Imagem de uma tartaruga-gigante (Aldabrachelys gigantea) - Yulia Kolosova via Wikimedia Commons
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Após 600 anos, tartarugas-gigantes são reintroduzidas em Madagascar

Um projeto está reintroduzindo gradualmente as tartarugas-gigantes ao seu habitat natural em Madagascar, onde foram exterminadas por caçadores em 1500

Redação Publicado em 12/02/2024, às 16h29

Nos últimos seis anos, um projeto está trabalhando na reintegração de tartarugas-gigantes ao seu habitat natural, em Madagascar, pela primeira vez em 600 anos. O primeiro grupo dos Aldabra (Aldabrachelys gigantea), megaherbívoros de 350 quilos, foi transferido para as Ilhas Seychelles em 2018 e tem se reproduzido por conta própria desde então.

A tartaruga-gigante de Aldabra é a segunda maior espécie de tartaruga terrestre do mundo, sendo superada apenas pela tartaruga-gigante de Galápagos (Chelonoidis nigra). Com uma longevidade que pode chegar a 100 anos, esta espécie possui uma história fascinante, conforme repercutido pelo site da revista Galileu. 

Há 600 anos, todas as tartarugas-gigantes foram caçadas até a extinção em Madagascar. Logo, a reintrodução da tartaruga de Aldabra marca o retorno dessas espécies à ilha pela primeira vez desde 1500.

Esse animal é conhecido por sua natureza sociável, frequentemente se reunindo em grandes grupos para alimentação e descanso. Em sua primeira passagem pela região, eles desempenharam um papel crucial na preservação do equilíbrio ecológico, ao se alimentarem de frutos de diversas árvores e dispersarem as sementes por meio de seu esterco. 

Assim, as tartarugas-gigantes contribuíram para um processo conhecido como germinação dependente de megafauna, que favoreceu o crescimento de florestas, bosques, arbustos e pastagens variadas. Atualmente, grande parte desses habitats foi destruído pelas ações humanas, resultando em pastagens desprovidas de árvores nas áreas que antes eram habitadas pelos animais.

De volta ao lar

Em 2018, o especialista em tartarugas e biólogo de conservação de Madagascar, Miguel Pedrono, colaborou com o governo local para reintroduzir a tartaruga-gigante de Aldabra na Reserva Anjajavy, situada no noroeste de Madagascar.

Um grupo inicial de 12 tartarugas, cinco machos e sete fêmeas, foi introduzido na reserva e equipado com localizadores antes de ser solto. A reintrodução das tartarugas ocorreu de forma mais tranquila do que o esperado. No ano, dois filhotes nasceram, e ao longo dos cinco anos subsequentes, outras 152 tartarugas vieram ao mundo.

Logo após o nascimento, os filhotes de tartaruga são transferidos para um berçário em Anjajavy e serão reintegrados à natureza assim que suas carapaças estiverem desenvolvidas para protegê-los de predadores, como gatos selvagens, cães, ratos, aves de rapina e a fossa (ou fosa, Cryptoprocta ferox), o maior carnívoro endêmico de Madagascar.

Enquanto isso, as tartarugas juvenis estão sendo criadas em um ambiente que simula condições naturais, para desenvolver as habilidades de forrageamento necessárias para sobrevivência. Por meio da reprodução natural, o objetivo deste projeto é alcançar uma população de 500 tartarugas-gigantes selvagens na Reserva Anjajavy até 2030 e cerca de 2.000 até 2040.

Importância ambiental

Pesquisas recentes revelam que uma parte significativa de Madagascar é anualmente queimada pelos habitantes para criar pastagens destinadas ao gado. Em outras regiões, bosques e florestas são desmatados e o solo é queimado para abrir espaço para plantações. 

Os estudos também indicam que a reintrodução da tartaruga-gigante de Aldabra pode ajudar a diminuir esses incêndios no futuro, pois elas contribuem para a limitação do fogo ao se alimentarem de grama ou folhas secas no chão da floresta, reduzindo a quantidade de material inflamável disponível.

Outro problema dos últimos 600 anos é que, sem a assistência das tartarugas na germinação das sementes, as árvores endêmicas não puderam se reproduzir tão eficientemente.

Assim, a reintrodução das tartarugas irá acelerar o crescimento das florestas e bosques. Análises das ilhas Rodrigues e Île aux Aigrettes, em Maurício, apontaram que as florestas de ébano voltaram a prosperar com a volta das tartarugas-gigantes.

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