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Matérias / Brasil

O que aconteceu com policial invadiu emissora de TV armado na década de 80?

Entrando ao vivo em programa para reivindicar melhores salários, o caso marcou a história da televisão brasileira

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 19/03/2023, às 12h00 - Atualizado em 07/04/2023, às 20h21

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Momento onde Silvio é acometido por coronel - Divulgação / Vídeo / YouTube
Momento onde Silvio é acometido por coronel - Divulgação / Vídeo / YouTube

Em 12 de maio de 1986, uma transmissão do programa esportivo 'Terceiro Tempo', na afiliada local da TV Cultura em Santa Catarina, se transformava em um dos episódios mais obscuros da história da televisão brasileira. Ao longo daquela edição, o debate esportivo rapidamente ganhava uma pauta policial após um agente de segurança invadir o estúdio ao vivo.

Tratava-se do policial militar Sílvio Vieira, que na época era soldado atuante em Florianópolis e, armado de um revólver calibre 38, atravessou as barreiras de segurança da emissora até chegar no cenário do programa, que tinha uma mesa com três jornalistas de esporte.

Ordenando que o programa não fosse tirado do ar com a invasão, o homem pediu um microfone e juntou-se ao apresentador para explicar o motivo de "sequestrar" o espaço na programação; sem reajuste salarial, o homem lamentava não conseguir pagar um empréstimo que fez para manter a casa e o sustento dos seis filhos.

Como forma de denunciar a remuneração baixa, ele se acalmou com os jornalistas, que o orientaram a se sentar e o serviram um café para explicar sua situação, mesmo com as ameaças de Silvio que poderia se matar ou que “gente ia morrer” caso a transmissão fosse cortada. A participação inesperada durou 32 minutos ininterruptos no ar.

O que aconteceu depois?

Após o protesto, um coronel invadiu o estúdio e iniciou uma negociação, aproveitando de um momento onde Silvio colocou a arma embaixo da bancada do programa. O superior apanhou o artefato e apontou um revólver para o soldado. Levado preso, foi algemado ainda no ar.

A medida resultou em sua expulsão da corporação, além de uma condenação a quatro anos de prisão. Sem emprego, as dívidas aumentaram, obrigando o homem a trabalhar como cortador de grama, vivendo em uma pequena kitnet, como encontrou o portal UOL ao entrevistá-lo no ano de 2019.

Consultando uma de suas filhas, ela apontou que, após o episódio, ele enfrentou problemas com álcool e drogas, acrescentando que desenvolveu problemas psicossomáticos devido às humilhações dentro e após a saída da corporação.

Eu invadi o estúdio para deixar as coisas mais claras. Para falar do salário e da situação que eu estava na época. Devia para várias pessoas e tinha dificuldade de sustentar minha família. Eu também era maltratado no quartel. Ser negro era um problema para muitos oficiais”, explicou Silvio ao portal.

Na mesma cidade onde atuou como militar, ele faleceu aos 74 anos, no primeiro dia de março de 2021. O homem sofreu uma parada cardiorrespiratória durante a madrugada e não conseguiu ter o quadro revertido ao ser levado por uma equipe de emergência.