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Matérias / Festa Junina

Quentão: Qual a origem da bebida que se destaca nas festas juninas?

De origem brasileira, o quentão surgiu entre os colonizadores como uma bebida alternativa

Izabel Duva Rapoport Publicado em 18/06/2023, às 13h00

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Imagem ilustrativa de quentão - Reprodução / Freepik
Imagem ilustrativa de quentão - Reprodução / Freepik

Repleta de milho, amendoim, batata doce e mandioca, a tradicional mesa das festas juninas é quase toda feita com quitutes à base de grãos e raízes de cultivo indígena. Mas e as bebidas? A estrela nesta categoria é o quentão. De origem brasileira, ele surgiu entre os portugueses colonizadores como alternativa do mulled wine (vinho com canela, em tradução livre), feito com mel e diversas especiarias, conhecido na Europa desde os tempos de inverno do Império Romano.

Em terras brasileiras, com a abundância da cana de açúcar no período colonial, o vinho aquecido deu lugar à cachaça – embora tenha regiões do país, como a Sudeste, que mantêm a produção das duas bebidas (chamadas de quentão e de vinho quente) durante as festas juninas. Aliás, também é possível encontrar brasileiros que chamem vinho quente de quentão – e não se trata de um erro.

É o caso do Sul, provavelmente por causa da maior oferta da bebida por lá, cuja produção começou com a imigração, em especial, dos italianos. Já nas regiões Norte e Nordeste, o quentão feito de pinga, bem brasileira, impera.

Imagem ilustrativa de festa junina - Crédito: Reprodução / Pixabay

Origem da palavra

De acordo com o folclorista e membro da Academia Brasileira de Letras, Amadeu Amaral (1875 1929), autor de ‘O Dialeto Caipira’, escrito em 1920, a palavra “quentão” foi criada pelos moradores do interior de São Paulo, onde o termo já aparecia em relatos das festas de São João desde a segunda metade do século 19, conforme descreveu o também folclorista e jornalista João Vampré (1868 1949).

Já no século seguinte, com as comemorações “joaninas” cada vez maiores e populares de norte ao sul do país, o quentão passou a ser tratado pelos jornais como bebida essencial, ganhando páginas inteiras.

É o caso, por exemplo, da publicação carioca ‘O Cruzeiro’, de 1944. “O clássico quentão, nunca esquecido nas festas de Santo Antônio, São Pedro e São João, não poderia deixar de comparecer nesta série de receitas joaninas”, dizia, sem deixar de dar a dica: “conserve a bebida em fogo lento e vá servindo quente, em canecas de louça ou de barro. As de metal tiram um pouco o sabor”.