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Matérias / Dumbo

Veja o que aconteceu com o elefante que inspirou Dumbo

Inspiração para clássico filme da Disney, "Dumbo", o elefante-africano Jumbo ficou conhecido como "o maior elefante do mundo", e teve história trágica

Éric Moreira Publicado em 18/04/2024, às 20h00

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O elefante Dumbo (à esqu.) e Jumbo (à dir.) - Divulgação/Disney e Domínio Público via Wikimedia Commons
O elefante Dumbo (à esqu.) e Jumbo (à dir.) - Divulgação/Disney e Domínio Público via Wikimedia Commons

Lançada em 1941, a animação 'Dumbo' ficou marcada na história da Disney como uma de suas narrativas mais queridas, com o simpático elefantinho de orelhas grandes que dá nome ao filme.

Porém, um fato que nem todos sabem sobre Dumbo é que ele foi vagamente inspirado em uma história real: a do elefante Jumbo.

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Em vez de apenas orelhas de tamanho descomunal, Jumbo destacava-se por seu tamanho num todo. No fim do século 19, tornou-se uma celebridade em Londres, atraindo multidões que queriam ver aquele que era dito ser o "maior elefante do mundo".

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Pôster do circo PT Barnum com Jumbo / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Segundo a BBC, Jumbo desembarcou na capital britânica em 1985, levado diretamente da África, onde havia sido capturado quando filhote.

No entanto, apesar de sua grande popularidade, sua história foi bastante trágica.

Calmante e circo

Antigas fotografias mostram que, no século 19, era comum que visitantes do zoológico de Londres subissem nas costas do elefante para pequenos passeios.

Eventualmente, o animal apresentou, por vezes, um comportamento mais agressivo, o que poderia transformá-lo numa ameaça.

Embora Jumbo fosse manso durante o dia, geralmente à noite ele sofria com "ataques de fúria". O único que conseguia acalmá-lo era seu fiel cuidador, Matthew Scott. Entretanto, tudo era feito de uma forma nada saudável: ele dava uísque ao elefante.

Ainda assim, temendo que Jumbo pudesse se tornar uma ameaça para o público, o zoológico decidiu vendê-lo ao circo PT Barnum, dos Estados Unidos, em 1882. Na época, porém, o animal não aceitou entrar no curral de madeira para que pudesse ser transportado para o navio, mas só "concordou" em embarcar depois que Matthew Scott participou da viagem.

Nos Estados Unidos, Jumbo ainda carregava o status de estrela e percorreu o país com o circo. Infelizmente, ele morreria ainda jovem, em 1885, com apenas 24 anos, após ter sido atropelado por um trem.

Fotografia tirada logo após a morte de Jumbo / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Lesões

Em um documentário da BBC, o naturalista britânico David Attenborough reuniu especialistas em diferentes áreas para analisarem o esqueleto de Jumbo, presente no Museu de História Natural de Nova York. Foi assim que puderam descobrir fatos ainda mais tristes sobre a vida do pobre elefante.

Segundo Richard Thomas, arqueólogo da Universidade de Leicester, no Reino Unido, Jumbo apresentava uma sobreposição incomum de camadas de ossos, novos e velhos, em seus quadris. Ele explica que isso é sinal de "lesões que seu organismo estava tentando reparar".

Essas lesões devem ter sido incrivelmente dolorosas e foram resultado do peso que Jumbo teve que transportar, carregando grupos de visitantes. [...] Quando olhamos seus joelhos, vemos todos os tipos de modificações que você não esperaria encontrar em um elefante daquela idade. Não esqueçam que Jumbo tinha apenas 24 anos e ainda estava crescendo. Os ossos dele parecem mais com os (ossos) de um elefante de 40 ou 50 anos."

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Jumbo carregando pessoas / Crédito: Foto por Rijksmuseum via Wikimedia Commons

Ataques de raiva

Essas dores no corpo, por sua vez, eram razão para um estresse constante de Jumbo, o que pode, inclusive, ser uma das razões para os ataques de fúria que tinha a noite.

Em um desses ataques, vale mencionar, ele chegou até mesmo a quebrar suas presas — que, quando começavam a crescer, ele gastava mais uma vez esfregando-as contra as cercas.

Quando Jumbo ainda estava no zoológico britânico, Abraham Bartlett — uma das autoridades do local — atribuiu o comportamento agressivo noturno ao chamado "must", um período em que elefantes do sexo masculino naturalmente ficam mais agressivos, devido a um aumento de seus níveis hormonais. No entanto, isso é refutado hoje, visto que hormônios fariam dele violento constantemente, até mesmo, com seus cuidadores.

Jumbo e Matthew Scott / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Por isso, hoje sabe-se que esses ataques podem ser principalmente atribuídos à vida que Jumbo tinha no zoológico.

Além das dores nos quadris e joelhos, ele, provavelmente, sofria de fortes dores nos dentes. Isso foi apontado depois que os pesquisadores que analisaram seu esqueleto identificaram uma malformação em sua boca.

Os elefantes têm seis dentes, mas apenas um de cada lado se desgasta em determinado momento. Quando o dente cai, outro dente nasce para substituí-lo, mas se o dente velho não se desgasta o suficiente, não cai, fazendo com que o novo dente fique deformado", explicou Richard Thomas no documentário.

Provavelmente, o que fomentou a malformação foi que, enquanto, na natureza, os elefantes comem uma variedade de vegetação que pode desgastar seus dentes, no zoológico isso não acontecia.

Por isso, Jumbo teria sofrido "com uma dor de dente terrível", nas palavras do pesquisador, que poderia piorar a noite, pois, ele não tinha outras distrações.

Morte de Jumbo

Como já mencionado, Jumbo faleceu após ser atropelado por um trem. Isso aconteceu no dia 15 de setembro de 1885, na cidade de St. Thomas, em Ontário, no Canadá — onde foi erguida uma estátua em sua homenagem.

Estátua de Jumbo em St. Thomas, no Canadá / Crédito: Foto por Balcer pelo Wikimedia Commons

Inicialmente, o dono do circo alegou que o animal se jogou na frente do trem para proteger um elefante menor, que seria atingido. Porém, uma análise de fotografias tiradas logo após a morte do elefante levou os pesquisadores a questionarem essa versão no documentário.

Isso porque, em uma emblemática foto, é possível observar marcas profundas no quadril de Jumbo. Ou seja, na realidade ele teria sido atingido por trás, não tentando proteger um elefante menor, mas sim quando era inserido num vagão.

Vale mencionar também que, no esqueleto de Jumbo, não há fraturas, portanto, ele teria morrido de hemorragia interna.

O corpo embalsamado de Jumbo / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Logo após a morte, o corpo de Jumbo foi embalsamado na Universidade Tufts, em Massachusetts, para que assim pudesse ser preservado. No entanto, os restos mortais foram destruídos em um incêndio em 1975 — exceto por seu rabo, que pôde ser salvo e permitiu outras análises que apenas reforçaram que sua saúde era debilitada.