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Vitrine / Pinóquio

A verdadeira e sombria história de Pinóquio que deu origem à animação da Disney

A famosa história da marionete de madeira não era nada doce se comparada com a original

Lucas Peçanha Publicado em 13/03/2024, às 15h30

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A famosa história da marionete de madeira não era nada doce se comparada com a original - Créditos: Reprodução/Amazon
A famosa história da marionete de madeira não era nada doce se comparada com a original - Créditos: Reprodução/Amazon

Quando se fala de Pinóquio, a primeira lembrança que vem em mente é a animação concebida por Walt Disney em 1940, sendo a segunda lançada por seu estúdio. A história era repleta de cenas marcantes e tinha o seu fim com uma lição de moral tocante. 

Muitas das histórias que conhecemos quando crianças, justamente com essa mesma estrutura de narrativa com teor educativo e doce, apresentam suas versões originais com um tom mais pesado e sombrio – e com o Pinóquio não foi diferente.

A marionete de madeira mais famosa do mundo foi publicada pelo italiano Carlo Collodi (1826 - 1890) entre 1881 e 1883 em um jornal infantil vendido nas bancas da Itália. Após servir o exército durante as guerras da independência, Collodi tornou-se uma pessoa bastante crítica e amarga, e não poupava em demonstrar a sua desilusão com a vida nas páginas das histórias do boneco.

A narrativa reflete problemas econômicos que muitos do país enfrentavam 20 anos após o Risorgimento, um movimento ocorrido entre 1815 e 1870 que tinha como objetivo unificar a Itália. 

O nariz que crescia foi o menor dos problemas

Na época em que Collodi publicou as histórias de Pinóquio, não existiam os conceitos de infância como os que temos hoje. Não havia diferença entre a psicologia infantil e a adulta, e isso acarretava em histórias sombrias e mais levadas para a realidade pararem nas mãos das crianças, assim como piadas que apenas seriam entendidas pelo público mais velho.

Os primeiros capítulos da inicialmente intitulada “História de uma Marionete” foram publicadas no dia 7 de julho de 1881, e dois anos mais tarde foi compilada em um único livro, intitulado “As Aventuras de Pinóquio”.

Capa italiana de "As Aventuras de Pinóquio", publicada em 1924. Créditos: Reprodução/Amazon
Capa da edição italiana, publicada em 1924. Créditos: Reprodução/Amazon.

Diferente da animação de Walt Disney, a obra original de Collodi não é levada para o maniqueísmo, apostando em personagens ambíguos, sendo nenhum deles puramente bom ou mau na história. O próprio Pinóquio, por exemplo, é retratado sendo um verdadeiro malandro, na melhor das definições, sendo bastante rebelde e responsável por aprontar várias peripécias.

A mais cruel delas, inclusive, foi matar o Grilo Falante com um martelo de madeira, isso após o personagem dar-lhe conselhos sobre ser mais responsável. O personagem chega a aparecer em páginas futuras, porém como espírito. Apesar das atitudes minimamente questionáveis, Pinóquio vai amadurecendo conforme as páginas passam – só que essa jornada não foi nada fácil para o boneco.

No primeiro final para a história, que ocorreu no capítulo 15, Collodi resolveu dar um desfecho repentino para o Pinóquio, fazendo-o ser enforcado pela Raposa e o Gato em um grande carvalho e ter as suas moedas de ouro roubadas. E como se não bastasse, ele já tinha tido os pés colocados em um braseiro enquanto dormia, em um momento anterior da história.

A decisão não foi nada bem recebida pelos leitores, que enviaram diversas cartas para o jornal pedindo mais capítulos para a história. Então, o autor resolveu dar continuidade a história de Pinóquio, fazendo-o voltar à vida com ajuda da Fada Azul. As histórias criadas por Collodi acabaram se tornando um sucesso mundial após a publicação de capítulos posteriores. Infelizmente, o autor nunca pôde colher os frutos da enorme popularidade de sua criação.

Menos doce, mais soturna

Como mostrado, a história original carrega um sentimento mais sombrio e realista para os personagens, e não para apenas em Pinóquio e Grilo Falante. Gepeto, o “pai” do protagonista, não é aquele amável relojoeiro que vive tranquilamente em sua casa com seus bichinhos de estimação.

Na obra original, Gepeto é extremamente pobre e exerce a profissão de carpinteiro, e não de relojoeiro. E apesar de ser introduzido como um velhinho bondoso, a vizinhança o considera um “tirano” com as crianças. Fazendo um paralelo com o momento econômico no qual a Itália passava, Gepeto e Pinóquio encontram bastante dificuldade em conseguir comida, assim como boa parte da população do país na época que as histórias foram publicadas.

Falando sobre a Fada Azul, ela também está presente na história, porém de maneira mais molesta, ensinando lições bastante traumáticas ao boneco. Uma delas levou ela a fingir a própria morte, e fazer o Pinóquio acreditar que ele tinha sido o culpado.

Chegando ao final da história, Pinóquio vai parar no País dos Brinquedos, onde – para a felicidade de todos – ninguém é obrigado a estudar. Porém é claro que isso vem por um preço caro, fazendo com que todos os presentes se transformem em burros. Lá, Pinóquio é morto pela segunda vez na história, e a Fada Azul dá uma última lição ao boneco, fazendo-o acordar do sonho – que acabou sendo uma surpresa para os leitores. E para finalizar, assim como na animação da Disney, Pinóquio acaba por se tornar um menino de verdade.

Considerada pesada nos dias de hoje, a história criada por Collodi era bem próxima da realidade vivida pelos italianos no século XIX, sendo um retrato cru do quão cruel a sociedade mundo afora pode ser, principalmente para uma criança. Em suma, ele concebeu uma narrativa que retrata as dificuldades em tornar-se um adulto.


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