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Matérias / Chalaça

Quem foi Chalaça, importante nome do Brasil Império e amigo de Dom Pedro I

Francisco Gomes da Silva, também conhecido como Chalaça, foi amigo e companheiro de noitadas de Dom Pedro I

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/08/2022, às 15h19

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Retrado de Francisco Gomes da Silva, também conhecido como Chalaça - Foto por National Historical Museum pelo Wikimedia Commons
Retrado de Francisco Gomes da Silva, também conhecido como Chalaça - Foto por National Historical Museum pelo Wikimedia Commons

O termo 'chalaça', por definição, caracteriza uma pessoa espirituosa, zombeteira ou gracejadora. Não à toa, o português Francisco Gomes da Silva recebeu tal apelido na corte de Dom João VI, no Rio de Janeiro, de seus amigos e conhecidos.

Bem-humorado, boêmio e esperto, Chalaça foi um dos 15 mil portugueses da comitiva real que desembarcou no Brasil em 1808, junto a Dom João VI, pai de Dom Pedro I. Inclusive, o homem se tornou amigo próximo do então príncipe, que viria a ser imperador futuramente, acompanhando-o em diversas noites de farras e arranjando-lhe mulheres.

No entanto, Francisco da Silva possivelmente não esteve próximo ao imperador somente em momentos de diversão, e alguns historiadores até mesmo acreditam na possibilidade de ele ter grande importância para a história e política do Brasil, na época. As informações são da BBC News Brasil.

Pintura completa de Francisco Gomes da Silva, o 'Chalaça'
Pintura completa de Francisco Gomes da Silva, o 'Chalaça' / Crédito: Foto por National Historical Museum pelo Wikimedia Commons

Filho bastardo e contato com a realeza

Francisco Gomes da Silva nasceu em Lisboa, no dia 22 de setembro de 1791, e já começa sua história com uma questão interessante sobre seus pais. Muitos historiadores acreditam que ele era filho bastardo de Francisco José Rufino de Sousa Lobato — que viria a se tornar barão e depois Visconde de Vila Nova da Rainha — com sua empregada doméstica Maria da Conceição Alves, que o registrou como se fosse de 'pai incógnito'.

Teoricamente, quando José Rufino estava prestes a se casar, sua então pretendente exigiu que ele se livrasse da empregada e de seu filho. Então, a empregada teria sido enviada para a África, e o pequeno Francisco deixado sob cuidados de um protegido, Antonio Gomes da Silva, que teria sido pago para registrá-lo como seu filho.

No entanto, sendo pai biológico ou não, sabe-se que Rufino foi quem possibilitou a Francisco um emprego público como ourives oficial da corte portuguesa, tendo sido até mesmo "responsável pela confecção da coroa de D. João VI no Brasil", como conta Paulo Rezzutti, escritor brasileiro que produziu as biografias de Dom Pedro I e da Dona Leopoldina.

Paulo Rezzutti, escritor brasileiro responsável pelas biografias de Dom Pedro I e Dona Leopoldina
Paulo Rezzutti, escritor brasileiro responsável pelas biografias de Dom Pedro I e Dona Leopoldina / Crédito: Foto por Paulo Rezzutti pelo Wikimedia Commons

Foi Lobato quem o colocou para estudar no seminário de Santarém, na província da Estremadura, onde ele aprendeu francês, inglês, italiano e espanhol", diz Paulo Rezzutti, como informado pelo Yahoo Notícias.

Expulsão do Palácio e amizade com Dom Pedro I

O jovem então teria ficado na corte até 1807, quando veio ao Brasil junto da família real. "No Rio de Janeiro, em 1810, foi feito faxineiro do Palácio de São Cristóvão, sendo expulso de lá, em 1816, por ter se envolvido com uma dama do Paço", conta o escritor e historiador Rafael Cupello Peixoto.

Algumas histórias até mesmo contam que a expulsão se deu após o próprio Dom João VI tê-lo flagrado nu em um quarto do Palácio com a dama. No entanto, "após o retorno do pai de D. Pedro para Portugal, voltou ao serviço do Paço, sendo peça importante na política da Corte imperial", acrescenta Cupello Peixoto.

Foi então que Francisco, agora já conhecido como Chalaça, se tornou cada vez mais próximo e amigo de Dom Pedro I, servindo-o em diversas circunstâncias, desde conselheiro pessoal até "pombo-correio de cortesias femininas", segundo Peixoto.

Segundo o historiador, ainda, o homem chegou até mesmo a participar diretamente de algumas ações políticas do Primeiro Reinado, tendo assinado a Carta Constitucional do Império do Brasil de 1824.

Dom Pedro I, primeiro imperador brasileiro e amigo de Francisco Gomes 'Chalaça'
Dom Pedro I, primeiro imperador brasileiro e amigo de Francisco Gomes 'Chalaça' / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Participação política?

No entanto, apesar da trajetória bem próxima a Dom Pedro I, até mesmo exercendo algum nível de influência sobre o imperador, ainda existem controvérsias sobre se ele realmente teve alguma relevância política ou para a história do Brasil, ou não.

Para Paulo Rezzutti, por exemplo, "Francisco Gomes da Silva participou de vários eventos históricos, como acompanhante do imperador ou como seu secretário, mas ele não foi responsável direto por nenhum deles".

[...] é impossível dizer que o Chalaça não tem importância histórica, mas é aquela que é destinada aos que exercem muitas vezes o poder por detrás do poder", finaliza o escritor.

Rafael Cupello Peixoto acredita que Chalaça "atuou diretamente nos acontecimentos do Primeiro Reinado, além de ter grande influência sobre o próprio imperador". "Se observarmos Francisco Gomes da Silva para além da visão mais caricata, isto é, como o amigo alcoviteiro, mulherengo, boêmio e divertido de D. Pedro I, que claro ele era, vamos perceber que Chalaça também foi um personagem político", finaliza.


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