Imagem meramente ilustrativa de morcego - Getty Images
Segunda Guerra

Durante a Segunda Guerra, morcegos brasileiros eram testados como bombas incendiárias

Lançados de bombardeiros pelos Estados Unidos, os animais incinerariam prédios por todo o Japão

Thiago Lincolins Publicado em 02/09/2019, às 07h00 - Atualizado em 25/02/2022, às 15h40

O nome da espécie é Tadarida brasiliensis, e não é preciso saber latim para se entender de onde vem. Por aqui, ele não tem nome próprio: é só chamado de morcego ou morceguinho. Três coisas o tornam especial: 1) é o animal mais rápido do mundo a se locomover por seus próprios meios, fazendo 160 km/h; 2) tem o rabo solto, não fazendo parte das asas; 3) gosta de se esconder em telhados.

Na batalha contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, alguém ligou os pontos e viu aí uma oportunidade.

Crédito: Wikimedia Commons

 

Projeto bomba

O estranho plano foi criado por um dentista da Pensilvânia chamado Lytle S. Adams. O chamado Projeto X-Ray foi enviado à Casa Branca em janeiro de 1942 e não demorou muito para que fosse aprovado pelo ex-presidente Franklin D. Roosevelt.

Adams notou que as estruturas japonesas eram construídas com papel, bambu e outros materiais altamente inflamáveis. Logo, seria fácil incendiá-las. Seu plano era lançar um enorme invólucro em forma de bomba com mais de mil compartimentos, onde cada um teria um Tadarida brasiliensis, com uma pequena carga incendiária, ativada por tempo, amarrada em sua cauda.

Quando a grande bomba fosse lançada, os morcegos seriam soltos antes que atingissem o solo. E buscariam abrigo nos edifícios japoneses. Então os temporizadores disparariam a carga incendiária — ainda presa ao rabo dos coitados. Queimando vivos os morcegos e, se tudo desse certo, os japoneses também.

Desastre voador

Testes foram realizados em Dugway Proving Ground, uma antiga instalação do exército dos EUA criada em 1942 para testar armas biológicas e químicas. No local, um modelo que simulava uma aldeia japonesa foi parcialmente destruído quando os morcegos entraram em ação.

No entanto, outros foram um fiasco total, como o que aconteceu no aeródromo de Carlsbad, no Novo México, Estados Unidos. Os animais fugiram com as bombas, pousaram em cima de um tanque de combustível e terminaram por incendiar toda a base aérea auxiliar.

Em 1944, Ernest J. King, almirante da frota dos EUA, cancelou o projeto. Não por ineficiência, crueldade ou por ser comicamente insano. Mas porque agora eles tinham algo mais hi-tech no lugar: a ultrassecreta bomba atômica que, de fato, transformaria Hiroshima numa lareira a céu aberto. Os morcegos, ao menos, seriam poupados.

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