Abigail Disney tinha o animador de Mickey Mouse como tio-avô
Junto de seu irmão Roy, Walt Disney fez um império criativo de impressionante êxito comercial, tendo sua companhia de desenhos e entretenimento como uma referência artística internacionalmente reconhecida.
Roy, por outro lado, cuidava da parte financeira da produtora desde seu início, sendo um braço direito do animador de Mickey Mouse.
Como co-fundador, o irmão tinha grande atuação e repasse dos lucros, perdurando a riqueza do conglomerado Disney inclusive após a morte de Walt. Porém, antes do óbito, Walt conseguiu ver de perto o irmão constituir sua família e ter seus primeiros netos, os únicos que o desenhista conheceu em vida.
Uma das netas era Abigail Disney, que revelou à BBC os bastidores sobre o convívio conturbado com a grande quantidade de dinheiro que o império de entretenimento provinha dentro de seu lar.
Apesar de conviver com o avô até os 5 anos de idade, notou que uma importante 'cerimônia', aos 21 anos, marcava aos netos o início de um ciclo no império do empresário.
De acordo com ela, a descoberta de que tinham uma grande quantia para administrarem ocorria após tal 'evento'.
"Cada um de nós (dos irmãos) era levado para almoçar pelo nosso advogado no dia em que completava 21 anos e informado sobre quanto havia herdado. Era uma espécie de cerimônia", explicou.
Contudo, criada longe de aprendizados de valor ou status, se surpreendeu ao tomar conhecimento, em 1981, que acabara de herdar US$ 10 milhões, enaltecendo o fato de que tal quantia "era bem mais dinheiro do que agora" pelo poder de compra da época.
Contudo, quem pensa que a notícia foi vista de maneira positiva, se engana.
Na época cursando a Universidade de Yale, Abigail destoava dos valores familiares, descritos por ela como conservadores, e sentia que não deveria concentrar tamanha quantia de dinheiro em relação a outros seres humanos.
Ela se mobilizou junto aos conselheiros, assessores de investimentos e advogados para traçar um destino filantrópico para a fortuna.
Ela deixou de frequentar reuniões comerciais da família, incluindo pela Disneylândia, e renunciou às viagens no jatinho da família.
"Não sei como fui parar naquela família, estava convencida de que tinha havido uma confusão terrível quando entregaram os bebês na maternidade. Nunca me senti confortável", acrescentou ela.
Ao longo do desenvolvimento do dinheiro que herdou, fez com que rendesse e fosse distribuído para organizações de amparo, tendo registrado mais de US$ 70 milhões (aproximadamente R$ 397 milhões na cotação atual) doados ao longo de sua vida.
Hoje, aos 61 anos, vive em Nova York e participa de palestras e debates defendendo pautas relacionadas ao uso de energia renovável, despoluição mundial e igualdade de gênero, inclusive trafegando cotidianamente no metrô da metrópole norte-americana.
