Napoleão Bonaparte proibiu cannabis porque seus soldados estavam chapados?

Em meados de 1800, o haxixe, droga de efeito entorpecente preparada a partir das flores de cânhamo (cujo nome científico é Cannabis sativa), foi banido na França, naquela que é considerada por muitos como a primeira lei de proibição de drogas do mundo moderno. 

Conforme repercutido pelo portal High Times, a lenda é que Napoleão Bonaparte proibiu a cannabis pois os soldados das tropas francesas estavam ficando "muito chapados" e isso dificultava suas habilidades no campo de batalha. 

Porém, segundo explicado pelo pesquisador Ryan Stoa em um artigo intitulado "Uma Breve História Global da Guerra contra a Canábis", o motivo por trás do banimento do haxixe foi outro. 

Na verdade, o banimento partiu de Jacques-François Menou, um general de Napoleão, que era casado com uma jovem pertencente à elite islâmica de vertente sunita. Entre as pessoas deste grupo social, o haxixe era "associado aos místicos sufis", e, por isso, alvo de desprezo. Assim, a medida tomada por Menou serviu para melhorar sua imagem frente aos sogros. 

Além disso, o general acreditava que o cânhamo tinha um efeito prejudicial para seus usuários regulares: 

Aqueles que estão habituados a beber esta bebida e a fumar esta semente perdem a razão e caem num delírio violento, que muitas vezes os leva a cometer excessos de toda a espécie", afirmou ele no mandado em que realizou a proibição. 

Tentativas falhas 

Vale mencionar que o banimento da cannabis pelas autoridades francesas, no entanto, não impediu que sua população continuasse a usando, assim como ocorre hoje. 

A planta do cânhamo, aliás, também pode ser usada para a produção de cordas, velas e sacos, importantes para o funcionamento dos exércitos da época. Assim, um outro fato curioso relacionado a esse assunto é que, em 1807, Napoleão Bonaparte tentou impedir a Rússia de ter relações comerciais com a Grã-Bretanha, de quem comprava, entre outros produtos, cânhamo para ser usado desta forma por suas tropas. Alexandre I, porém, o czar da época, não acatou o imperador francês.