Imagem do interior do cemitério de gatos em Santa Catarina - Reprodução/Vídeo/YouTube
Curiosidades

A curiosa história por trás do cemitério de gatos em Santa Catarina

Acredita-se que Edith Gaertner possa ter enterrado 50 gatos, embora existam somente 9 lápides

Éric Moreira Publicado em 21/05/2023, às 09h00 - Atualizado em 03/01/2024, às 15h23

O Brasil é inegavelmente um país muito vasto, de proporções continentais. E por isso, mesmo que sua existência não seja tão longa quanto a de alguns países europeus, tendo pouco mais de 500 anos, ainda é possível que aqui existam muitas histórias diferentes a serem contadas, de lugares distintos.

Uma história intrigante é a que existe por trás de um curioso cemitério de gatos localizado na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. E um passeio pelo local permite não só ver as intrigantes lápides de felinos, como também conhecer um pouco sobre sua dona: Edith Gaertner, uma ex-atriz que viveu uma bombada fama e também uma forte reclusão. 

Edith Gaertner

Descendente direta de Dr. Hermann Blumenau, fundador da cidade, Edith Gaertner nasceu em 1882. Era a filha caçula — de um total de oito irmãos — do cônsul da Alemanha e a da fundadora do teatro da cidade.

Quando tinha 20 anos, depois que seus pais faleceram, ela decidiu sair sozinha do Brasil, e arriscar uma nova vida no exterior. No Uruguai, chegou a trabalhar como governanta de uma família, mas foi só na Argentina que conseguiu começar a correr atrás de seu maior sonho da vida: ser atriz.

"Foi lá que conheceu Elenora Duse, uma atriz alemã, que foi sua musa inspiradora", disse a professora Sueli Petry, então diretora do Patrimônio Histórico de Blumenau, como informado pelo g1 em 2015.

Tempos de ouro

Eventualmente, viajou até a Europa, onde viveu seus anos de ouro. Na época, viajou pelas cidades mais famosas do Velho Continente, apresentando icônicas peças clássicas em alguns dos teatros mais famosos. De acordo com historiadores, a crítica a recebia com muitos elogios, sendo sempre sua dicção e "mímica" muito bem elogiados.

Como se sabe, o pós-Primeira Guerra Mundial foi cruel com a Alemanha, levando muitas dificuldades para população. Assim, em 1924, quando recebeu uma informação de que seus dois irmãos ainda solteiros estavam muito doentes, não foi difícil para Edith abandonar a carreira e voltar ao Brasil.

Reclusão

Quando voltou para Blumenau, Gaertner retornou para a casa de sua família, onde hoje fica o Museu da Família Colonial e o horto. Quando tinha pouco mais de 40 anos, passou por uma grande mudança em sua vida, deixando de ter aquela vida agitada pela qual era conhecida:

Solteira, Edith nunca teve filhos. Não trabalhou mais com teatro, vivia enclausurada. Para passar o tempo tinha gatos, e toda a parte afetiva era para eles. Tinha seis, sete gatos de uma vez só, e à medida que os gatos foram morrendo, ela os enterrava nos fundos da casa", explicou Sueli.
Imagem antiga de Edith Gaertner segurando um gato / Crédito: Reprodução/Vídeo/YouTube

 

Rituais

A professora garante, também, que pelo menos 50 gatos foram enterrados na propriedade, embora somente nove lápides existam no local. Além disso, a pesquisadora também afirma que "ela fazia uma ritualística no enterro desses gatos", demonstrando que aquilo era muito importante para ela.

Enquanto viva, Edith doou aquele terreno onde enterrava os bichanos à prefeitura, que transformou o imóvel em um museu, depois de sua morte. "Em respeito a Edith, foi mantido o cemitério de gatos. Foi Ferreira da Silva quem colocou as lápides com os nomezinhos deles", disse Sueli.

Brasil História curiosidades Gatos Santa Catarina cemitério matérias Blumenau Edith Gaertnet

Leia também

O trágico sequestro do filho de Charles Lindbergh, o 1º aviador transatlântico


Charles Esler: O homem que passou 50 anos hospitalizado sem estar doente


O Regate do Soldado Ryan: A comovente história dos irmãos que inspirou o filme


Bodkin: Novo mistério da Netflix é inspirado em história real?


A cidade montanhosa onde os cadáveres continuam mumificando


Bebê Rena: As revelações sobre a ‘Martha’ da vida real