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Matérias / Phineas Gage

Simulação 3D mostra crânio de homem que foi atravessado por barra de ferro

Vídeo feito pelo designer brasileiro Cícero Moraes reconstrói a lesão cerebral de Phineas Gage, que teve o crânio atravessado por uma barra de ferro e sobreviveu

Ingredi Brunato Publicado em 12/12/2023, às 19h00 - Atualizado em 04/01/2024, às 16h50

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Montagem mostrando modelo 3D e fotografia de Phineas Gage - Cícero Moraes e Domínio Público
Montagem mostrando modelo 3D e fotografia de Phineas Gage - Cícero Moraes e Domínio Público

Em 1848, Phineas Gage, um norte-americano de 25 anos, que trabalhava como capataz de manobras ferroviárias, sofreu um brutal acidente de trabalho. Gage colocava pólvora em um buraco com o auxílio de uma barra de ferro, no entanto, o material explosivo acabou detonando antes do previsto e lançou a barra na direção do rosto do homem. 

O objeto de metal de 3,17 centímetros de diâmetro atravessou o crânio de Gage, perfurando sua bochecha e atravessando a cabeça. Para dar uma ideia da força com a qual haste havia sido lançada contra o capataz, vale apontar que, mesmo depois de atravessá-lo, ela continuou sua trajetória no ar, caindo no chão a dez metros dele.

Foto mostrando Phineas Gage em vida, e seu crânio do lado da barra de ferro / Crédito: Wikimedia Commons

Mudanças irreversíveis 

Não é preciso dizer que o acidente causou uma lesão cerebral de extensões dramáticas no homem. 11% de seu lobo frontal foi danificado, e mais 4% do córtex cerebral. De forma milagrosa, ele sobreviveu ao incidente. Phineas estava consciente logo após o ocorrido, quando chegou a subir e descer de uma carroça quase que sem ajuda, e enquanto falava. 

Sua recuperação também foi surpreendentemente rápida: mesmo após vivenciar um estado de semicoma durante alguns dias, em pouco mais de um mês Phineas já conseguia andar e suas habilidades cognitivas pareciam estar voltando. Em dois meses, ele saía de casa quase todos os dias e, inclusive, realizava compras no mercado.

Apesar disso tudo,  Gage nunca mais foi o mesmo, de acordo com os relatos posteriores de seus amigos e familiares. Antes, ele era descrito como uma pessoa energética e agradável. Após a barra de ferro perfurar seu cérebro, porém, se tornou mal-humorado e, por vezes, agressivo, conforme repercutido pelo portal Very Well Mind. 

Imagem mostrando processo de reconstrução digital do crânio de Phineas Gage / Crédito: Cícero Moraes 

O homem apresentava problemas de memória, alterações em suas habilidades motoras e era incapaz de manter um emprego, além de ter se tornado alcoólatra. Phineas veio a óbito em 1860, pouco mais de uma década mais tarde, após sofrer uma sequência de ataques epilépticos. 

O trágico e fascinante caso do norte-americano é por vezes considerado como o responsável por iniciar o campo da neurociência — que estuda o sistema nervoso humano — tendo revelado como o comportamento e personalidade de alguém pode ser afetado por uma lesão cerebral. 

Seu crânio, assim como a barra de ferro que o lesionou, foram doados pelo irmão de Gage para a Escola de Medicina da Universidade de Harvard. Foi graças a essa doação que, neste ano de 2023, o designer 3D brasileiroCícero Moraes foi capaz de realizar uma reconstrução facial do homem em um projeto publicado no último dia 9. O artista, vale mencionar, já realizou uma série de aproximações faciais importantes.

Reconstrução facial forense 

Simulações digitais de Phineas Gage / Crédito: Cícero Moraes 

As informações utilizadas pelo designer vieram, em sua maioria, de uma tomografia do crânio de Phineas Gage, realizada nos anos 2000. Para moldar os tecidos moles do rosto do norte-americano, por sua vez, foram utilizados dados estatísticos coletados a partir da análise dos crânios de indivíduos vivos de diferentes ancestralidades. As medidas da haste de ferro, evidentemente, também foram levadas em conta para a simulação 3D.

Em um incrível vídeo produzido pela iniciativa científica recente, é possível ver uma simulação aproximada do que teria acontecido com o crânio do homem durante seu acidente de trabalho, incluindo não apenas seu antes e depois, mas também o durante — com o trajeto dos fragmentos de ossos individuais posicionados um a um. 

"Os ossos segmentados foram ajustados manualmente conforme ocorria a colisão das malhas 3D e conformados à barra, por conta da elasticidade da pele, que conteve os ossos quebrados dentro da estrutura da face”, descreve o artigo que descreve a reconstrução.