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Matérias / Brasil

O que já disse Collor sobre o confisco de poupanças em 1990?

Em 1990, o Plano Collor confiscou cadernetas de poupança dos brasileiros por 18 meses em uma desesperada medida de conter a hiperinflação; entenda!

Éric Moreira Publicado em 25/02/2024, às 13h00

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Fernando Collor de Mello em 1991 e em 2017 - Foto por IAEA Imagebank e Senado Federal pelo Wikimedia Commons
Fernando Collor de Mello em 1991 e em 2017 - Foto por IAEA Imagebank e Senado Federal pelo Wikimedia Commons

Entre as décadas de 1980 e 1990, os brasileiros enfrentavam um período econômico conturbado: a hiperinflação. No fim da década de 1980, a inflação brasileira chegou a acumular quase 2000%; já em abril de 1990, foi ainda mais grave, subindo 6821%.

O preço de todos os produtos subia sem parar, a cada dia que se passava o poder de compra dos brasileiros diminuía, e o cruzeiro — moeda que vigorava na época — valia cada vez menos com relação ao dólar.

Nesse contexto, o presidente Fernando Collor de Mello tomou uma iniciativa para tentar resolver o problema da hiperinflação brasileira, que marcaria para sempre seu governo: o Plano Collor.

Conforme descrito pela Agência Senado, a MP 168/1990 — parte do Plano Collor para a estabilização da economia — alterou a então moeda vigente, o cruzado novo, pelo cruzeiro, além de limitar os saques de poupança a apenas 50 mil cruzeiros (valor que, hoje, corresponderia a cerca de R$ 18 mil).

No caso, o governo prometeu aos brasileiros que o restante do dinheiro das pessoas seria desbloqueado em 18 meses. No entanto, não foi exatamente o que aconteceu, o que acabou afetando inúmeras famílias na época.

Estima-se que, ao todo, o governo tenha confiscado cerca de US$ 100 bilhões, o que correspondia a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano.

No entanto, ainda assim, a inflação seguiu em crescimento no país, o que levou o presidente a ser duramente criticado por todo o país. Embora tenha sido eleito após a redemocratização — na verdade, o primeiro foi Tancredo Neves, mas ele morreu antes mesmo de tomar posse e foi substituído por seu vice, José Sarney —, ele renunciou ao cargo em dezembro de 1992, já na final de seu processo de impeachment.

+ Como era o Brasil durante o processo de impeachment de Collor?

Fernando Collor deixando a presidência, em 1992 / Crédito: Foto por Elza Fiuza pelo Wikimedia Commons

O que disse Collor

Em 2020, Fernando Collor, então senador do Alagoas, publicou em sua conta do Twitter (atual X) um pedido de desculpas pela sua medida extrema durante seu governo como presidente do Brasil.

Em um fio, ele disse que aquela "decisão foi dificílima", mas que foi realmente uma medida com a intenção de conter a hiperinflação, que chegava, até mesmo, a 80% ao mês.

É chegado o momento de falar, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante", escreveu. "Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos."

"Os mais pobres eram os maiores prejudicados, perdiam seu poder de compra em questão de dias, pessoas estavam morrendo de fome. O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco", acrescentou.

Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo", justificou, por fim.