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Matérias / Sequestro

O trágico sequestro do filho de Charles Lindbergh, o 1º aviador transatlântico

Em março de 1932, o filho do primeiro aviador desapareceu de seu berço e deu início a uma vasta investigação comovente que terminou em tragédia há 92 anos

Montagem ilustra o aviador Charles Lindbergh e seu filho em anúncio de desaparecimento - National Postal Museum / Federal Bureal of Investigation
Montagem ilustra o aviador Charles Lindbergh e seu filho em anúncio de desaparecimento - National Postal Museum / Federal Bureal of Investigation

Em 1º de março de 1932, a tranquila noite na residência dos Lindbergh, no distrito de Hopewell, em New Jersey, foi interrompida por um evento que chocou os Estados Unidos e o mundo.

Charles Lindbergh Jr., filho do famoso aviadorCharles Lindbergh e de sua esposa Anne Morrow, desapareceu misteriosamente de seu berço, desencadeando uma extensa investigação que mobilizou autoridades locais e federais.

Charles vivia uma grande fase após concluir um dos feitos mais impressionantes da aviação para a época, sendo o primeiro homem a cruzar o Oceano Atlântico sozinho e sem escalas — partindo dos Estados Unidos até a França, num voo de 33 horas. Projetado nacionalmente, chamou atenção de criminosos que decidiram vitimar seu filho recém-nascido com o rapto.

O aviador Charles Lindbergh - Domínio público

Tudo começou por volta das 20h, quando a enfermeira Betty Gow colocou o bebê para dormir. Horas depois, por volta das 21h30, Anne Morrow ouviu um som estranho enquanto tomava banho, enquanto Charles Lindbergh ouviu o que pensou ser o barulho de um caixote de laranjas caindo na cozinha.

Às 22 horas, ao retornar ao quarto, a enfermeira descobriu que o bebê havia desaparecido, deixando para trás apenas um envelope branco contendo instruções para o pagamento de um resgate de 50 mil dólares.

A polícia local foi acionada imediatamente e uma investigação conjunta com o FBI foi iniciada. No entanto, a presença de curiosos e da imprensa na cena do crime dificultou o trabalho dos investigadores, como trilhou o portal do FBI.

Informações desconexas

A ausência de rastros chamou atenção dos investigadores que, sem pistas concretas, recorriam a quem pudesse oferecer ajuda para descobrir o paradeiro da criança. A única pista que ficou para trás foi uma escada deixada pelo sequestrador na janela, com um degrau quebrado, mas o grande número de digitais presentes no objeto impossibilitou identificar um culpado.

Seis dias angustiantes se passaram desde o sequestro do pequeno Charles Lindbergh Jr., e a tensão só aumentava à medida que novas reviravoltas surgiam no caso que mantinha a nação em suspense. O aviador, então, recebia uma segunda nota, aumentando 20 mil dólares pelo resgate, agora na marca de 70 mil dólares. Incerto da autoria e paradeiro do filho, Charles também recorre a ajuda externa.

Fotografia de Charles Jr. no quintal da residência que foi sequestrado - Federal Bureau of Investigation

Neste momento, o professor John F. Condon, uma figura conhecida no bairro do Bronx, se oferece como intermediário, colocando mil dólares a mais no resgate como incentivo para a devolução segura da criança a um padre católico. Lindbergh aprova e Condon passa a trocar cartas com os sequestradores, negociando o retorno da criança.

A confirmação de que não estavam blefando surgiu na sétima carta, que veio acompanhada do pijama da criança quando visto pela última vez. Na carta seguinte, ainda detalhavam que o sequestro era planejado há quase um ano. A troca de cartas prosseguiu com códigos em jornais, ajustes dos valores e até mesmo instruções falsas para encontrar a criança num parque em Massachusetts.

Fim trágico

De acordo com o portal Popular Mechanics, passaram-se dois meses de negociação quando o caso ganhou uma virada; em 12 de maio daquele ano, há 92 anos, o corpo de um bebê, descrito como "parcialmente enterrado e gravemente decomposto" pelo FBI, foi avistado por dois caminhoneiros na beira de uma rodovia, justamente a 6,5 quilômetros da residência do aviador.

Com a cabeça esmagada e com membros faltantes, a polícia concluiu não apenas que tratava-se de Charles Jr., como o chefe de polícia local descreveu que os ferimentos indicavam o "propósito de causar morte instantânea".

O caso deixava de ser tratado como rapto e passava a ser classificado como assassinato, em uma investigação que perdurou por mais dois anos e envolveu diversos nomes, incluindo o de Violet Sharpe, a empregada da sogra do aviador, que tirou a própria vida quando estava prestes à ser interrogada.

Retrato de homem descrito pro Condor em troca de cartas (esq.) em montagem com fotografia de Bruno Richard (dir.) - Divulgação / FBI

Contudo, a primeira resolução segura se deu quando o FBI conseguiu trilhar o número de série das notas cedidas aos sequestradores durante a investigação. Em agosto de 1934, um funcionário do Federal Reserve Bank notou compatibilidade em uma transação, fazendo questão de anotar a placa do carro do cliente, levando ao nome de Bruno Richard Hauptmann.

Ao localizar sua residência, não apenas deram de cara com um homem que chegou a ter características idênticas descritas pelo negociador John F. Condon, como manuscritos encontrados em sua casa apontava compatibilidade com a caligrafia das cartas trocadas. O ponto que mais chamou atenção foram outros títulos de resgate que também apresentaram compatibilidade com o valor destinado ao resgate.

Mesmo sem provas diretas de que Bruno teria assassinado o garoto, a extensa investigação, que perdurou por mais alguns meses, avaliou que o crime de homicídio deveria ser "estabelecido por provas circunstanciais", condenando Bruno à morte na cadeira elétrica em 3 de abril de 1936.