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Personagem / Saddam Hussein

A controversa mensagem final de Saddam Hussein

Executado em 30 de dezembro de 2006, há exatos 17 anos, tirano iraquiano escreveu carta com polêmica mensagem ao povo iraquiano: "Ó povo fiel"

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 17/12/2023, às 08h00 - Atualizado em 28/12/2023, às 11h18

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O ditador iraquiano Saddam Hussein - Getty Images
O ditador iraquiano Saddam Hussein - Getty Images

Tirano sanguinário, a ditadura de Saddam Hussein começou a sucumbir em 20 de março de 2003, quando os Estados Unidos iniciou uma campanha de bombardeamento aéreo contra o Iraque. O ataque, apoiado pelo Reino Unido e outras nações aliadas, acabou atingindo Bagdá e as principais cidades do país. 

Saddam Hussein acabou capturado meses depois, em 13 de dezembro daquele ano. Sua execução, porém, só aconteceu três anos depois, em 30 de dezembro de 2006, quando o ditador iraquiano foi enforcado há exatos 17 anos. Mas, quais foram suas últimas palavras?

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Fotografia de Saddam Hussein/ Crédito: Getty Images

Mensagem final 

Dois dias antes da execução de Saddam Hussein, uma carta manuscrita do déspota iraquiano foi divulgada, em 28 de dezembro, conforme recorda o The Guardian. Nela, o tirano instou os iraquianos a se unirem contra os Estados Unidos e o Irã, além de tentar se desenhar como mártir. 

"Os inimigos do seu país, os invasores e os persas viram em sua unidade uma barreira entre vocês e aqueles que agora os estão dominando. Portanto, eles abriram sua odiada barreira entre vocês", disse na missiva divulgada pelo seu advogado.

Ó povo fiel, despeço-me de vocês enquanto minha alma vai para Deus, o compassivo", continuou. "Viva o Iraque. Viva o Iraque. Viva a Palestina. Viva a jihad e os Mujahidin. Deus é o maior."

Dias antes da divulgação da carta, o mais alto tribunal iraquiano havia rejeitado o recurso de Saddam Hussein contra sua sentença de morte pelo assassinato em massa de muçulmanos xiitas em 1982. 

Embora a missiva tenha sido divulgada horas antes da sua execução, acredita-se que a nota foi escrita por Saddam em novembro, quando sua condenação foi definida — no entanto, a divulgação foi adiada enquanto se esperava uma resposta de seu apelo pelas autoridades dos EUA. 

Saddam Hussein após ser capturado/ Crédito: Getty Images

Apesar de todo sangue que derramou, Hussein se desenhou na mensagem como um potencial mártir de seu país: "Aqui me ofereço em sacrifício. Se Deus todo-poderoso desejar, [minha alma] me levará para onde Ele ordenar que eu esteja com os mártires". 

Se minha alma for por esse caminho [do martírio], ela vai encarar Deus com sinceridade", prosseguiu. 

Por fim, Saddam Hussein ainda pediu para que seu povo preservasse seus valores que lhes permitiam ser dignos da fé e de serem luz da civilização. "Oh, bravos e piedosos iraquianos na heroica resistência. Ó, filhos da nação, dirijam sua inimizade contra os invasores. Não deixem que eles os dividam. Vida longa à jihad e aos mujahideen [a guerra santa e seus combatentes] contra os invasores". 

À época, um grupo de apoiadores de Saddam ameaçaram retaliação caso o líder fosse executado. A declaração apareceu em um site conhecido por representar o partido Ba'ath iraquiano, dissolvido à força pelos EUA em 2003. "O Ba'ath e a resistência estão determinados a retaliar, com todos os meios e em qualquer lugar, para prejudicar a América e os seus interesses se cometer este crime", disseram sobre a execução planejada. 

A execução

A execução de Saddam Hussein, em 30 de dezembro de 2016, há 17 anos, foi acompanhada de perto por Muafak al-Rubaie, ex-conselheiro de segurança nacional do Iraque, que relatou os últimos momentos do tirano em vida. "Tinha um aspecto normal e estava relaxado. Não vi nenhum sinal de medo". 

Claro que alguns gostariam que eu dissesse que desmaiou ou que estava drogado, mas esta é a verdade histórica. [...] Era um criminoso? Era. Um assassino? Certo. Um carniceiro? Certo. Mas foi forte até o fim [...] Não ouvi um pingo de arrependimento de sua parte, não o ouvi implorar misericórdia a Deus, ou pedir perdão", prosseguiu. 

Muafak ainda descreveu que, após sua captura, Saddam Hussein "estava algemado e segurava um Alcorão".

Saddam Hussein momentos antes de ser executado/ Crédito: Getty Images

"Eu o levei à sala do juiz, que leu a lista dos crimes pelos quais era acusado enquanto Saddam repetia 'Morte aos Estados Unidos! Morte a Israel! (...) Morte ao mago persa!", lembrou.

Antes da alavanca ser acionada, para enforcar Saddam, o ex-presidente iraquiano passou a recitar o testamento da fé muçulmana. Segundo o ex-conselheiro de segurança nacional, a alavanca não funcionou da primeira vez, só sendo ativada quando outra pessoa a moveu pela segunda vez.