Economia, caso Daniella Perez e esportes: relembre como vivia o brasileiro durante polêmico processo terminou na renúncia de Collor; há exatos 31 anos
Na manhã de 29 de dezembro de 1992, há exatamente 31 anos, o advogado do presidente Fernando Collor de Mello entrava no Congresso Nacional e, pedindo a palavra, lia uma carta endereçada ao então presidente da Congresso, Mauro Benevides.
O texto manifestava oficialmente a renúncia do chefe de Estado brasileiro em meio a um conturbado processo de impeachment que corria nos meses anteriores.
Já afastado do cargo há dois meses e substituído pelo vice Itamar Franco, aquele dia daria início a sessão que votaria, em definitivo, seu afastamento. Ocorria há aproximadamente 30 minutos, mas sua votação não havia iniciada, representando uma tentativa do político de renunciar antes da eleição interna e, dessa forma, impedir sua inelegibilidade.
Contudo, ao iniciar, não pôde ser simplesmente interrompida com a decisão pessoal de Collor. Do contrário, a sessão teve continuidade e o impeachment aprovado com 441 votos favoráveis, 38 contrários e 23 abstenções.
Mesmo inocentado pelo crime de corrupção no Supremo Tribunal Federal posteriormente, o político perdeu os direitos políticos nos oito anos seguintes, marcando o país não apenas como o primeiro presidente eleito democraticamente após a redemocratização, mas também, o primeiro afastado do cargo após a ditadura militar.
Naquela época, a moeda brasileira era o Cruzeiro, implantada durante o Plano Collor, visto que o Plano Real só ocorreria no governo de seu sucessor, ainda servindo como ferramenta de promoção do próximo presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, que era Ministro da Fazenda de Itamar. Por tal fato, conversões monetárias para valores atuais são difíceis, somadas também aos cálculos de inflação.
No dia anterior a renúncia de Collor, no entanto, a notícia que parava o Brasil era o assassinato de Daniella Perez, atriz que compunha o elenco da novela 'De Corpo e Alma', que estava no ar pela TV Globo na faixa das 21h.
Na manhã em que o presidente renunciou, a Polícia Civil do Rio de Janeiro constatou que o ator Guilherme de Pádua, companheiro da moça na trama, era o autor do crime, com ambas as notícias sendo anunciadas no mesmo bloco do Plantão da Globo, fator pouco usual para o noticiário extraordinário.
A então campeã da Copa do Mundo de Futebol era a Alemanha, conquistada dois anos antes. Nos Jogos Olímpicos de Barcelona, ocorrida entre junho e agosto de 1992, a Equipe Unificada que comportava 12 ex-repúblicas da União Soviética, dissolvida no ano anterior, liderava o ranking de medalhas com 112, sendo 45 ouros.
O êxito brasileiro nos esportes se deu 16 dias antes da renúncia do presidente; em 13 de dezembro daquele ano, o São Paulo Futebol Clube vencia, de virada, o gigante Barcelona-ESP e conquistava seu primeiro Mundial, êxito que se repetiria no ano seguinte.
1992 foi também o ano onde o grunge ganhou o mundo; o movimento cultural proveniente de Seattle, nos Estados Unidos, promoveu mundialmente bandas até então desconhecidas, como Nirvana, Alice in Chains, Soundgarden e Pearl Jam, para o topo das paradas de sucesso.
Contudo, outro gigante do rock passa no Brasil durante o mês da renúncia; em 10 de dezembro, o Guns N' Roses se apresentou em São Paulo para cerca de 120 mil pessoas. Em terras tupiniquins, o vocalista Axl Rose chegou a ser detido por policiais após atirar uma cadeira pesada do quarto de hotel, como informou a Rolling Stone Brasil.
