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Matérias / Tuvalu

Tuvalu, a nação que pode desaparecer debaixo d'água

Com o aumento do nível dos oceanos, a população de Tuvalu vem observando impotente à medida que o mar invade o pequeno arquipélago

Ingredi Brunato Publicado em 26/11/2023, às 09h00 - Atualizado em 11/01/2024, às 11h53

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Fotografia de Tuvalu - Getty Images
Fotografia de Tuvalu - Getty Images

Com apenas 25,8 quilômetros quadrados, Tuvalu é o quarto menor país do mundo. Ele consiste em um arquipélago formado por 9 ilhas localizadas em meio ao Oceano Pacífico. Essas ilhas são, na maior parte, apenas faixas de terra situadas sobre recifes de corais em formato de anel. 

É uma nação insular de baixa altitude. O ponto mais alto acima do nível do mar é de 4 metros", disse Simon Kofe, o ministro das relações exteriores do país, em uma entrevista à BBC. 

"Vivemos em faixas de terra muito estreitas e em algumas áreas você pode ver o mar aberto de um lado e uma lagoa do outro. O que temos experimentado ao longo dos anos é que, com o aumento do nível do mar, vemos a erosão de partes da ilha", acrescentou. 

Infelizmente, essas características únicas colocam Tuvalu sob risco de ser engolida pela água como consequência das mudanças climáticas resultantes do aquecimento global. Isso pois não apenas está ocorrendo um aumento da temperatura dos oceanos, que leva ao desaparecimento de recifes, como também o derretimento das calotas polares que eleva o nível do mar. 

Duas das ilhas da nação polinésia já estão prestes a ficarem submersas, e, segundo as estimativas dos especialistas, todo o país terá desaparecido até 2100. O fim iminente do arquipélago levou seu governo a ser particularmente preocupado com iniciativas de combate à poluição. 

Uma delas é a criação futura de uma comissão internacional que fornecerá compensação financeira por "perdas e danos" sofridas pelos países devido à crise climática. Outra é um imposto global sobre o uso de combustíveis fósseis, que liberam gases causadores do efeito estufa para a atmosfera. 

Outro ponto importante levantado pelas autoridades de Tuvalu durante as cúpulas de discussão do clima é que, embora no momento sejam eles afundando, caso a humanidade continue neste curso, não vai demorar até que outros países sejam afetados pelo aumento dos oceanos. 

"Continuaremos a defender e exortar outros países a mudar o curso e reduzir suas emissões. Mas também temos que ser proativos em nível nacional. Essa é parte da razão pela qual estamos nos preparando para o pior cenário possível. Portanto, temos duas abordagens, uma é continuar a ação a nível internacional e, por outro lado, fazer a nossa parte a nível nacional. Acho que isso é tudo que você pode fazer. Não tenho certeza se posso fazer mais nada do que isso", refletiu Kofe ainda. 

Fotografia de Tuvalu / Crédito: Getty Images 

Medidas desesperadas

Um desses esforços a nível nacional é o Projeto de Adaptação Costeira, que custou 35 milhões de dólares (ou 175 milhões de reais, na cotação atual) e pretende recuperar 3,8 quilômetros de terra atualmente submersas, segundo repercutiu o portal O Globo em uma notícia recente. 

Esse território é importante não apenas para ser habitado pelos moradores, mas para a agricultura local, que é prejudicada pelo avanço da água salgada. Durante períodos de maré forte, por exemplo, ocorrem inundações.

Já com a maior frequência destes eventos, a salinidade do solo aumenta, tornando o ambiente impróprio para o cultivo de certas plantas essenciais para o sustento da população de Tuvalu. Assim, a nação vem dependendo cada vez mais da importação de alimentos para sobreviver.

Caso o pior se concretize, os residentes do arquipélago precisarão procurar outro país para morar."A realocação é o último recurso para nós", garantiu Kofe, acrescentando que as nações sendo consideradas não serão anunciadas publicamente por enquanto. 

Fotografia de Tuvalu / Crédito: Divulgação/ Arquivo Pessoal/ INABA Tomoaki/ Wikimedia Commons/ Licença cc-by-sa-2.0

Não identificamos os países para os quais gostaríamos de nos mudar, porque também estamos cientes de que a realocação pode ser usada como uma desculpa por alguns dos países maiores, que podem dizer: 'Damos a eles terras para se mudarem e continuamos com nossas emissões dos gases de efeito estufa'", explicou o político à BBC. 

Embora o cenário de realocação vá ser evitado ao máximo, o governo das ilhas também está se preparando para o caso isso se torne necessário. O patrimônio cultural de Tuvalu, por exemplo, vem sendo armazenado na web, de forma que permanecerá acessível no mundo digital mesmo caso suas versões físicas sejam engolidas pelo oceano.