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Matérias / Comunismo

O que foi o socialismo utópico?

Antes do socialismo científico de Karl Marx, os primeiros pensadores da ideologia pautavam uma sociedade ideal baseada na harmonia entre as classes, não no conflito inerente a elas

Redação Publicado em 03/02/2020, às 17h16 - Atualizado em 06/05/2022, às 06h00

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Lenin, Engels e Marx - Divulgação
Lenin, Engels e Marx - Divulgação

Os primeiros pensadores do socialismo surgiram ao longo do século 19. Naquele período, as consequências da Revolução Francesa ainda eram latentes e mostravam-se presentes tanto no imaginário social quanto nas teorias desenvolvidas. Por isso, muito do socialismo utópico, o início de tal doutrina, está relacionado ao iluminismo, que predominou durante o século anterior.

Foi Karl Marx quem classificou esses pensadores como “utópicos”. Mesmo que o socialismo científico — seguimento do socialismo depois do utópico — ainda mantivesse traços de utopia dentro de sua teoria, ele se diferencia e até mesmo contraria a concepção anterior. A ideologia conta com nomes como Saint-Simon, Fourier e Woen.

Como segue o racionalismo, a visão dos pensadores era inteiramente baseada em princípios racionais, e continha ainda conceitos como verdade absoluta, razão e justiça, como o esperado para o período. Friederich Engels, em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico, publicado pela primeira vez em um folheto da revista Revue Socialiste, em 1880, explica mais a fundo essas ideias, levando em consideração, principalmente, seu contexto histórico.

“Para todos eles, o socialismo é a expressão da verdade absoluta, da razão e da justiça, e é bastante revelá-lo para, graças à sua virtude, conquistar o mundo. E, como a verdade absoluta não está sujeita a condições de espaço e de tempo nem ao desenvolvimento histórico da humanidade, só o acaso pode decidir quando e onde essa descoberta se revelará”, escreve Engels.

Marx e Engels / Crédito; Wikimedia Commons

Para os socialistas utópicos, a luta de classes não era um aspecto primordial para se analisar a sociedade da época. A implantação de tal sistema se daria de forma gradual e pacifista, provavelmente devido à revelação de tal ideologia na mente das pessoas, como explicou Engels. O problema disso era mais o idealismo do que a própria utopia em si, ao acreditar que a dimensão do acaso poderia concretizar o ideal socialista.

Segundo o comunista prussiano: “Mas a velha concepção idealista da história, que ainda não havia sido removida, não conhecia lutas de classes baseadas em interesses materiais, nem conhecia interesses materiais de qualquer espécie; para ela a produção, bem como todas as relações econômicas, só existiam acessoriamente, como um elemento secundário dentro da ‘história cultural’".

O capitalismo não era em si, contrariado. A exploração à classe trabalhadora dava o chão às críticas, mas elas não conseguiam fugir a reformismos e poucas contribuições no sentido de erradicar as classes sociais. Nesse pensamento, todas elas conseguiriam viver em harmonia em uma sociedade “ideal” — a burguesia até mesmo abandonaria seus privilégios sem qualquer tipo de pressão.

Eles queriam, assim, resolver o “todo”, e não o problema do proletariado em si, que sofria com as consequências da industrialização da Europa. De acordo com Engels, “não se propõe emancipar primeiramente uma classe determinada, mas, de chofre, toda a humanidade”.

O contexto histórico da construção do próprio proletariado também faz com que a análise dos pensadores do socialismo utópico seja baseada em fatores vagos e quase imaginários.

“O proletariado, que apenas começava a destacar-se no seio das massas que nada possuem, como tronco de uma nova classe, totalmente incapaz ainda para desenvolver uma ação política própria, não representava mais que um estrato social oprimido, castigado, incapaz de valer-se por si mesmo. A ajuda, no melhor dos casos, tinha que vir de fora, do alto”, admite Engels.

O mesmo pode-se dizer sobre os filósofos utópicos: “suas teorias incipientes não fazem mais do que refletir o estado incipiente da produção capitalista (...). Pretendia-se tirar da cabeça a solução dos problemas sociais, latentes ainda nas condições econômicas pouco desenvolvidas da época. A sociedade não encerrava senão males, que a razão pensante era chamada a remediar”.

Os utópicos não pretendiam analisar as bases que sustentavam tal sistema capitalista: apenas observavam suas mazelas, que vinham como consequência. Eles não tinham ideia da relação entre forças produtivas e os modos de produção e também não problematizavam a relação do proletariado com a burguesia.

Para Engels, “para converter o socialismo em ciência era necessário, antes de tudo, situá-lo no terreno da realidade”, e foi assim que surgiu o socialismo científico, que tem como principal nome o próprio Karl Marx. A “concepção materialista da história e a revelação do segredo da produção capitalista através da mais-valia” são as principais descobertas do sociólogo para o desenvolvimento do socialismo como ciência.


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