Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra - Reprodução/Dida Sampaio
Carlos Brilhante Ustra

Funcionário usa camiseta em homenagem a Ustra e acaba demitido

Segundo o Tribunal Regional do Trabalho de Minas, o trabalhador “atentou contra a ordem democrática”, ao usar a camisa em homenagem ao torturador

Redação Publicado em 03/04/2024, às 16h52

A Justiça do Trabalho de Minas Gerais confirmou a demissão por justa causa de um funcionário de um hospital privado que vestiu uma camisa com a imagem do coronel Carlos Brilhante Ustra e a frase "Ustra Vive" enquanto estava no local de trabalho.

A 1º Turma do TRT-MG (Tribunal Regional do Trabalho de Minas) decidiu de forma unânime que o trabalhador realizou apologia à tortura e à figura do torturador, ao usar a camisa estampada com o rosto de Ustra durante o expediente de trabalho em um hospital de Belo Horizonte, em dezembro de 2022. 

Conforme repercutido pelo UOL, o Tribunal estipulou que o funcionário cometeu uma “falta grave”, justificando a demissão. A Corte também ressaltou que o comportamento do trabalhador é definido como "ato de insubordinação que atentou contra a ordem democrática, uma vez que atingiu potencialmente toda a coletividade e o Estado Democrático de Direito".

A relatora do caso também destacou que a vontade do funcionário de usar roupas com apologia a um torturador não prevalece sobre o interesse público.

"A análise feita no caso concreto nos leva à inequívoca conclusão de que o ato praticado pela parte reclamante é capaz de atingir outras pessoas e prejudicá-las, notadamente porque atenta contra a sociedade e contra o Estado Democrático de Direito", afirmou a desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini, apoiada pelo Tribunal.

Justa causa

O trabalhador recorreu à Justiça para reverter a demissão por justa causa e ganhou o caso na 27ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. Em primeira instância, ele argumentou que não usou a camiseta com propósitos de propaganda política.

No entanto, o hospital contestou a decisão, ressaltando que o funcionário foi informado, ao assinar o contrato, sobre a proibição de propaganda política, religiosa ou uso uniformes de futebol no ambiente de trabalho.

Ustra foi o primeiro militar a ser oficialmente reconhecido pela Justiça brasileira como torturador durante o período da ditadura. O coronel liderou o DOI-Codi (Destacamento de Operações Internas) de São Paulo de 1970 a 1974.

camiseta Ditadura militar homenagem demissão justa causa Carlos Brilhante Ustra

Leia também

França: ex-ministro é indiciado por tentativa de estupro


Estaleiro onde Titanic foi construído poderá ser fechado após mais de 160 anos


Fotógrafo flagra maior tatu do mundo na Serra da Canastra, em Minas Gerais


Colônia de Roanoke: Arqueólogos lançam nova luz sobre a misteriosa história


Funcionário de aeroporto na Indonésia despenca de escada de desembarque


Holandesa de 29 anos consegue direito a eutanásia por sofrimento mental