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Tecnologia

Seres humanos poderiam se tornar imortais em 2045?

Criada por Dmitry Itskov, um bilionário russo, a Iniciativa 2045 pretende alcançar a imortalidade de uma maneira insólita

Vinícius Buono Publicado em 01/08/2019, às 08h00

O autor brasileiro Paulo Coelho escreveu, certa vez, que o ser humano é a única criatura na natureza que tem plena consciência que vai morrer. Mas e se até isso pudesse ser modificado?

É o objetivo do bilionário russo Dmitry Itskov. Em 2011, ele criou a Iniciativa 2045, ano em que ele acredita que o inimigo final será vencido.

A problemática da morte foi recorrente ao longo de toda a história humana. Cercada de medo e mistério, as únicas coisas sabidas sobre ela são as que mais assustam: além de certa, é definitiva. Através de sua iniciativa, a arma de Itskov para vencer a morte é a tecnologia, através da fusão entre humanos e máquinas.

Para isso, ele recrutou diversos cientistas de alto nível de áreas como, dentre outras, robótica, inteligência artificial e nanotecnologia. A imortalidade, para o russo, é só questão de tempo. Ele considera seu sucesso inevitável. Talvez como a própria morte.

Acusado de ser obcecado, Itskov defende justamente o contrário: sua obsessão é com a vida. Em face dos inúmeros problemas que a humanidade enfrenta, tanto os antigos, como a fome, quanto os novos, como as mudanças climáticas, uma sociedade de humanos-robôs livres das amarras do espaço-tempo, teria muito mais plenitude para realizar seu potencial criativo, baseada em valores como espiritualidade, cultura, ciência, ética e tecnologia.

Para chegar a esse ponto, a Iniciativa, fundada em 2011, se alicerça em quatro pilares, ou passos: primeiro, é necessário iventar robôs controlados à distância pelo cérebro humano. Naturalmente, o próximo passo envolve avatares robóticos controlados pela massa cinzenta já neles transplantadas.

A invenção de um cérebro artificial que pudesse ter uma personalidade implantada, decodificada matematicamente a partir do órgão real de qualquer pessoa, seria a terceira etapa.

O último passo, o golpe de misericórida da vida, considera a existência de andróides com personalidades humanas completas, além de padrões de pensamento, ação e emoção retirados daquele que se dispõe a viver para sempre. Hologramas e/ou nanotecnologia seriam os responsáveis pela forma física, que poderia mudar de acordo com a vontade do dono do corpo em questão.

A Iniciativa 2045 vem, obviamente, enfrentando críticas desde sua incipiência, em 2011. A mais óbvia ataca os conceitos científicos, até então puramente especulativos e imaginários. Esse, porém, pode ser o menor dos problemas.

Cientistas norte-americanos estão trabalhando num pequeno helicóptero que pode ser controlado pelas ondas cerebrais, algo previsto para 2020. Se o cronograma for seguido, esse problema pode ser resolvido mais rápido do que se imagina.

No entanto, dificuldades ainda podem aparecer em outros campos: por falta de evidências, a ideia de que o cérebro seria um supercomputador,está sendo cada vez mais refutada por cientistas. Isso dificultaria a decodificação de fatores como a personalidade, por exemplo. Há, também, divergências filosóficas. Caso dê certo, o que Itskov está fazendo é, de fato, imortalidade ou apenas uma clonagem muito bem elaborada? 

As religiões, ao longo de toda a história e espalhadas por diferentes partes do mundo, também lidaram à sua maneira com a vida pós a morte, geralmente em outros planos ou reinos, seria o próximo passo natural em muitos desses dogmas.

Se estiverem corretos, os imortais da Iniciativa poderiam ficar presos eternamente ao fardo da vida, enquanto os outros apenas seguem o percurso preestabelecido rumo à eternidade.

Ainda assim, Itskov quer — e acredita que vai — desenvolver a alternativa, mesmo que isso custe a única certeza da vida.

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